21 de fevereiro de 2012

O OBJECTIVO É: AGUENTAR A GRÉCIA...

O objectivo é:   AGUENTAR..

Aguentar o mais possível, fugir do incumprimento unilateral e continuar a emprestar dinheiro à Grécia.

A UE aprovou mais um plano de financiamento à Grécia em condições que já toda a gente percebe que não são satisfatórias para ninguém, à exceção de Durão Barroso e Venizelos, arautos das coisas boas da vida, mesmo que elas nunca cheguem a acontecer.

Falta agora perceber se os credores privados aceitarão as condições da Grécia para a declaração da bancarrota. É necessária uma participação de 95% , ou seja, toda a gente. E aqui é que a "porca torce o rabo."

Estatisticamente falando, há 6 meses a Grécia propôs uma perda de 21% das suas obrigações em condições altamente favoráveis. Não se atingiu a participação desejada e nunca revelaram a percentagem, indiciando um potencial vexame público pela paupérrima adesão.

Hoje pede-se que assumam perdas de mais de 70% em valor real face ao preço inicial da obrigação, ou então 53% do valor nominal. Em qualquer dos casos, é mais do dobro do esforço que foi pedido aos credores privados há 6 meses. À exceção dos bancos gregos e de mais alguns estrangeiros, suspeitamos que a adesão seja fraca e com isso novas nuvens negras pairarão sobre a bancarrota unilateral da Grécia. Sabemos que a UE aprovou a utilização de 30 mil milhões de euros do EFSF como "estímulo" ao envolvimento dos credores privados no negócio, mas será tal operação suficiente?
Este tipo de "jogadas" financeiras são muito à maneira de Jean Claude Juncker, mas este não tem tido grande sucesso com as artimanhas que inventa.

Será que ainda se lembram do fundo EFSF que em Setembro 2011 seria elevado a 2 biliões de euros? Este seria transformado num mecanismo de seguro de crédito suportado pelas garantias dos vários países membros do euro. Basicamente os países não poriam 1 cêntimo de lado para o EFSF, a não ser que alguma bancarrota ocorresse. Os credores perceberam a aldrabice e o projecto ruiu. O EFSF ficou-se por menos de metade do que se pretendia. Juncker - tem paciência!

No passado recente tínhamos escrito que era nossa convicção de que um acordo entre políticos seria atingido, mas a história do envolvimento dos credores privados assume outros contornos e apenas boa vontade política não basta.
Estes muniram-se de CDS (Credit Default Swaps) para se protegerem de quebra de contrato (bancarrota) pela Grécia nas obrigações que compraram. Um "acordo" com a Grécia ou PSI (Private Sector Involvement) não lhes dará o direito de reclamar o seguro dos CDS, e assim perdem dos dois lados. Nenhum investidor quer perder dos dois lados. Se perde de um lado quer ganhar qualquer coisa pelo outro, neutralizando a "asneira" de ter comprado obrigações de um país pouco credível em termos financeiros.

Aguardamos pela resposta (positiva?) dos credores privados, e já agora também a resposta dos gregos, que marcaram já para amanhã um Corso de Carnaval bem animado na praça Syntagma.

Tiago Mestre

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