2 de agosto de 2012

Muita teoria na sala de aula, pouca eficácia no terreno.

Custa-nos a acreditar que numa Europa e nuns Estados Unidos, onde se estuda Economia "às pazadas" desde há décadas, onde nasceram toda a espécie de teorias económicas ao ponto de muitos economistas lutarem por elas, se tenham revelado tão pobrezinhas no terreno, senão vejamos:

Já sabemos que a prosperidade dos EUA foi construída sobretudo no século XIX, onde não havia nem Reserva Federal nem o fiat money que hoje conhecemos. Chegou a haver pontualmente emissão de notas pelo Estado sem ter ouro por trás, mas grosso modo as notas eram sobretudo emitidas pelos bancos privados e estes, para evitarem corridas da população em querer trocar as notas pelo ouro (nem sempre foi possível), lá se iam precavendo com algum ouro nos cofres.

Entra em ação a Reserva Federal com o objetivo de suster o pânico do final da 1ª década do século XX, e acontece isto:



O dólar foi o saco de boxe da tentação dos políticos: gastar dinheiro


E na Europa, "graças" a 2 guerras mundiais devastadoras, foi preciso reconstruir muita coisa, tendo os anos 50 e 60 sido o apogeu do crescimento económico. Desde a década de 70 que o fôlego se foi perdendo, e para compensá-lo recorreu-se à inflação (impressão de notas) nos anos 70 e 80, e a partir dos anos 90 recorreu-se massivamente ao crédito, tendo essa bolha durado até 2010.

Hoje, com os países a crescerem menos de 1% ao ano, discute-se "doutrinariamente" se deve o BCE imprimir muito ou pouco como solução para tirar muitos dos Estados europeus da completa falência e estimular o regresso ao crescimento económico. É pobre, muito pobre.

Pergunta:
Acham que se resolvem insolvências com impressão de notas e criação artificial de crédito para pagar crédito?

A nossa incredulidade é esta:
Como foi possível que as teorias económicas e respetiva aplicação no terreno se tivessem descolado tanto, mas tanto, da realidade e das forças da Natureza, ao ponto de nos ter induzido num mundo de tal forma artificial que agora até parece não nos dar as condições mínimas para regressar ao outro, ao mundo real.

Claro que regressaremos ao mundo real, mais cedo ou mais tarde, e será a Natureza a encarregar-se dessa tarefa, quer os Homens queiram quer não queiram. Por agora, tem-se adiado de forma bastante ardilosa este regresso, mas não passa disso mesmo.

Grécia, Portugal e Irlanda foram os primeiros a cair, mas tais epifenómenos são apenas a abertura da caixa de Pandora, porque o que aí vem (e que já está em marcha) revelar-se-á muito para além da imaginação dos economistas mais criativos que temos na praça.

Virem-nos falar de "soluções" como mutualização da dívida europeia, Eurobonds, orçamento único, abdicação de soberania nacional para dá-la à Europa, BCE imprimir à maluca, ESM e EFSF a alavancarem-se sem capitais, resumindo: MAIS EUROPA, e outras tontarias que tais, parece-nos tão só a continuação deste estado infantil de discussão dos assuntos.
Só a Alemanha, com a sua tentativa de induzir austeridade, ou seja, não gastar mais do que se recebe, é que se tenta aproximar das leis da Natureza.

Já é um bocadinho difícil ter paciência para tanta conversa fiada.

Tiago Mestre

3 comentários:

Vivendi disse...

Tiago,

E se as pessoas tivessem noção que as guerras só se fazem com a impressão de dinehiro talvez percebecem-se melhor a farsa em que vivem.

Fernando Ferreira disse...

Excelente artigo, Tiago. Realmente e' quase um "no brainer" compreender que os politicos e os banqueiros do mundo so querem adiar o problema, para que o balao rebente nas maos do proximo politico que vier. Ao mesmo estao a criar um monstro ainda maior. Cada vez vai ser preciso mais dinheiro feito a partir do nada e a populaca acha que e' mais dinheiro (e mais credito) que vai "resolver o problema.
Detlev Schlichter e' um economista "austriaco" alemao que escrevey um livro muito interessante chamado "Paper Money Collapse". Ele argumenta, e muito bem, na minha opiniao, que estamos no final de vida do sistema monetario mundial baseado em FIAT money, dinheiro papel, infinito, sem qualquer ligacao a uma comodidade fisica, como o ouro.
Os politicos e os economistas main stream (50% dos economistas do mundo sao funcionarios publicos), querem a todo custo fazer crer as massas que o padrao-ouro e' "antiquado", que e' um entrave ao progresso economico e que so com eles ao "leme" da economia, poderemos ter prosperidade. Podemos ver, em 2012, a "prosperidade" que eles sao capazes de gerar.
So com uma mudanca de mentalidades, o regresso ao padrao-ouro, o fim do controlo da economia por parte dos politicos e a remocao do estado da frente da economia privada, e' que poderemos voltar ao verdadeiro progresso economico e prosperidade.

vazelios disse...

Excelente post Tiago.

O problema a meu ver são três.

1 - Talvez 90% da população mundial não sabe, não quer saber, ou não está em condições sequer de compreender que modelo economico é bom ou mau. FIAT money? Isso é o quê? Um modelo novo da Fiat?...isso vai para além de muita coisa. 80% das pessoas que têm dinheiro no banco não sabem o que é um spread, quanto mais perceber economia ou simples matemática.

2 - 1% da população controla os media, a finança, a justiça, entre outros poderes, e não deixa que se fale muito sobre o âmbito do problema. Porque se fosse costume falar-se a sério dos problemas, simplificando-os, como acabaste agora de fazer, não tinhamos chegado até aqui. Mas dá jeito a alguns que assim não seja.

3 - Não há ética nem seriedade nos media. Uma corja incrivel, para o poder que têm de influenciar massas. Deixam-se levar por tão pouco. A Internet e as redes sociais são a esperança, mas até com essa querem acabar (os do ponto 2).

Beneficiávamos tanto se estes 3 pontos estivessem invertidos!

Abraços