Caros leitores e leitoras, no dia em que Mario Draghi, presidente do BCE, anunciou à comunicação social que os esforços do BCE estão a dar resultado, os juros a 1 ano da Grécia estavam a bater o recorde de.. esperem ... 400%. Isso mesmo. Nem sabemos bem como qualificar tal disparate de juro., mas enfim. Ou então Draghi já fala sem pensar na Grécia, que é como quem diz, Grécia já está informalmente fora do euro.
Mario Draghi afirmou que as taxas de juro da Itália e da Espanha estavam a descer: esqueceu-se da maturidade a 10 anos da dívida italiana que ronda os 7% no mercado secundário. É verdade que as taxas de juro das maturidades abaixo de 3 anos desceram muito nesses países nos últimos dias, mas devido à extensão da maturidade de 1 para 3 anos do programa LTRO que o BCE implementou. Ou seja, o risco de se emprestar a Itália e a Espanha até 3 anos deixou de estar do lado dos investidores para estar também do lado do Banco Central, na medida em que este decidiu emprestar dinheiro aos bancos para esse mesmo fim.
Perguntamos nós: e se alguma destas instituições financeiras for à falência e deixar de pagar ao BCE esse mesmo empréstimo que contraiu no passado?
Bom, pelo andar da carruagem parece-nos que antes de ir à falência a instituição será "salva" com dinheiro dos contribuintes e talvez do BCE, logo a pergunta nem se põe! Ou seja, a falência como mecanismo natural do capitalismo e da evolução de todo o sistema está simplesmente banida. Acham os leitores que o sistema irá melhorar com estas manipulações grosseiras? Não, não vai, porque o sangue está a ser drenado e a ser substituído por um soro qualquer.
É neste estado de falta de moralidade que se decidem as macro-políticas europeias. Os banqueiros agradecem a cortesia e a generosidade da classe política, correndo mais riscos e tornando os bancos castelos de cartas ainda maiores. Aguardamos para ver.
Tiago Mestre
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