13 de janeiro de 2012

Mario Draghi na terra do cor-de-rosa (Parte 2)

Caros leitores e leitoras, ontem, quando escrevemos o último post, não sabíamos que a S&P iria descer hoje a notação de vários países europeus.
Mas tal decisão só reforça a nossa opinião de que Draghi quer forçar a realidade a ser cor-de-rosa.

Infelizmente tal não é possível, e a quantidade de "tretas" que Draghi disse ontem já foram todas elas eclipsadas para o espaço sideral.

Para Portugal, esta decisão da S&P em baixar a notação de vários países significa que as condições de financiamento se agravarão. Como sabemos, Portugal recebe dinheiro emprestado a partir de um veículo financeiro europeu que por sua vez pede dinheiro ao planeta, denominado EFSF. A qualidade deste veículo financeiro depende da notação dos países que lhe servem de garantia, nomeadamente os países triplo A. E se estes deixam de o ser, o EFSF perde a sua qualidade também.

Todo este esquema que a Europa montou de pedir dinheiro ao exterior para ajudar os países tecnicamente insolventes, como Portugal, baseia-se no pressuposto de que os credores vão marcar sempre presença nos leilões de dívida que a Europa emite. Esqueceram-se que os credores e as agências de notação não são parvos e rapidamente percebem a farsa financeira que foi montada.

Para mal dos nossos pecados, não existe outra solução senão pedir o incumprimento parcial ou total da dívida soberana, tanto portuguesa, como grega, espanhola, etc, etc. A Grécia caminha para os 100% do incumprimento (incumprimento total), e o BCE levará por tabela, já que quando a Grécia disser que não pagará, as dezenas de milhares de milhões de euros de dívida grega inscritas no balanço do BCE terão que ser declaradas como perdas, tornando o BCE ainda mais insolvente do que já é hoje.

 Economias que crescem a 0% não podem pedir dinheiro emprestado a 5% ou 6% ou 10% ou a 100%. Algum dia os credores percebem que o caminho é insustentável e cortam o crédito. Tão simples quanto isto.

Tiago Mestre

Sem comentários: