Ainda há 15 dias nos estranhava a forma alinhada com que vários líderes mundiais reafirmavam que a crise financeira europeia tinha passado:
Sarkozy: "Hoje o problema está resolvido"; Christine Lagarde: "A Primavera económica está no ar"; Mario Draghi: "Conseguimos resolver a crise financeira"
Ouvimos estes comentários um pouco por toda a parte, mas nestas ocasiões convêm sempre desconfiar, e porquê?
1. Porque este alinhamento verbal num curto espaço de dias parece-nos combinado e previamente estudado. É para dar a tal "confiança" aos mercados.
2. E porque os comentários não são acompanhados de explicações técnicas. Basearam-se apenas em (aparentes) resultados:
- Queda dos juros das dívidas soberanas;
- Maior confiança entre banqueiros;
- Ações das principais bolsas europeias a subir durante 3-4 meses seguidos .
Faltava fazer a pergunta a estes líderes:
- E porque é que acham que isto aconteceu? Se não foi milagre, o que é que motivou esta prosperidade trimestral?
- E se quisermos ser sérios, teremos que analisar o impacto do programa LTRO do BCE neste "suspiro" económico europeu que durou 3 meses.
Ou seja, os critérios fundamentais que permitirão uma recuperação sustentável das nossas economias não estão de todo resolvidos ou sequer a caminhar para lá.
Liquidar dívida com mais dívida e tentar perpetuar esta espiral até ao infinito, que foi o que o LTRO tentou fazer, parece-nos mais querer forçar o modelo business as usual.
Os 3 aparentes resultados que explicámos acima estão, um a um, a deteriorar-se dia após dia.
Já temos economistas neo-clássicos, como Stiglitz e outros, (só falta Krugman!) a perceber que afinal a "festa" de dinheiro impresso não pode durar para sempre e que promove a total manipulação dos mercados. Mas também (ainda) não concordam com a austeridade. Então em que ficamos?
Nunca é tarde de mais para reconhecer os erros, desde que haja humildade intelectual.
Tiago mestre
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