Com a evolução orçamental do Estado a afastar-se da meta dos 4,5% do PIB para 2012, paroximando-se antes para os 6% do PIB, a troika será confrontada com vários dilemas para resolver:
Primeiro:
O cumprimento dos 4,5% do PIB exigiria mais cortes na função pública e/ou a supressão de parte do subsídio de férias, tal como ocorreu no ano passado. Infelizmente tudo isto será insuficiente, e caso implementem medidas deste género, o povo retrairá ainda mais o seu consumo, reduzindo ainda mais o PIB, e colocando demasiada pressão no denominador da fórmula:
Défice = (Receitas - Despesas) / PIB
Acreditamos que haverá um relaxamento das metas, porque simplesmente a troika não quererá ainda mais recessão para tentar atingir um objetivo que parece uma quimera.
Boa sorte para a troika.
Segundo:
Este relaxamento fará com que o défice rondará os 6%, criando muita mais pressão para 2013.
A somar a este falhanço, podemos garantir que as receitas em 2013 estarão, pelo menos, 3 mil milhões de euros abaixo do que se previa, porque se tal ocorreu em 2011, não há nenhum indicador que nos diga que esse valor será corrigido em 2013.
E para apimentar a discussão, o Tribunal Constitucional deliberou que para o ano não haverá poupanças nos salários públicos, retirando ao governo mais 2 mil milhões de euros de gestão para o cumprimento do défice.
Tudo somado, temos um buraco de 5 mil milhões de euros para 2013, quando faltam 4 meses para terminar 2012.
E se o défice ficar pelos 6% do PIB, o que equivale a 10 mil milhões de euros de prejuízo, então a redução para 3% do PIB que está inscrita para 2013 obrigará ao corte, em 2013, de 5 MIL MILHÕES DE EUROS.
OU SEJA,
Se o TC não tivesse barrado o corte dos subsídios, e se a economia não caísse como caiu, Vitor Gaspar e Passos Coelho estavam descansados para 2013.
Infelizmente basearam-se em presunções inconstitucionais e irrealistas.
Sugeríamos aos 2 ministros que lessem o que se escreveu neste blog durante meses:
A queda das despesas do Estado promove a recessão na economia,e tal fenómeno perpetua-se até que as receitas e as despesas públicas "batam" nos 50 mil milhões de euros, acreditamos nós.
Tal fatalidade obrigará ao corte de 30 mil milhões na despesa pública, e só assim conseguiremos um DÉFICE ZERO sustentável.
Tudo o que seja menos ambicioso do que isto, e que nao se realize no menor espaço de tempo, resultarà em desilusões e fracassos permanentes, queimando tudo e todos à sua passagem.
Tiago Mestre
Tiago Mestre
7 comentários:
Tiago pensas ser possível resolver o problema com a constituição que temos?
Como explicar aos eleitores (de esquerda ou direita) que os beneficios que gozaram até agora tem de ser cancelados?
Pelo que leio nos Blogs, a maioria acha que é possível manter o estado social tal como está, e que este não é uma das causas da crise.
Filipe, a constituiçao é hoje um impecilho para quem quer governar seriamente.
Colocar as contas em dia e obter défices zero é hoje uma quase impossibilidade.
Temos que nos aguentar à bronca.
Acredito que sera a Constituiçao a perder, mais cedo ou mais tarde, porque uma Constituiçao demasiado ambiciosa como a nossa, sem compreender fundamentos basicos da nossa cultura, é tao so um bocado de papel que a prazo sera rasgado.
Foi feita quando o Estado era rico e tinha acumulado déecadas de boa gestao.
Agora? Nem comento..
Esta é uma das razoes que me leva a concluir que a troika nunca deveria ter entrado, na medida em que adiou o encontro com a nossa verdade por mais 3 anos.
Deveriamos ter ficado à nossa sorte com o dinheiro que tinhamos para gerir.
