Fomos hoje brindados com a notícia do que o BCE terá que reportar perdas sobre as obrigações gregas que possui, na tentativa de "ajudar" na resolução acordo de bancarrota que a Grécia está a preparar com os credores privados.
Em 25 de Outubro de 2011 explicávamos aqui no Contas o mau negócio que é para o BCE adquirir obrigações tóxicas.
A 24 de Janeiro surgiu o alarme dos credores: estes queriam que o BCE entrasse na bancarrota da Grécia, reportando perdas sobre as obrigações que possuía no seu balanço. A primeira reação do BCE foi NÃO, mas os dias foram passando e acordo, nem vê-lo.
Era para nós aqui no Contas uma questão de dias até o BCE ceder à pressão, que é o que Draghi e Constâncio melhor sabem fazer, ceder. Aceitaram finalmente reportar perdas para ajudar no acordo de bancarrota grego, colocando o BCE numa trajectória de ainda maior insolvência. Recordamos aos leitores e leitoras que o BCE entrará em insolvência quando as perdas que reporta num determinado ano são inferiores ao capital próprio da instituição nesse mesmo ano. O capital próprio do BCE rondou a 31/12/2012 6 a 8 mil milhões de euros (ainda não sabemos). Se em 2012 reportar perdas superiores ao capital próprio, ficamos com o banco central em insolvência.
Fomos aqui no contas mais do que exaustivos a referir os problemas legais, económicos e morais deste tipo de decisões por parte do BCE. Foi por não quererem participar nesta caixa de pandora de asneiras que se demitiram os presidentes do BCE Jurgen Stark e Alex Weber. A procissão ainda vai no adro porque o BCE terá que registar muitas mais perdas das obrigações gregas, ficando a faltar as portuguesas, as espanholas, as italianas, etc. A troika levará também por tabela, onde se incluem o BCE (outra vez), o FMI e o EFSF (FEEF em português). Parece que os bancos nacionais de cada país também possuem obrigações tóxicas (desconhecíamos esta operação) pelo que mais cedo ou mais tarde serão chamados ao castigo-
Meus senhoras e minhas senhoras, a este tipo de decisões dá-se em inglês a designação de MORAL HAZARD, ou má moral (mal traduzido para português). Fez-se asneira uma vez e agora já não se consegue voltar atrás.
Tudo serve para salvar o dia de hoje, amanhã logo se vê.
Tiago Mestre
Sem comentários:
Enviar um comentário