3 de novembro de 2011

Referendo na Grécia: Campanha vigorosa a explicar as vantagens do SIM e os horrores do NÃO (Parte 2)

Caros leitores e leitoras, O Sr. Papandreou é um grande maroto, alguém que gosta muito de brincar com o fogo e que por isso não merece a confiança dos cidadãos gregos.

Escrevemos na terça-feira, quando se soube do referendo, o seguinte:
"...renegam tudo o que disseram e fizeram no passado recente e subitamente dá-lhes um ataque de acção democrática? É esquisito."

Realmente era muito esquisito. A democracia não é para defender às terças e renegar às quintas!
Caso se confirme que o Sr. Papandreou retira o referendo, isso prova que o próprio referendo era meramente um instrumento, um mecanismo que serviria propósitos e intentos do Sr. Papandreou que nós desconhecemos. Mas uma coisa sabemos: o referendo não era para servir
 a democracia. 
E se o Sr. Papandreou acreditava tanto na força democrática do referendo, só teria que se demitir caso alguém lhe obstruísse o cumprimento desse desígnio, mas pelos vistos continua no cargo. Foi tudo bluff, e assim se chega à triste conclusão de que quem deu a democracia com uma mão pode muito bem tirá-la com a outra!

Mas há mais, porque este golpe "democrático" nunca passaria impune pela burocratocracia europeia, e assim, as chamadas lideranças europeias, também elas profundamente alérgicas em dar a palavra ao povo, estiveram ontem à tarde a demover o Sr. Papandreou deste súbito ataque.
Paralelamente, alguns deputados e ministros gregos mostraram-se contra a realização do referendo, mas desconhecemos os seus motivos. O bluff ficou sem pernas para andar.
O jogo mafioso do sr. Papandreou desta vez não teve sucesso porque beliscava interesses dum jogo muito maior e muito mais poderoso que se chama União Europeia.

A perpetuação no poder destes personagens é um horror para a democracia, para o capitalismo e para a própria liberdade dos cidadãos europeus. O melhor mesmo é iniciarem o plano de desconstrução da UE, porque apesar da ideia ser inspiradora, a sua aplicação é de fugir. No passado, muitos outros regimes/impérios começaram também com ideias inspiradoras, mas acabaram nas mãos de tiranos.

Reiteramos a afirmação que já várias vezes fizemos no passado: a união europeia, sem os líderes se aperceberem, está a tornar-se numa plutocracia que exige aos governos da cada país que sejam cleptocráticos com o seu povo.

Há pelo menos uma consequência positiva nesta anulação do referendo: desaparecerá da imprensa a demagogia e a intimidação dos líderes europeus sobre o sentido de voto no referendo.
E ainda bem, porque seria insuportável assistir a um mês inteiro de tretas, insinuações, tergiversações, ameaças, etc.

Terminamos por aqui este ex-futuro ciclo de posts sobre as peripécias do referendo grego.



Tiago Mestre

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