Caros leitores e leitoras, a suspensão das obras do Marão é um caso evidente de como o pedido de dinheiro emprestado para financiar obras e outros empreendimentos corre riscos que nem sempre são medidos.
O financiamento do Túnel do Marão começou por ser realizado por várias entidades bancárias, que foram emprestando dinheiro aos consórcios privados para o irem construindo. A certa altura os credores entraram numa espiral de desconfiança e cortaram radicalmente as fontes de financiamento.
Não havendo riqueza interna no país e nas construtoras para que as obras avançassem mesmo sem financiamento, a suspensão das obras foi o único cenário em cima da mesa. Desde há 7 meses que as obras estão paradas, os trabalhadores foram mandados embora e as máquinas regressaram aos estaleiros.
Este paragem das obras do Túnel é uma consequência dos muitos disparates que se cometeram durante anos a pedir dinheiro emprestado ao exterior sem disciplina e sem se fazerem contas de sustentabilidade. Algum dia os credores teriam que dizer: Basta.
Agora resta saber se a obra fica por ali ou se se aguarda que alguém se chegue à frente para enterrar o dinheiro.
Já sabemos hoje que as SCUT recentemente portajadas perderam tráfego na ordem dos 30% a 45%. Os investidores internacionais também já estão na posse desta informação.
Com a auto-estrada Amarante-Bragança, onde se inclui o Túnel do Marão, a realidade não será diferente. Atrevemo-nos a dizer que a quebra de tráfego poderá ser superior devido à fraca economia daquelas regiões. O PIB per capita no interior transmontano é muito baixo e na zona do Alto Douro é dos mais baixos de toda a zona Euro. Não se podem esperar milagres numa zona já anteriormente apelidada por economistas de renome como "economicamente deprimida".
É caso para dizer que não se vê luz ao fundo do túnel.
Tiago Mestre
Sem comentários:
Enviar um comentário