Como já estamos habituados aos esquemas do BCE, começa a tornar-se interessante "pensar" pela cabeça deles, na perspectiva de compreender os mecanismos subjacentes à sua ação.
Premissa:
O BCE tem todo o interesse que os credores privados participem na troca de obrigações gregas para Março
Pergunta:
Como "influenciar" os credores para que tal objectivo seja atingido?
Resposta:
Informa o sector financeiro de várias decisões:
1ª Deixa de aceitar as obrigações gregas (velhas) que os credores possuem no seu portfolio como colateral para a obtenção de crédito junto do BCE;
2ª Aceita as obrigações gregas novas como colateral para o pedido de empréstimos;
3ª Exige aos credores que apresentem uma certa percentagem de obrigações gregas novas numa eventual 3ª fase do programa LTRO. Este programa teve a 1ª fase em Dezembro, a 2ª será no final de Fevereiro e para já não há indicações de haver uma 3ª. Este programa permite aos bancos obter fundos quase ilimitados do BCE, com maturidade a 3 anos e uma taxa de juro de 1%. Ninguém quer ficar de fora de um financiamento tão atractivo quando o mercado interbancário funciona mal.
Em jeito de desespero, é possível que os banqueiros prefiram trocar eventuais prejuízos (aquisição de obrigações gregas) por liquidez (acesso ao financiamento do BCE). É assim que as manipulações começam e eventualmente acabam. BCE, Reserva Federal e outros bancos centrais têm o mercado"todo" agarrado a estes exercícios manipulatórios. E ainda há políticos e opinion makers da nossa parça que querem o BCE ainda mais interventivo. Sem comentários.
Ahh, e esperamos não estar a dar "dicas" a Constâncio e a Draghi...
Tiago Mestre
2 comentários:
Boa tarde!
Parabéns pelo blogue.
E eis que um simples aprendiz por vezes pensa que percebe alguma coisa do que se passa, e afinal percebe ainda bastante pouco e bastante menos do que pensava - Estou a falar de mim claro.
Que grande salganhada esta da Grécia + BCE + Investidores privados + efeitos colaterais.
Bom, resta-nos ver o tempo a passar não?
O que interessa o feriado do carnaval, a divida da madeira, a pensão do cavaco e a vida de socrates em Paris?
Cada vez percebo menos onde isto vai parar.
Cumprimentos,
André Vaz
André, a classe política tudo fará para adiar o inevitável, o doloroso e o que lhes faz perder votos! E muito sucesso eles têm tido nesta estratégia.
Até chegar o dia D, o povo vai "lerpando" aqui e acolá, a pouco e pouco, com uns impostos, com inflação, até ao último suspiro. Chego a acreditar que se ocorrer um colapso não "estudado", a violência das repercussões será forte e totalmente fora de controle. Resta-nos rezar como bons católicos portugueses que algo de milagroso ocorra (China?, Brasil?). Não sei mesmo, nem os políticos. Gere-se um dia de cada vez, tal e qual como num país de terceiro mundo!
Tiago Mestre
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