1 de agosto de 2012

Às vezes a manipulação dá nisto: ainda mais manipulação...

Escrevemos a 29 de Abril a propósito da decisão do tribunal de Portalegre em perdoar a dívida ao devedor caso este entregue a casa ao banco:

"3. Perigosa porque os bancos credores terão que se adaptar à potencial barragem de créditos delinquentes e imóveis que lhes espera, adoptando estratégias de sobrevivência como a subida de spreads a toda a gente ou a inserção de novas taxas de "gestão de conta" e demais extravagâncias administrativas. Paga o cumpridor pelo prevaricador."


Mais cedo ou mais tarde os bancos iriam adaptar-se a esta nova realidade, e com a falta de lucros que estamos a assistir neste tipo de empresas, todos os cêntimos contam:




Síntese histórica deste caso:


1ª manipulação estatal:
Juiz decide substituir-se aos contratos livremente assinados, criando jurisprudência.


Consequências no setor privado:
Bancos antecipam aumento de taxas e comissões para se precaverem da barragem de delinquentes que podem aparecer.


2ª manipulação estatal:
Banco de Portugal quer intervir nas margens das comissões dos bancos por considerar que os aumentos são abusivos.


Consequências no setor privado:
Aguardamos pela criatividade e engenho dos banqueiros e seus consultores.


3ª manipulação estatal:
Banco de Portugal interfere diretamente nas taxas e comissões, limitando tetos, valores máximos, etc, etc.


Mas que não restem dúvidas aos nossos leitores:


Quer concordemos ou não com a decisão do juiz, a consequência inevitável é que teremos os justos a pagar pelos pecadores.


É assim que ajudamos um país a empobrecer:
1. Retirando os estímulos a quem é honesto e sério
2. E reduzindo os sofrimentos a quem é imprudente


E tudo isto só pode resultar numa coisa:

Um aumento no comportamento dos segundos e uma escassez no comportamento dos primeiros.


Tiago Mestre

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