25 de fevereiro de 2012

Petróleo teima em não descer (Parte 3)

Caros leitores e leitoras, algo de muito estranho se está a passar. Parece que houve uma corrida desenfreada por parte dos investidores na aquisição de commodities, nomeadamente petróleo, ouro, prata, etc

Para os governadores dos bancos centrais, isto são péssimas notícias. Toda aquela liquidez que injectaram no mercado (QE, LTRO, SMP, etc) julgavam eles que seria utilizada para adquirir obrigações soberanas, ações de empresas nas bolsas, empréstimos à economia privada, e outros, mas não para petróleo e metais raros.

Adquirir petróleo nos mercados e fazê-lo aumentar de preço significa tornar tudo, mas mesmo tudo, mais caro. O petróleo serve para produzir bens e transportá-los, de um lado do planeta para o outro. O petróleo é o combustível da globalização. Sem petróleo barato a globalização começa a colapsar aqui e acolá.

Petróleo mais caro significa INFLAÇÃO fora de controle e recessões económicas nos países ocidentais.
As recessões já aí estão em força, com Portugal e Grécia a liderar, mas seguidos de perto pela Itália, Espanha, França, Alemanha, Estados Unidos etc, etc. Quem diria que com tantos países ocidentais a roçar a recessão económica, o petróleo se fosse comportar desta maneira. NENHUM governador de banco central acreditou que tal evolução seria possível e agora que a liquidez já foi injectada nos mercados, é uma chatice trazê-la de volta.
Bom, há uma maneira de o fazer, mas nenhum político possui atualmente coragem para tal: AUMENTAR AS TAXAS DE JURO. Ninguém o quer fazer porque os mercados financeiros estão todos dependentes de taxas de juro a roçar os 0%. Aumentá-las significa colocar os bancos em apuros, e todos nós sabemos para quem trabalham os governadores dos bancos centrais!

Mario Draghi, o recente nomeado presidente do BCE, jogou tudo o que tinha e o que não tinha quando decidiu efectuar as seguintes políticas expansionistas:
 Baixar a taxa de juro principal para 1%
 Reforço da aquisição de obrigações soberanas, nomeadamente italianas e espanholas
 Concessão de empréstimos de 700 mil milhões de euros aos bancos privados europeus, com maturidades a 3 anos e taxas de juro a 1%. (LTRO 1)
Novo empréstimo para 29 Fevereiro 2012 nas mesmas condições do anterior mas com um montante que pode ir até ao trilião de euros (1 000 000 000 000 euros) (LTRO 2)

Com estas jogadas estancou algum nervosismo que pairava no setor, mas não ponderou as consequências indiretas das suas ações. É quase sempre assim com os políticos. Muita energia, muita força, muitas ações, mas não percebem que podem fazer mais mal do que bem. Este aumento súbito do preço do petróleo pode muito bem ser a abertura da caixa de Pandora.

Evolução do preço do barril de Brent (negociado em Inglaterra) num ano:


Evolução do barril de crude (negociado no Texas, EUA) num ano:


O OURO é outro indicador razoável para se compreender a expansão monetária que os governos centrais têm executado ao longo desta última década. Quem compra OURO quer proteger-se contra a desvalorização da moeda.


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Tiago Mestre

1 comentário:

Vivendi disse...

Nada é por acaso meu caro! Ainda mais em economias planeadas. Abraço e bom fim de semana.