30 de abril de 2012

Dêem à austeridade uma chance: vá lá! (1º Post: Portugal)

Caros leitores e leitoras, num artigo quase brilhante de Peter Tchir da TF Market Advisors no Zerohedge, este informa-nos sobre os problemas desta nova (velha) onda ideológica que assolou a Europa de que a Austeridade é má e o Crescimento é que é bom. Nada como um bom maniqueísmo para salgar as coisas.
O artigo analisa em retrospectiva o PIB e a dívida pública a 3 países da Europa entre 2000 e 2012.

Temos dado a maior importância a este tema do Crescimento vs Austeridade aqui e aqui.

O artigo está em inglês. Caso tenham dificuldade em compreendê-lo, façam um comentário e poderemos traduzi-lo. E por ser extenso dividi-mo-lo em 3 posts:
1ª Post incide sobre Portugal; 2º sobre Itália; 3º sobre Espanha.


Give Austerity A Chance: Growth Spending Failed
The markets may decide to play along with the renewed talk of growth and the death of austerity, but it is shocking how quickly writers and the media have latched on to the idea that growth will somehow save us and that the entire problem is the fault of austerity.
Although it seems like it has been around for awhile, austerity is fairly new.  I don’t think Greece even got nailed with austerity until May of 2010.  In September 2010 when EFSF and ESM were first officially launched, Portugal and Ireland were both contributing members.  The first time austerity was mentioned in Spain and Italy had to be the summer of 2011, if not later?
Until that time, I assume growth was part of the policy of most countries?  I find it hard to believe any country engaged in an anti-growth policy?  Was not every policy in Europe, up until at least 2010 if not beyond, actually a “growth” policy?  Why did they fail to create enough growth to stop the debt crisis?
Ah, that is the other problem.  It isn’t just growth that is needed, certainly not to comfort the bond market, it is growth that surpasses the amount spent (borrowed) to create it.
Portugal
 
So Portugal has been mired in weak economic growth since 2001.  It spent most of the decade with growth between 0 and 2% and had two significant downturns.  The entire time, debt to GDP was increasing.  Was Portugal not “spending” the entire low growth period from 2003 until 2008?  It is possible that they kept “spending” to get some “growth” KNOWING that in the future things would be better?
This period is important.  There was low growth, yet the debt was increasing at a faster rate.  Why? The best guess is that they were spending trying to achieve better growth.  It didn’t work.  2008 hit, and growth was a disaster, which led to even more spending, but then growth slowed and took a turn for the worse, even BEFORE austerity hit.
The spending bubble to get through the 2009 period, aided by the global turnaround, failed to create sustainable growth.  Portugal was already seeing their economy deteriorate before austerity came into play.  Why?  Because the debt burden had grown so large that a country with a weak, deficit inflated economy couldn’t afford to maintain.
Has austerity made it worse?  Possibly, but the economy did worse in 2009 than it is doing now, so we shouldn’t underestimate Portugal’s ability to outperform to the downside.  Peopled seemed comfortable spending for 10 years with minimal results, but a year into austerity (amidst a global slowdown), and suddenly austerity is bad?  Portugal took a decade to judge that spending was not achieving growth, and in about a year has decided to go back to that?
And yes, austerity does have a near term negative impact to growth.  That was known going into it.  In fact it is basic math, so expecting cuts not to result in some economic slowdown is either the result of naivety or being too lazy to do some basic math on GDP calculations.  Some austerity measures have a bigger near term impact than others, but to expect no impact, especially in a weak global economy is just wrong.  The key is what the situation will be like in a year.  Yes, a year is a “long” time, but still, why are we so quick to judge?
On Portugal, it looks like spending to achieve growth failed miserably, and possibly caused the problem, and the rush to the conclusion that somehow austerity is to blame seems premature if not completely incorrect.

6 comentários:

Jorge disse...

Não posso deixar de fazer um comentário a este artigo.
A meu ver nem a austeriadade nem a despesa(investimento) são os bichos papões. A auteridade focado num ponto da economia e não no todo, e a despesa fraudulenta (PPP, Energia, gastos supérfulos...) em suma a corrupção, e o enriquecimento à conta do estado é que não são bons.
Se pensarmos bem tanto a Austeridade "direccionada" como a Despesa fraudulenta têm o mesmo objectivo e o mesmo resultado roubar o bem de todos para os bolsos de alguns. E é aqui que toda a economia erra ao implementar sistemas racionais e matemáticos, com pessoas (Emocionais e raramente lógicas). Equanto continuarmos neste sistema político não vamos lá.

Tiago Mestre disse...

Jorge, benvindo..

Se hoje o estado tem de despesa 81 mil milhões e receitas 65 mil milhões, como é que diminuímos esta diferença?
Ou a receita iguala a despesa ou a despesa iguala a receita.

A 1ª opção já não é mto viável, resta a 2ª, a tal austeridade sobretudo do lado da despesa e a redução dos negócios sujeitos a fraude.

A austeridade será sempre direcionada porque é preciso fazer escolhas.

Infelizmente qdo a classe política é moralmente dúbia, as escolhas incidem naqueles que menos se consegue defender: salários e pensões. Mas são tb estas as principais rúbricas.

