Caros leitores e leitoras, a economia é que comanda as nossas vidas, mas as nossas vidas nem sempre se regem pela economia.
Quando o modelo económico não acomoda as diferentes culturas dos diferentes povos, este perdura apenas enquanto houver dinheiro para todos.
Quando escasseia o guito, as dicotomias culturais emergem.
O que se está hoje a passar na europa, a luta de titãs: Grécia vs Alemanha, começa a atingir proporções que já nos deixa baralhados. Ficamos na dúvida se o projeto europeu colapsa pela via económica (que sempre acreditámos aqui no Contas) ou se pela via social/cultural (algo que julgávamos impensável porque acreditávamos que os políticos deitariam a toalha ao chão antes da revolta rebentar).
Esta semana assistimos à queima de bandeiras alemãs na praça Syntagma, temos agora um jornal a publicar esta linda capa:
... e um comentador televisivo grego, de seu nome Georgios Trandas, a instigar cada vez mais ressentimento nos gregos acerca da atitude dos líderes alemães e europeus.
Ou seja, as elites políticas não estão a compreender que as divergências culturais e sociais dos vários povos europeus são de tal forma distintas que em momentos de aperto económico, os ódios e ressentimentos começam a tomar conta da população.
Não podemos pedir aos portugueses e gregos que sejam disciplinados, obedientes, austeros e protestantes porque não o são, ponto final. Como também não podemos pedir aos alemães que sejam espirituosos, emocionais, fraternos, comiseráveis, comunitários e católicos.
Caso a Alemanha se imponha com mais determinação na liderança da UE, veremos que estes são totalmente incapazes de criar e gerir uma comunidade com esta diversidade cultural. Não é essa a sua natureza. Aliás, a UE foi criada já com o espírito de "juntar" os alemães a uma comunidade europeia para que não dessem azo a devaneios ideológicos totalitários. Esta é a grande fraqueza da Alemanha e já agora da Holanda. Não admitem maçãs podres na família, e para esses deserdados só há 2 caminhos: a expiação ou a expulsão.
É assim que se tratam uns aos outros e é assim que estabelecem a sua própria comunidade, os não-perfeitos não podem ter ajudas: têm que crescem pessoal e espiritualmente à sua custa (a tal expiação), senão ficam entregues à sua sorte. Foi assim que conseguiram criar máquinas de guerra, máquinas industriais e todo o tipo de organização vertical, obediente e altamente organizada. Para quem tem dúvidas sobre o que estamos a falar podem sempre ver o filme "O Laço Branco", de 2010 que retrata a vida "pacata" de uma aldeia alemã nas vésperas da I Guerra Mundial. Até dói ao coração ver como os jovens alemães são perversos quando não aceitam a disciplina familiar jacobina...
Cuidado
Tiago Mestre
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