21 de abril de 2012

... sobre a incorporação da regra europeia dourada (Parte 2)

Escrevemos a 11 de Abril deste ano, há menos de 2 semanas:

"... objetivamente é só mais um papel que será assinado hoje e violado amanhã. A Europa já nos habituou a este modus operandi. Muita parra, pouca uva e quase sempre estragada."


Há 1 semana foi Mario Monti, primeiro ministro de Itália, referir que afinal as metas do défice terão que ser adiadas 1 ano.

Mariano Rajoy em Espanha, há 1 mês, propôs a alteração do défice de 2012 para 5,8%, em vez de 4,5%. A UE deu-lhe 5,3%. Ficou meio por meio.

Se os investidores acreditarem que a assinatura deste papel é para valer, e confiarem nos políticos europeus, então preparem-se para investir mal, muito mal.

Depois não digam que ninguém vos avisou.

Tiago Mestre

3 comentários:

Filipe Silva disse...

Boas Tiago.

Estava a ver Tv e passei pela sic notícias e estava a dar o programa Eixo do Mal, e estavam a discutir as eleições na França, e apareceu um clip dos candidatos Hollande e Sarkosy em que o primeiro disse expressamente que o banco central europeu devia financiar directamente o Estados membros (a chamada monetização da divida) e o segundo a dizer que o papel do BCE devia deixar de ser o de assegurar a estabilidade de preços (inflação abaixo dos 2%) e passar ser o do crescimento.
Os comentadores todos sem excepção a dizer que será excelente a vitória do Hollande, que o bundesbank deveria deixar de mandar no BCE, em compreendo os de esquerda, mas o Careca que se diz de direita a puxar pela intervenção do banco central, que se devia fazer como no USA, print money.

O interessante é que quase todos os comentadores e opinion makers defendem a impressão de mais moeda, menos austeridade e mais não sei o que. E todos dizem que a Alemanha é o demónio, que quer escravizar a Europa fazer o que não conseguiu pelas armas fazê-lo economicamente.

A Europa alinhou pelo mesmo diapasão dos USA, e a estocada final será a monetização da divida, pelo que li os franceses são useiros e vezeiros neste capitulo.

Queria saber a tua opinião sobre se a austeridade for colocada de lado, e os politicos virem as dividas monetizadas se isto não vai acelerar o processo de destruição de riqueza e levar à destruição da UE e uma guerra no continente Europeu?

PS- um dos candidatos de esquerda que se diz poder vir a ter um resultado de mais de 10%, uma das suas proposta é de todo o rendimento acima de 350000€ ser tributado em cede de Irs em 100%, estive a ler no testosteronepit, fiquei aparvalhado e tb da forma de negociação dos sindicatos.

Vivendi disse...

Caro Filipe,

O que todos os franceses deveriam saber sobre a sua história económica:

http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Law

Tiago Mestre disse...

Vivendi, John Law é um caso paradigmático sobre como os franceses se deixam enganar por um plano bem concebido na sua aldrabice. Li o plano desse menino no livro de Niall Ferguson: A Ascensão do dinheiro. Fizeste bem em trazer essa história.

Sobre a pergunta do Filipe:

Lembro-me de 2 frases emblemáticas do cinema que me inspiram duas ideias opostas:

Houston, we have a problem!
ou
Run Forrest, run!

Eu preferiria que os políticos reconhecessem que temos um problema com a monetização da dívida.
Mas não: 3/4 da Europa quer impressão e apenas a Alemanha se opõe!

Conclusão: se a Alemanha não der um murro na mesa, a hiperinflação será uma realidade e Peter Schiff o profeta do século.

Mas acredito que a Alemanha, mais cedo ou mais tarde, dirá:

A continuar a monetização, sairemos do Euro e voltamos ao marco alemão. Desenrasquem-se sem nós.

Esta seria uma solução menos má, já que exigiria aos restantes países um ajuste rápido porque sem dinheiro não há outra maneira. O Euro perderia o seu valor tão rapidamente que nem tempo haveria para imprimir à doida. Todos pensariam em regressar às suas moedas e teriam que se voltar para dentro.

Mantendo tudo na mesma, a UE explode, ou implode, como é costume de tempos a tempos na história deste continente. E aí o imprevisível acontecerá: se serão guerras, ou outras desgraças, confesso que não consigo conceber.