Sem dinheiro a pontapé, a constituicao nao passaria de um bocado de papel totalmente anacronico, e as mudanças, essas seriam a força.
so uma questao:
a sua solucao seria privatizar saude, educacao, cortar na justica e pelo meio reduzir salarios e erformas? é isso? concordo consigo que nao se pode gastar o que não se tem...mas o portugues comum nao consegue pagar seguro de saude, escola privada, comer e pagar despesas fixas!
O português típico não pode também porque o Estado leva grande fatia da riqueza nacional.
E os IMI vai no próximo ano aumentar em muito o esforço dos portugueses, principalmente os mais pobres(idosos com rendimentos baixos, mas com uma casa, terrenos,etc..)
Reduzir salário no público, bem como despedimentos, no sector privado isso deve ou não ser feito consoante a vontade dos intervenientes nesses mercados (não deve o Estado dizer qual o salário a pagar no privado)
O Português já paga hoje muito mais do que pode pelos serviços como educação, saúde e reformas.
Nas reformas, sendo um esquema ponzi, os que hoje pagam, não tem a certeza de receber a pensão no futuro, mas sabem que vão ter pensões muito mais baixas dos que hoje recebem, uma tranferencia de riqueza dos do presente para os do passado(os que fizeram o 25abril atribuíram a si benefícios que os de agora e do futuro não terão direito).
A justiça, a questão não é dinheiro, meter mais dinheiro num sistema que não funciona é pura estupidez, a realidade é que o sistema é uma merda, os grandes beneficiários são os politicos e os corruptos, ninguém vai preso.
A educação é imoral um individuo que hoje trabalha e não estudou e que tem baixos rendimentos ter de estar a financiar os estudos universitários a um outro cidadão que decidiu estudar, este ganha uma vantagem competitiva face a anterior e depois não é obrigado a devolver nada ao cidadão que lhe pagou os estudos.
É imoral um cidadão tenha de pagar um sistema de educação caríssimo para os resultados que apresenta, além de ter de pagar salários a pessoas que se fosse uma empresa privada já estariam no desemprego há muito. Basta ver quantos professores estão a ser pagos pelo Estado para não terem horário, andarem destacados a não sei fazer o que.
A saúde já hoje os pobres e remediados (grande maioria da população)pagam bastante (iva, imi, etc..) para serviços de baixa qualidade, geralmente são estes que tem de ir de madrugada para conseguir consulta, que não tem acesso a médico de família, para não falar das estatisticas de mortes derivadas a infecções contraídas nos hospitais, de erro médico grosseiro.
Todos estes problemas muitas vezes encobertos pelos médicos, estes protegem se muito uns aos outros, e em Portugal é complicado em Tribunal responsabilizar estes pelos erros que cometem, justiça muito cara.
Quem sai prejudicado?
OS com menos recursos.
Além que hoje maioria dos desempregados pode agradecer ao Estado a sua condição
Diga-me como com 500 euros alguém vive num sistema em que tem que pagar tudo a privados? Este indivíduo Nao tem casa por isso Nao paga imi...digo-o por experiência própria e tambem de alguns colegas emigrados que trabalham na área da saude...o nosso sistema Nao é perfeito mas Nao é assim tão mau e nem é o mais caro...partimos da cauda da Europa em vários indicadores de saude e agora temos indicadores recentes 30 anos após!
Com este comentário Nao digo que Nao tenha razão...porque simplesmente se ninguém enfiar cá dinheiro...perde-se todos os vícios...mas também não sei se privatizar se vai traduzir em algo positivo!
A realidade é que o sistema de saúde nacional é de cariz soviético,não sou só Eu que o digo, por exemplo um antigo bastonário da ordem dos médicos, Gentil Martins, bastonário à altura da criação do SNS, defendia um sistema bastante diferente, um sistema misto.
A realidade é que hoje temos um sistema misto, mas em que a iniciativa privada vive nas costas do público.
A questão é comparamos Países de rendimentos muito mais elevados que o nosso e acharmos que temos de ter o mesmo nível que esses, é como a nível do consumo, o crédito fácil e barato permitiu que os portugueses tivessem acesso a níveis de consumo que induziram as pessoas a pensarem que eram ricas, hoje começamos a pagar a factura, e muitos estão a perceber que afinal não tinham ficado rico de um momento para o outro.
