30 de janeiro de 2012

Terá a Alemanha capacidade para liquidar as dívidas da malta do sul da europa?

Caros leitores e leitoras, há muito que andamos a ouvir de algumas autoridades políticas, tanto portuguesas como europeias, e também de muitos opinion makers, da necessidade da Alemanha intervir e a judar os países mais "fracos".


Mas há uma pergunta que deve ser colocada: Terá a Alemanha dinheiro para o fazer?

Houve um grupo económico alemão (CES ifo Group) que se deu ao trabalho de fazer as contas, a saber:

- 22 mil milhões para o 1º primeiro resgate à Grécia acordado em Maio 2010;

- 1,8 mil milhões devido à percentagem da Alemanha no FMI (6%) para esse mesmo resgate;

- 12 mil milhões devido à percentagem da Alemanha no orçamento da UE (20%), também para esse mesmo resgate;

- 253 mil milhões para o EFSF (FEEF em português) estabelecido em Junho 2010, como valor referente a uma percentagem de 27,1%;

- 15 mil milhões devido à percentagem da Alemanha no FMI (6%) no contributo desta instituição ao EFSF;

- 94 mil milhões devido à percentagem da Alemanha no BCE (27,1%). Inclui-se a percentagem de Portugal, Grécia, Irlanda, Itália e Espanha pelo facto destes píses não poderem assumir os seus compromisso junto do BCE, elevando a percentagem da Alemanha para 43%;

- 237 mil milhões através do programa Target2 do BCE. Basicamente o BCE pede emprestado de alguns bancos centrais (de países mais fortes) para emprestar a outros bancos centrais (ultimamente a países mais fracos).

Tudo somado dá a módica quantia de 635 mil milhões de euros de exposição da Alemanha ao resto da Europa. Será isto credível? Até quando os credores alemães aceitarão tal política? Este valor representa 27% do PIB alemão!!

Fica ainda em falta o contributo da Alemanha para o novo mecanismo ESM, aprovado em cimeira europeia em 2011, a iniciar supostamente ainda em 2012 ou inícios de 2013. Se o seu valor for de 600 mil milhões, perspectiva-se que a Alemanha entre com mais de 250 mil milhões de euros

A crise das dívidas soberanas é uma verdadeira torneira aberta que não tem fim. Continuar o seu financiamento é entrar em território muito perigoso para os países que "ainda" são supostamente fortes. Até quando a classe política alemã aceitará tal drenagem de riqueza de um lado para o outro?

Tiago Mestre

2 comentários:

Vivendi disse...

Boa tarde,

Bom post. Creio que tem um lapso apenas na percentagem do PIB Alemaha ao apoio financeiro, de 27%, pode verificar essa questão?

Tiago Mestre disse...

Viva!
Para qualquer dúvida consulta a minha fonte:

http://www.cesifo-group.de/portal/page/portal/ifoHome/B-politik/_Haftungspegel

Tiago Mestre