29 de abril de 2012

UE já sabe como pôr as economias a crescer: (ainda mais) planificação centralizada!

Se bem nos recordamos, foi há 2 meses que Durão Barroso pediu aos governantes que delineassem um plano para o combate ao desemprego dos jovens nos seus países de origem. Esse plano foi ou será ainda apresentado à Comissão Europeia, tendo em vista o desbloqueio de algumas verbas europeias com certeza. No entretanto o desemprego entre os jovens europeus continua a subir, com ou sem verbas europeias

Hoje fomos novamente bafejados com mais um plano europeu, concebido nos escritórios de Bruxelas, tendo em vista um novo pacote de estímulo às economias europeias, sobretudo do Sul da Europa.

Nós compreendemos que a classe política "tem que fazer qualquer coisa" para justificar o posto e remuneração. Sem isso as suas vidas políticas eclipsavam-se no momento seguinte, sobretudo neste contexto em que o planeta e 500 milhões de europeus em particular suplicam por qualquer medida vinda de Bruxelas.

Mas o que verdadeiramente lamentamos é a ausência de reconhecimento por parte da elite política no que toca à eficácia destas medidas. Continuam a insistir que o planeamento centralizado é o mecanismo adequado para colocar as economias mais débeis em crescimento. Não aprenderam e devem ter raiva a quem percebeu:

1. O fracasso dos fundos de coesão nos anos 80, 90 e 2000 - Portugal é um caso paradigmático;

2. A gigante bolha imobiliária com chancela do governo norte-americano de George W Bush em resposta à recessão que procedeu da bolha dot.com no final da década de 90;

3. O mega pacote de estímulo em 2009 de Barack Obama, também em resposta à bolha imobiliária que rebentou em Outubro de 2009, que redundou em mais dívida;

4. Os 3 resgates concedidos à Grécia, a Irlanda e a Portugal, e mais recentemente o 2º à Grécia, em que cada um deles representaria o estancar da hemorragia nesse mesmo dia, segundo declarações de TODOS os dirigentes políticos à época;

5. A injeção de liquidez pelo BCE aos bancos privados europeus, através dos planos LTRO e SMP.

6. Que a economia é sempre função da energia, e que a energia advêm dos recursos naturais e humanos da região. Não é manipulando o euro, as taxas de juro e endividamento sem regra que se "descobre" mais energia..

Com tantas provas dadas de planeamento central falhado, o orgulho e a pressão do dia-a-dia impedem a elite política de ser humilde e reconhecer os erros. Aliás, para muitos políticos isto são testes, provas de esforço a que o projeto europeu se tem que sujeitar para continuar a sobreviver!

A vontade dos políticos europeus permanece firme, mesmo com as evidências do passado e com um novo problema: a falta de dinheiro na Europa.
Conceber engenharias financeiras que roçam a ilegalidade e a fraude económica são os novos desafios que se colocam às elites europeias.
À miopia ideológica junta-se a ausência de princípios morais e éticos:

Aparentemente querem alavancar o BEI - Banco Europeu de Investimentos - ou seja, com uma pequena injeção de capital social pelos países europeus (10 mil milhões de euros), pretendem alavancar esse valor para 60 mil milhões junto de potenciais bancos credores, e em parceria com empresas privadas, tipo Siemens ou Alstom acreditamos nós, se chegue aos 180 mil milhões. E já agora, porque não 500 mil milhões, ou 1, 2, 100 ou 1000 triliões de euros... pick a number!

E com tanto dinheiro dívida, toca de planear nos gabinetes: desenvolvimento de infra-estruturas, energias renováveis e tecnologia.
Parece que o fantasma ideológico de Sócrates não só está vivo como se recomenda em Bruxelas!

O pessoal político ainda não percebeu que a dívida é o problema, que nos fez estar levitados da realidade durante tanto tempo, desafiando as leis da gravidade. É disso que os mercados têm medo, daqueles que estão excessivamente endividados face à sua capacidade de gerar riqueza. Trazer ainda mais dívida a troco de uns projetos tipo TGV e Eólicas que darão pouco ou nenhum impulso às economias mais frágeis é enervar ainda mais os investidores, que já desconfiam destas políticas tipo tigre-de-papel.

A notícia é avançada pelo jornal espanhol EL PAIS, que apelida esta programa de "Ressurreição da Europa".
Vale a pena ler por ser mais um exemplo de mau jornalismo: Amplifica tudo aquilo que os políticos desejam sem escrutínio algum.

Com esta pobreza jornalística e a vontade insane da elite política em querer fazer qualquer coisa, o circo da manipulação grosseira e do ilusionismo não pára de nos presentear com novos truques.

Tiago Mestre

4 comentários:

Vivendi disse...

O keynesianismo só funciona no protecionismo. Não se aprende mesmo a lição.

Isto é só para ir levando ao barco nas calmas até ao dia da grande tempestade.

A Europa parece querer seguir a receita dos americanos que foi prescrita pelas elites da Nova Ordem Mundial.

Tiago Mestre disse...

Somos mesmo parolos!
Anjinhos mas com asa quebrada

vazelios disse...

Boas!

Parabéns pelo texto e pelo bloguemais uma vez. Tive muito trabalho a ler tanto post, mas já estou praticamente actualizado.

Concordo praticamente com tudo o que o Tiago, Vivendi e até o Filipe diz, em breve também darei mais opiniões - Menos formadas, digo desde já.

Sobre o problema "geral" da economia, da politiquice e demagogia reinante na Europa e no mundo ocidental, não é só nas pessoas com poder.

O problema está em que ninguém se entende.

Acho obvio que o keynesianismo não funcione em economias abertas e na globalização.

Acho ainda mais obvio que se no meu orçamento familiar, se me endividar a 5% ao ano e ganhar mais 1% ao ano, daqui a uns anos não estarei em boas condições.

Acho ridicula e chocante como é que ninguém fala nesta suposta democracia, onde de facto a unica coisa que podemos fazer é optar entre corruptos, demagogos, ou lunáticos.

Terei eu mais razão que os outros? Terão vocês? Eu concordo convosco, mas muita gente, incluindo amigos meus, de outras áreas que não economia/gestão, não percebeu o problema. É preocupante a iliteracia financeira das pessoas.
Já não suporto as pessoas dizer que é preciso dar estimulo à economia, fazer crescer. Mas quem dá o dinheiro?? Eles??

O problema está:
- No povo ignorante (os que não fazem mesmo ideia e andam a passear de bandeira em punho)
- Os que têm alguma educação mas como são de áreas diferentes não percebem o problema "por detrás das cortinas"
- Os demagogos
- Os Sindicatos, que continuam a barafustar. Se nunca fez sentido, para quando se apercebem que também têm de ajudar?

Sobre um post seu mais antigo, sobre a democracia, não poderá haver democracia com leis? com constituições? Mas que sejam para cumprir? Em caso de incumprimento das normas ou que ultrapassem defices (ou outros pontos) que sejam afastados do cargo ou no extremo que sejam punidos criminalmente. Isto claro, com um estado pequeno e pouco presente na economia (Mas até lá...ui...)

Não será possível uma democracia com responsabilidade, com leis, com punições?

Esse para mim é o modelo ideal.

Para quando se exige isso? Até lá temos este filme por resolver.

Um abraço,
André Vaz

vazelios disse...

Esqueci-me de referir o grupo que mais culpa tem no cartório claro, os corruptos, sejam eles de que área for.