A mais evidente e mais perigosa é mesmo a inflação. Contudo, os valores desta na UE e nos EUA, de acordo com os institutos oficiais, não são uma calamidade, ou seja, pouco acima dos 3%. Mas até podemos aceitar que esta não seja de 3% na realidade, mas de 7% ou até de 10% em alguns produtos.
Não obstante, os estragos que a inflação gera na economia parecem ainda não ser evidentes, e segundo um artigo de Chris Martenson, há um fenómeno que está a "prender" essa mesma inflação:
A Velocidade do Dinheiro
Os 2 gráficos abaixo representam a realidade do dólar americano na sua quantidade e na sua velocidade:
A velocidade é um valor calculado, ou seja, é a divisão da quantidade de dinheiro pelo PIB dos EUA.
Com estes 2 gráficos ficamos a perceber que a impressão de dólares massiva que tem ocorrido nos últimos anos, muito acima do crescimento da economia, só não se transforma já em inflação porque a banca privada e outros setores da economia têm o dinheiro quase parado.
E com esta constatação verifica-se que o problema da inflação não é hoje motivo de preocupação "aparente", mas por detrás da aparência o dinheiro está literalmente a ser empilhado, tal como uma barragem que está a encher o seu nível de água.
Empilhado porquê?
Porque quem conseguiu reter o dinheiro não sente segurança suficiente em voltar a investi-lo. O que se passou com o mercado sub-prime e a queda das cotações das bolsas deixou muitos investidores nervosos. Para acalmar o nervosismo, os bancos centrais começaram a imprimir para voltar a estimular a atividade, mas só uma parte desse dinheiro entrou no circuito, ou seja, ganhou velocidade. O resto está parado à espera de melhores dias.
E o que pode provocar um aumento de velocidade, e consequentemente inflação?
1. Especulamos que caso haja novamente confiança e o crescimento económico seja uma realidade, a barragem comece a abrir as portas.
2. Uma continuada descredibilização do dólar aos olhos do resto do mundo, colocando o investidor no dilema se vende os seus dólares ou não.
3. Queda do valor das ações e de outros ativos financeiros denominados em dólares, transmitindo aos investidores que o retorno desses ativos já não é atrativo.
4. Muitos outros motivos haverá para que qualquer pessoa se queira ver livre das notas e das moedas que perdem valor ano após ano.
Conclusão:
Para já, por paradoxal que pareça, são os bancos privados e outras instituições privadas que estão a barrar todo este fluxo monetário proveniente dos bancos centrais, quando deveriam ser estes a zelar e a preservar o valor da moeda do seu País/União.
No dia em que os banqueiros decidirem vender os seus dólares e os seus euros, os bancos centrais e a classe política terão logo que subir as taxas de juro para absorver esse excesso de liquidez monetária, contudo nunca será a tempo. Subir as taxas de juro é uma questão política (para mal dos nossos pecados), e subi-las hoje significaria "rebentar" com o castelo de cartas em que as instituições financeiras se meteram. Sem crédito barato e ilimitado as máquinas financeiras começam logo a colapsar.
Tudo com o patrocínio dos nossos bancos centrais e das suas "mãos largas".
Vejam-se as operações constantes do BCE com os programas SMP e LTRO 1 e 2.
O FED com o QE1, QE2 e a operação Twist. O Banco do Japão, o Banco de Inglaterra, etc, etc. Tudo a imprimir dinheiro.
Nunca nos cansaremos de referir aqui no Contas os atos "malditos" que estes banqueiros centrais/políticos andam a fazer por toda a parte.
Tiago Mestre
2 comentários:
Importante post Tiago.
Outro fator a levar em conta é a dispersão do dólar fora dos EUA nas transações internacionais, mas também já teve melhor dias, pois principalmente a China prefere trocar esse ativo por outros valores físicos.
correcto e afirmativo...
Já lá vai o tempo em que os EUA exportavam inflação pelo mundo inteiro.
O pessoal percebeu o logro e prefere OURO em vez de papel dólar.
É benfeito, a sério!
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