Caros leitores e leitoras, a Comissão Europeia anunciou hoje um conjunto de medidas para restringir a liberdade de acção das agências de notação financeira.
Esta decisão, segundo a comissão, baseia-se no pressuposto de que a queda dos ratings das dívidas de alguns países agravou a sua crise de dívida, arrastando-os ainda mais para uma espiral de dificuldades.
Ora, este pressuposto é típico de gente que não quer reconhecer os erros cometidos e prefere arranjar um bode expiatório em quem pode descarregar as culpas. É verdade que as agências de rating aceleraram a espiral de dificuldades, mas essa é uma consequência inevitável das suas acções. Sendo instituições credíveis (que nem sempre o são), os investidores baseiam-se nas suas avaliações para decidir onde investir o seu dinheiro.
E no que respeita aos países europeus, é mais do que merecida a descida de rating. Foram os políticos, alguns deles agora nas instituições em Bruxelas, que ajudaram os seus países a tornarem-se totalmente insolventes. Não nos esqueçamos que:
1. Os países do euro violaram sistematicamente o Plano de Estabilidade e Crescimento durante a década que passou;
2. As despesas sociais foram sempre crescendo sem atender à respectiva cabimentação;
3. Os orçamentos públicos foram sucessivamente "estropiados" com a externalização de despesas e dívidas: a chamada desorçamentação;
3. No final de 2008 a Comissão Europeia, pela mão de Durão Barroso, sugeriu aos governos que se endividassem sem precedentes para tentarem sair da recessão o mais brevemente possível.
Foram cometidos erros monstruosos, uns atrás dos outros. Pena é que as agências de rating não tenham percebido antes da farsa que estava a acontecer. Chegaram tarde à festa e quiseram dar um grande impacto.
E agora temos uns tecnocratas não eleitos em Bruxelas a pedir que a liberdade de acção das mesmas seja restringida, certamente na tentativa de abafar os erros que a classe política tem feito durante todos estes anos. Chegou-se ao ponto de sugerirem uma suspensão temporária da notação de um país, caso esta ameaçasse a estabilidade do sistema financeiro da União Europeia ! Uma clausula destas daria a maior das liberdades aos líderes políticos.
A manipulação parece não ter limites na Europa, e quanto mais a classe política for criando estas regras para enganar os investidores, mais estes desconfiam das suas intenções. Os vigilantes das obrigações atacaram hoje a Espanha, a Itália, a França, a Aústria e a Bélgica. Ui, e como nós os compreendemos: quanto mais os enganamos, mais eles se vingam. " Não é com vinagre que se apanham moscas. "
A manipulação paga-se cara, mas há quem insista em repetir os mesmos erros até à naúsea.
Tiago Mestre
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