21 de agosto de 2012

BCE desmente em público o que "segredou" dias antes ao Der Spiegel

Vimos ontem nas notícias que afinal o BCE desmente categoricamente as notícias avançadas pela revista alemã Der Spiegel, a propósito dos planos do BCE para adquirir toda a dívida soberana que for necessária, por forma a que as taxas de juro não ultrapassem determinado teto.

Já vai para 2 semanas que os rumores se espalham pelos media internacionais, e o "grande plano" até tem resultado. Os mercados levitaram na sua generalidade, inclusivamente do petróleo, mas enfim, isso para agora não interessa nada. É a silly season no sue melhor.

O que nos parece é que o Der Spiegel foi "apanhado", ou seja, alguém do BCE informou àquela gente de que havia esta hipótese em cima da mesa, eles sentiram que a oportunidade era única, e não hesitaram em publicar.

Talvez a redação e a direção do Spiegel não se tenham apercebido naquele momento de que o BCE os estava a usar e a manipular, à boa maneira centralizadora, para que a mensagem ganhasse mais abrangência na Alemanha, e consequentemente, mais apoio da opinião pública.

O Der Spiegel, ao não citar fontes, cai na ratoeira do BCE e acaba por dar um mau exemplo de jornalismo (na nossa opinião). Agora, por dever de confidencialidade, o jornal não pode expor as fontes para se defender, sob pena de nunca mais ter acesso a "fontes" oficiais na Europa.

O plano é quase perfeito. O BCE e o seu diretor conseguiram fazer passar a mensagem, que era o seu único objetivo, e no dia seguinte tem logo o descaramento de negar o que estava escrito no jornal, mas isso já não entra na mente dos investidores como entrou a 1ª notícia.

Pelos contornos deste episódio caricato, parece-nos mais uma operação montada no escritório de Frankfurt, visando enganar atrair os investidores para que comprem tudo o que seja europeu.

É mais uma operação clássica que deixa os investidores a tergiversar se compram ou não compram:
"Buy the rumor, sell the news", como já aqui tantas vezes caracterizámos no Blog.

A tática acaba por ir resultando no curto prazo, que é o único objetivo destes senhores: salvar o dia.

Nota:

Pode-se tornar cada vez mais chato ler sobre estes temas pelo facto de já se tornarem quase banais, tal é a frequência com que ocorrem hoje em dia.
Mas este tipo de manipulações centralizadas devem ser expostas à luz do dia sempre que suspeitamos que ocorram, porque na verdade, andam a brincar connosco, com o nosso dinheiro e com a sociedade democrática que tanto trabalho deu a construir e a manter.

Seria muito mais fácil, e adequado ao regime em si, fazer este tipo de manipulações numa ditadura comunista ou fascista, mas porque vivemos em democracia e regidos por um Estado de direito, tais "traições" só podem merecer o nosso repúdio e condenação.
Oxalá que tal não acontecesse, mas tal desígnio não está ao nosso alcance. Resta-nos expor.

A longo prazo, este tipo de atuações por parte da elite política europeia acabará por abrir ainda mais o fosso entre:
Os países AAA e todos os outros,
Os protestantes regrados vs os católicos esbanjadores
Os austeros vs os endividados
Os que contribuem vs os que pedem
Os que trabalham vs os preguiçosos
etc,
etc,
etc

Um dia, todos estes abusos políticos serão destruídos pela vontade dos povos europeus, que não estarão para aturar mais mentiras e mais aldrabices sem ter opção de escolha.

Tiago Mestre

4 comentários:

Manuel Galvão disse...

Eu vejo de outra maneira:

"O Grande Capital detém os principais meios de comunicação para poder influenciar a opinião pública, e manitular políticos (e políticas)".

Anónimo disse...

O grande problema é que vivemos numa democracia socialista, mas que "vive" e se "alimenta" como os regimes comunistas da década de 70...talvez até pior, pois tudo é feito pela calada.

Onde se viu num país dito socialista se tirar aos pobres para se dar aos ricos?? isto é inverso às ideologias sociais..

Chateiam-se as comadres começa a vir a podridão à tona...só não vê quem não quer...

Filipe Silva disse...


"O Grande Capital" existe (a falar da Banca) porque a Autoridade monetária dá o dinheiro quase de borla e aceita tudo, ou quase tudo como colateral.

Mas quem é que depende de quem?

Toda a "industria" financeira depende do Bernanke e companhia.
A banca sem Banco central, não teria o poder que tem, não poderia fazer o que faz, porque iria à falência.

Uma analise, o FED é o dealer e os bancos os agarrados, a sociedade as vitimas.

Quando um agarrado precisa de dinheiro para comprar droga, ele rouba as pessoas, criando vitimas, para pagar ao dealer.

O FED dá aos bancos a preço baixo dinheiro que estes por sua vez aproveitam para apostar no mercado, se corre bem excelente, se corre mal o FED (a autoridade de supervisão) "resolve" o problema

O problema é que no mundo financeiro o dealer e o policia são ambos a mesma pessoa.

A democracia que temos é corrupta, e actualmente é uma tirania, dado que o Estado tudo come, e está a ficar próximo de uma ditadura.

Se as leis todas fossem cumpridas hoje eramos uma ditadura, mas como eu Portugal não se cumpre sempre as leis, ainda vamos tendo alguma liberdade.

Mas o socialismo é isto mesmo, tirania, e a democracia cada vez mais é a tirania da minoria.

Vivendi disse...

Imperdível: reunião do banco central

vivendi-pt.blogspot.com/2012/08/reuniao-dos-banqueiros-centrais.html