Não digo que devemos ter acesso a piores cuidados de saúde porque sou tolo, mas antes porque é a realidade.
Hoje a economia e sociedade está viciada em crédito e em crédito barato, o modelo dos últimos 15anos (1995/2010) acabou e muito do que foi feito sobre esses pressupostos hoje é por e simplesmente impossível de manter.
Dirão mas o Estado gasta 8mil milhões em saúde e em juros vai gastar 8mil milhões, a forma de pensar é se nos reduzirem os juros, ou até nos perdoarem temos o céu na terra.
A realidade é que maior parte do ajustamento que o governo diz que fizemos é uma interpretação dos números equivocada.
As exportações não serão a salvação para ninguém no curto prazo, aumentar capacidades instaladas, novas empresas, conquistar novos mercados, etc... demora tempo e é necessário dinheiro, coisa que está em short supply por aqui, como diz o Tiago as empresas e empresários estão descapitalizados e os bancos já não concedem crédito barato, mesmo a empresas viáveis, como diz o ditado "casa roubada, trancas à porta", os bancos agora estão mais preocupados em tentar aguentarem-se, o que será complicado caso exista um major event na Europa.
É que dá emprestar a longo prazo a spread baixos(alguns nulos) financiando-se no curto prazo, os juros disparam e os bancos ficam insolventes.
Alem que os nosso parceiros estão a entrar em Problemas, 70% das nossas exportações vai para o Espaço Europeu e a China Índia, Brasil, estão a abrandar logo no curto prazo como disse as exportações não salvaram a economia.
As importações diminuiram à devido ao aumento brutal dos impostos e devido à depressão económica, se a situação melhorar, as importações começaram a acelerar normalmente.
Nada de estrutural se mudou, nem seria espectável que acontecesse, mais uma vez como diz o Tiago, o empréstimo da troika adiou esse encontro. As pessoas não consomem porque não podem, mesmo hoje vemos festivais lotados o Algarve teve uma quebra de apenas 5% (mesmo o afluxo de turistas não aumentou brutalmente) os preços continuam a subir numa economia esgotada.
Estes acontecimentos e ao falar com as pessoas verifico que não existiu uma mudança de pensamento, mas apenas de comportamento, dado que não é possível manter-lo.
É impossível a situação melhorar significativamente sem uma declaração de bancarrota e um redução da divida, mas compreender que essa situação pressupôem o abandono do actual sistema, dado que este existiu na base do crédito fácil.
Concordo com o Tiago é preciso reestruturar toda o funcionamento do Estado e como a sociedade vê o Estado.
Isso implica mudanças enormes, hoje já não é possível tomar decisões sem prejudicar partes grandes da sociedade, esse tempo foi nos anos 90 princípios dos 2000, em vez de se investir em bens de equipamento foi em bens de consumo, a decisão verificou se agora não ser a mais acertada,
Como Disse Nova constituição senão nada feito, O Passos devia encostar o PS às cordas, não querendo demitia-se e eleições.
O que é feito é para Inglês ver, nada foi mudado estruturalmente na economia.
"Não digo que devemos ter acesso a piores cuidados de saúde porque sou tolo, mas antes porque é a realidade."...ou seja devemos ter dos piores indices de mortalidade infantil (como a 30 anos atras), ou desinvestir em areas de prevenção (que parecem balelas para o publico em geral) e pagar a factura dos problemas posteriores (normalmente mais caro)...estou a exagerar o seu pontos de vista se calhar, mas nao se fazem omeletes sem ovos e se corta o serviço vai piorar!no entanto compreendo o que diz sem dinheiro o sistema tambem não dura...
Acho que os portugueses deveriam ter a capacidade de escolher o que querem (infelizmente acho que não conseguem e nao o sabem fazer), nao se pode ter tudo na mesma medida. eu pessoalmente vivo melhor com piores estradas e edificios publicos mais fraquinhos do que com pior saude!!!
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