Caros leitores e leitoras, a 9 de Novembro colocámos um post a referir que era nossa convicção de que a Alemanha preferiria sair do euro em vez de expulsar os restantes membros da moeda única. Contudo a Reuters avançava uma notícia diferente: de que a Alemanha e a França estariam em segredo a negociar uma expulsão forçada dos países mais "fracos", contrariando a nossa convicção.
Demos a mão à palmatória porque acreditámos que a notícia era verdadeira. Mas já passou mais de uma semana e não encontrámos indícios adicionais de que tal cenário era plausível, o que nos leva à conclusão de que a notícia foi efémera ou até mesmo uma "plantação" de notícia.
A ser verdade esta versão dos factos, continuamos confiantes de que a solução que a Alemanha tomará será a da sua saída unilateral, e os recentes desenvolvimentos reforçam a nossa convicção, a saber:
1. Os juros de países como a França, Áustria, Itália, Espanha e Bélgica subiram para valores nunca antes vistos, isolando-os cada vez mais do núcleo seguro que constitui os países credíveis da União Europeia
2. Os juros do Mecanismo de Estabilização EFSF também atingiram novos recordes, reflectindo a desconfiança dos investidores e tornando-o um mecanismo de endividamento pouco interessante para a própria União Europeia.
3. O Banco Central Europeu está a ser "assediado" por toda a gente para que inicie o descontrolo monetário, imprimindo dinheiro para pagar dívidas de países sem acautelar o seu balanço e destruindo paulatinamente a credibilidade da moeda euro.
A Alemanha não conseguirá inverter esta situação porque são os próprios mercados já em desespero a boicotar compras de obrigações à espera que o BCE intervenha. A liquidez eclipsará dos mercados de obrigações e o BCE ficará cada vez mais entre a espada e a parede.
No momento que este inicie a impressão de moeda de forma descontrolada para salvar os países e pedir à Alemanha para o recapitalizar (senão a falência do BCE é inevitável, como tantas vezes escrevemos aqui no Contas) a Alemanha dirá basta, retomará o marco alemão e deixará o euro à sua sorte. A França também não quererá manter-se no euro sem a robustez da Alemanha e a moeda ficará sem credibilidade. É o adeus ao projecto euro.
Tiago Mestre
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