14 de agosto de 2012

Rapidinhas em férias...

Caros leitores e leitoras, apesar das nossas férias serem muito curtas, não dispensamos o comentário de algumas notícias que vieram a público nestes últimos dias, e que merecem a nossa atenção:

Salários em Portugal cairam 107 € nos últimos tempos:

Sobre a queda dos salários reaisem Portugal, já abordámos aqui no Contas esta temática quando relacionámos salários com produtividade.
É inevitável que os salários tenham que cair, na medida em que o salário é o preço do trabalho, e como na formação de qualquer preço, a lei da oferta e da procura é soberana, mesmo quando sujeita a inúmras pressões manipulatórias por pate do Estado.

E a lei da oferta e da procura ensina-nos que o preço cai quando há excesso de oferta e/ou escassez de procura.
Em Portugal passa-se talvez um pouco de ambos:
Gente qualificada em excesso para uma procura magrinha por parte das empresas.

Obrigações soberanas a 10 anos com juros em trajetória descendente:

Aparentemente a notícia é boa, contudo não são explicados os porquês desta tendência. Acreditamos que tal fenómeno se deve, sobretudo, à "exigência" do BCE em pedir obrigações soberanas como colateral para que os bancos se possam financiar junto deste. E que bancos são esses? Os portugueses, claro!
Os banquiros acabam por ser empurrados para a compra destes títulos, porque de outra forma não há nenhum banco no planeta que lhes empreste dinheiro a taxas de juro razoáveis.
E assim se noticia algo considerado de "bom", quando por trás ocorre uma chantagem velada do BCE para com os bancos portugueses. Todos se calam porque todos precisam do dinheirinho.
Não obstante, uma parte deste processo advêm de alguma confiança que se foi estabelecendo nos mercados em relação à politica financeira do governo atual.
E isso é sempre bom relevar, porque sem confiança não há sociedade, e sem sociedade não há civilização

Amanhã, 15 de Agosto, "comemoram-se" os 41 anos da célebre declaração de Richard Nixon

A 15 de Agosto de 1971, Richard Nixon deliberou unilateralmente que a partir daquele dia o dólar não mais estava "agarrado" ao ouro. Tal decisão anulou o que se deliberou em 1945 nos acordos de Bretton Woods, em que os americanos prometeram à comunidade internacional que qualquer dólar que circulasse no planeta poderia ser trocado por ouro à razão de 35 dólares a onça.
Todos concordaram e confiaram na palavra dos americanos.
A confiança foi traída no dia 15 de Agosto de forma oficial, porque oficiosamente há muito que os americanos andavam a imprimir mais dólares do que a comprar ouro na mesma proporção.
 DeGaulle, presidente françês, apercebeu-se da aldrabice e antecipou-se, exigindo a troca dos seus dólares por ouro.
40 anos depois o sistema FIAT ainda por cá vigora, contudo, por todas as maldades que têm feito à credibilidade deste sistema que só se baseia na confiança dos cidadãos para com a sua moeda, não creio que possa sobreviver muito mais tempo sem que uma mudança ocorra.
Esta foi uma decisão que se encaixa naquele modelo comportamental que já abordámos aqui no Contas:
Adia a dor para o futuro e salva o dia de hoje.

Tiago Mestre

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