28 de abril de 2012

ESPANHA E PORTUGAL - IRMÃOS IBÉRICOS (PARTE 4)

Caros leitores e leitoras, todos sabemos das dificuldades económicas e sociais que Portugal atravessa, mas se olharmos para a Espanha, o cenário assume outra complexidade:

1. Taxa de desemprego: a rondar os 25%
2. Redução do défice exigido em 2-3 anos: aproxim 50 mil milhões de euros.
3. Crescimento do PIB nos próximos anos: zero ou menos
4. Rating da sua dívida: a caminhar para lixo
5. Os buracos financeiros já descobertos e ainda por descobrir deixam qualquer investidor com os cabelos em pé

Pergunta nº1 à classe política:
Sendo necessária esta redução efetiva do défice, alguém consegue conceber qual será a taxa de desemprego nesta país daqui a 3 anos, depois destes cortes orçamentais?

Pergunta nº2 à classe política:
Em que critérios se baseia a elite política europeia para informar o planeta de que o governo espanhol conseguirá implementar a austeridade a par com crescimento económico?

As economias europeias, sobretudo do Sul da Europa + Irlanda perderam o fôlego económico.

Toda a política social que se baseou em projeções de crescimento económico até ao infinito são hoje totalmente insustentáveis.


Já é tempo de conceber planos económicos e sociais que incluam crescimento ZERO.

A Austeridade é necessária porque elimina desequilíbrios orçamentais que já eram insustentáveis, mas daí inferir que o crescimento económico será uma consequência natural dessas medidas é mentir ao povo europeu. É nesta falsa premissa em que a esquerda política assenta todo o seu discurso. Nem uns nem outros têm razão, e polarizando o discurso político acabam por deixar o povo ainda mais confuso e incrédulo com tudo o que se está a passar.


Sugerimos à classe política que não engane mais a população com falsas espectativas.


ESPANHA E PORTUGAL APRESENTAM-SE CADA VEZ MAIS COMO UM CASO IBÉRICO QUE, A SER ESTUDADO EM CONJUNTO, PODERÁ REPRESENTAR UMA NOVA FORÇA COM IDEIAS VIÁVEIS PARA UMA SAÍDA CONJUNTA DO EURO.

Tiago Mestre

3 comentários:

Vivendi disse...

É muito preocupante os níveis de desemprego espanhóis. E a recuperação não está fácil. Nem existe sequer mercado na Europa para absorver tantas pessoas do mezzogiorno mediterrânico.

A Alemanha não parece estar disposta à união de transferências orçamentais, mesmo com um maior rigor financeiro e é complicado a Europa tornar-se uma união federal.

O melhor caminho parece ser mesmo a saída do €. Que pelo menos haja uma saída planeada.

Filipe Silva disse...

Estive em Barcelona uns dias e não me parecia que havia qualquer crise.
Cidade completamente cheia de turistas principalmente Italianos e Alemães.
Comparando com as outras vezes que aí estive nota-se um aumento(pelo menos para mim) de turistas chineses.

Em relação aos espanhóis, para eles vai ser complicado e estes não vão aceitar muito bem o que aí vem.
Estive a conversar com alguns sobre a situação e a exprimir que o problema é o seu sistema social e claramente demonstraram me que não estão muito disponíveis para mudar, pelo menos uma grande fatia da população.

Espanha, já antes tinha desemprego desta dimensão, antes da adesão ao Euro, o desemprego estrutural já se situava na casa dos 2 dígitos, uma explicação seria a antiga lei do trabalho, era muito rígida e os trabalhadores com muitos direitos, e tornava o despedir muito complicado, difícil e dispendioso.

Estes vão se revoltar, vão sair à rua, vão fazer trinta por uma linha. E com razão foram e estão a ser enganados, lá como cá o PSOE (PS cá) diz cada asneirada, promete que com eles o crescimento era já ali ao lado.

Mas Espanha está melhor que nós, tem muita agricultura e industria, e um sector turístico imbatível por isso a sua saída do euro podia até não ser tão grave como a nossa

Tiago Mestre disse...

Filipe, já fazias falta!

Parece-me que Espanha está um ou dois anos atrasada face a Portugal. Ou seja, os credores fartaram-se primeiro de Portugal.

O PSOE adiou a austeridade o mais que conseguiu.

25% de desemprego é mau, mas se 90% dos desempregados estiverem a viver do subsídio de desemprego já não é tão mau assim. A economia de rua ainda não se ressente.
Pensões mantêm-se inalteradas.

A economia privada recuou pouco, com as exportações a ajudarem bastante, e o financiamento ainda se aguenta com LTRO's e companhia.
O desespero dos jovens desempregados e a construção em depressão é que foi o canário na mina.

É adiar o mais possível
Concordas?