Vim dar um passeio de 5 dias a Roma para conhecer a capital do maior Império a que a humanidade ja conheceu (esta afirmaçao é discutivel), e nao deixo de reparar no seguinte:
A vida em Roma segue normalmente, e aparentemente sem indicios de "austeridade", ou seja, os recentes problemas que recairam sobre Italia, para ja, nao estao a ter grande eco interno.
Em dia de semana as ruas estao cheias e nos restaurantes com esplanadas, a lingua predominante que se ouve falar é mesmo o italiano. Os turistas de pé descalco (como nos) passam ao lado e contemplam o fenomeno.
Aparentemente pode representar um bom sinal, mas tais sinais sao falaciosos, porque os italianos acreditam na mesma formula dos portugueses: é possivel consumir mais do que produzir.
E tal NAO é POSSIVEL, pelo menos de forma sustentada.
Ninguem quer ouvir falar de austeridade. E tal como em Lisboa, essa palavra adia-se até à ultima, até nao ser mais possivel evita-la.
Antecipamos desde ja grandes chatices para esta regiao de Italia, onde os servicos e o turismo imperam na economia local.
Apesar do defice italiano ser inferior a 3%, se nao nos falha a memoria, ja a divida é superior a 120% do PIB, ou seja, as necessidades de financiamento sao gigantescas, nao porque geram muita divida no presente, mas porque a geraram durante decadas e agora precisam de financia-la permanentemente. Com as yields a 10 anos a subir de 3% para 6%, os custos IRAO DUPLICAR.
E AGORA?
Tiago Mestre
5 comentários:
Agora? é obrigar os acionistas dos bancos a promoverem aumentos de capital por emissão de novas acões, que serão compradas pelos grandes bancos americanos ou ingleses.
Senão... falencia!!!
Isto é que é liberalismo. Foi a pensar nisto que os reguladores deixaram chegar a crise subprime...
Só que os banqueiros locais têm muita influência nos governos locais, e conseguem fazer com que seja o povo a pagar a crise... Pelo caminho, os grandes bancos Americanos e Ingleses (qualquer dia também chineses), já abocanharam centenas de pequenos bancos.
Manuel Galvao, por favor, nao confundir liberalismo (classico) com capitalismo crony (clientelista).
O liberalismo clássico defende que são legítimos todos os meios para atingir a lucro, desde que se atue dentro da lei.
Ninguém obrigou os bancos a se sobrendividarem. Eles fizeram-no dentro da lei. Se o fizeram, deviam depois assumir as consequencias. E não assumiram. Encostaram-se ao Estado, (invocando o "interesse nacional" de defesa da manutenção dos centros de decisão em território nacional), como forma de não serem absorvidos pelos grandes bancos.
Não tem nada a ver com o clientelismo.
Claro está que os governantes também aderiram a esse argumento, pois quem lhes paga as campanhas são os bancos e seu colaterais.
Nao deixa de ser ironico que quando a prosperidade nos rodeia, é o liberalismo a tendencia dominante.
Quando vivemos em declinio, o liberalismo ja nao serve porque caso haja falencias, corremos o tal risco sistemico, o "interesse nacional" que o Manuel refere.
Ou seja, as correntes economicas e politicas, como o liberalismo, o socialismo e outras, sao meramente "ratificacoes" do estado de alma coletivo num determinado momento da historia.
Alias, a tatica é recorrente:
1. Pede-se aos academicos para definirem a corrente economico/filosofica que pretendemos
2. Acenamos com um maço de notas ao povo as vantagens da corrente
3. Ganham-se votos
4. Mamar ate nao mais conseguir
5. Quando a corrente colapsa, pede-se aqueles que votaram que votem para salvar o sistema, pagando estes a fatura.
Sinceramente, nem vale a pena perdermos tempo com correntes politico/economico/filosoficas.
Foram inventadas ao sabor do tempo e de acordo com interesses tudo menos realistas.
A Economia só existe na cabeça dos economistas...
Enviar um comentário