Pensões e subsídios já chegam aos 35 mil milhões/ano, mais de 40% da despesa. Se não se mexe aqui é difícil obter resultados.

Já reformas estruturais e renegociações de contratos com PPP's e companhia continuamos à espera da sua execução...

Oxalá haja coragem, mas será mais "para inglês ver" do que outra coisa.
Algumas renegociações de PPP's poderão não ser objeto de consenso, auto-estradas por exemplo, e o parceiro privado vendo-se lesado poderá querer abandonar a exploração. Estou-me a lembrar da A23, por exemplo, em que a Sonae não queria assumir a exploração face às alterações que o governo PSD queria. Não sei como acabou esta história, mas duvido que a Sonae tenha acatado tudo o que o governo queria.

Fechavam-se as entradas e saídas e ficava o "menino" ali.
Ninguém quer ficar conhecido por fechar ou desativar infra-estruturas.

É difícil encontrar estadistas com coragem para assumir estas posições.

Jorge, onde é que encontramos estadistas?
No Pitão das Júnias em Trás-os-Montes, ou em Almodôvar no Alentejo?

Antigamente, o sucessor do Dalai Lama falecido era "procurado" pelas aldeias do Tibete. O Escolhido tinha que ser muito jovem e teria que revelar qualidades que só os experts descortinavam!

Jorge disse...

Tens toda a razão.

Mas já sabemos quais os resultados que vamos obter.



Não pretendo que procuremos estadistas são raros e mesmo que existissem não conseguiriam fazer praticamente nada. A única coisa que podemos fazer é descobrir a verdade e sermos todos chamados à nossa responsabilidade (claro que isto exige uma mudança profunda no nosso regime), e aí sim aplicarmos todas as receitas que sabemos serem necessárias.

Isto poderia ser extremamente doloroso, mas sem esta mudança não vamos lá e vai ser doloroso na mesma.


Sei que isto parece ingenuidade, mas é a única réstia de esperança que ainda tenho para o nosso país.



Como pessoas não somos melhores nem piores do que outras pessoas noutros países, somos até melhores do que a maioria. Acredito no verdadeiro capitalismo, e acredito também que é da responsabilidade colectiva (nossa, minha de todos), educar e desenvolver sistemas que proporcionem bem estar (saúde, etc...). É aqui que falhamos como colectivo como equipa.



Daí que sem alterar-mos este paradigma de como nos governamos a nós próprios obteremos sempre os mesmos resultados e todo o esforço que fizermos é inconsequente.



Não sei que será mais utópico, se Eu na minha ingenuidade ao propor esta solução, se Tu na esperança de que com isto só, se resolva alguma coisa.

Tiago Mestre disse...

Jorge, também acredito que mudamos pouco ou nada. Somos é mais ou menos condicionados consoante o ambiente em que estamos inseridos, e por aí forçamo-nos a adaptar.

E por muito que no custe, será o ambiente adverso que nos obrigará a mudar. O processo já está em curso. Os portugueses terão que igualar o consumo à produção porque dinheiro emprestado e viver de forma levitada acabou. UI, e como este ajuste irá doer.

Não serão estadistas que mudarão as coisas, como dizes, mas fazer o exercício de pedir à população os melhores que esta consegue produzir é que acho que vale mesmo a pena.

Estou cá para ajudar os melhores e deixar à sorte os piores!
É a minha veia protestante e reformista a falar..

Filipe Silva disse...

O problema é as pessoas continuarem há espera de que venha alguém que lhes resolva o seu problema, só nós podemos resolver os nossos problemas.

Todas as decisões que tomamos são de exclusiva responsabilidade nossa, existiram circunstâncias que nos influenciam mas a decisão é nossa.

Em relação há situação é normal e natural, a sociedade social democrata não é nada mais que socialismo, e cada vez vemos mais economia de direcção central, algo que já se demonstrou que não funciona.

As pessoas se parassem para pensar e se informassem melhor, as coisas seriam diferentes.
Por isso sou contra o ensino público, dado que existe o incentivo a diminuir a capacidade de pensar pela própria cabeça, de forma a tornar mais fácil o controlo e levar ao comportamento de ovelha nas pessoas.

Enquanto não existir uma libertação mental das pessoas, as coisas continuaram na mesma, o cheiro poderá ser diferente.

Jorge disse...

Concordo com vocês.

Só nós é que podemos mudar esta situação e é isto que os mercados não querem.


Claro que o que é publico está desvirtuado, tudo desde a educação à saúde, a agua a energia.
Contudo continuo a ter a certeza de que este tipo de despesas são da responsabilidade do colectivo (não estado como o vemos hoje), mas colectivo na mesma, até porque como indivíduos temos a responsabilidade e o beneficio do colectivo. Todos os nossos problemas ficariam resolvidos se esta responsabilidade fosse visível e tangível por nós.


Pagávamos, claro que sim..., mas isto tornar-nos-ia mais responsáveis, exigentes e interventivos e com vontade de resolvermos os nossos próprios assuntos. Assim estes esforços seriam muito mais fáceis de passar (seja o que for era a nossa decisão), e os resultados esse sim seriam incontestáveis e de certeza mais eficazes.

Decididamente é o que nos falta para sermos um pais como à 900 anos fomos. Baseados no poder colectivo e não na porcaria das elites que só olham por eles próprios.