6 de fevereiro de 2012

Dívida portuguesa a Setembro de 2011 totalizava o lindo rácio de 110% do PIB.

Caros leitores e leitoras, estamos com uma sensação de deja vu sobre uma notícia avançada hoje na edição online do Diário Económico baseada na informação hoje disponibilizada pelo Eurostat.

A dívida pública atingiu 110% do PIB no terceiro trimestre de 2011!!

Estes valores são simplesmente astronómicos e impossíveis de pagar com a riqueza que geramos anualmente. Para este rácio contribui o aumento do stock da dívida e a diminuição do PIB, acelerando esta escalada até aos 110%.

É exactamente este o nosso receio com o plano da troika. Ainda ninguém explicou aos credores qual será o valor da dívida face ao PIB quando a troika fizer as malas daqui a 1 ano e meio. Se já vai em 110%, provavelmente subirá para 130 ou 140%! Tudo dependerá da evolução do PIB e do défice público.

Com rácios destes não se convence ninguém. São indicadores demasiado maus para ter a "esperança" de que nos iremos financiar a taxas de juro razoáveis.

Em 2012 o Estado pagará aproximadamente 9 mil milhões de euros em juros segundo as suas projecções. Mas em 2013 iremos certamente para os 10 mil milhões. Em meia dúzia de anos passámos de 6 mil milhões para 10 mil milhões de juros. É muito dinheiro se compararmos com as receitas totais do estado: 65 mil milhões de euros aproximadamente.

Aonde é que Portugal irá arranjar riqueza suficiente para liquidar tanto juro e tanto capital? O cenário da bancarrota deve ser equacionado o mais brevemente possível pela classe política, sob pena de agravarmos ainda mais a nossa condição.

Portugal só se financiará razoavelmente se a sua dívida pública não exceder os 40 a 50% do PIB. Este rácio existia no final da década de 90. É preciso voltar para lá, se não for a bem, terá que ser a mal !!!

Tiago Mestre

2 comentários:

Vivendi disse...

Quem quer aprisionar o monstro? Os privados até estão a comportar-se bem e em breve haverá uma balança comercial positiva. E o estado? O tal dos direitos adquiridos? Pensões altas, mordomias várias, negociatas de amigos e quejandos... Os portugueses ainda não entenderam que o problema está no estado, o mesmo estado que arrebenta todos os dias com o estado social. E isto já não vai lá com conversas mansas de coelho a pastar nas relvas...

Cumprimentos.
vivendi-pt.blogspot.com/

Tiago Mestre disse...

vivendi, se o estado encolhe para 35-40% do PIB significa uma redução de despesa de 20 mil milhões de euros no mínimo. Já percebi que concordas também com a redução do Estado, mas uma coisa é certa: a economia privada não conseguirá preencher esse buraco que se chama 20 mil milhões de euros. Pior ainda, como a economia privada é altamente dependente do Estado, o buraco tornar-se-á uma cratera de 25 a 30 mil milhões de euros, dependendo dos critérios que utilizamos no cálculo. É preciso alertar a população para a realidade que aí vem porque a bem ou a mal o Estado terá que encolher e a economia também. Os credores não irão aceitar um Estado que faz mais despesa do que a receita que recebe dos impostos. Por tudo isto e por muito mais é que sou um defensor da bancarrota, apesar de ser um processo caótico e até ilegal, mas uma análise pragmática/matemática impede-me de defender o status quo actual.

Cumprimentos
Tiago Mestre