16 de janeiro de 2012

Mario Draghi na terra do cor-de-rosa (Parte 3)

Caros leitores e leitoras, segundo uma notícia hoje avançada pelo site Zerohedge, todo o dinheiro que o Banco Central Europeu emprestou aos bancos em Dezembro de 2011 segundo o programa LTRO, que já falámos aqui no Contas, foi novamente depositado pelos mesmos bancos no... BCE.

É estranho, mas é verdade.

O BCE emprestou muitos biliões de euros com juro de 1% ao ano com maturidade de 3 anos aos bancos europeus, na esperança de que estes fossem a correr comprar dívida soberana. Apesar de terem havido compras de dívidas problemáticas com maturidades inferiores a 3 anos nas últimas semanas, a verdade é que os bancos preferiram voltar a meter o dinheiro no BCE com uma remuneração de 0,25% ao ano. Ou seja, preferem perder dinheiro com um spread negativo de 0,75% (1-0,25) do que comprar dívida soberana de qualquer país.

Com uma constatação destas, como pode um presidente do BCE vir falar de sinais fortes que os investidores estão a dar na retoma da confiança nos mercados de dívida soberana dos países europeus? Só se for na terra do cor-de-rosa!

Tudo isto é propaganda política, apenas e só na tentativa de atirar areia para os olhos e trazer novamente os investidores ao mercado falido das dívidas soberanas. Para quando um ataque de honestidade e de coerência por parte destes líderes políticos europeus? É que os mercados agradeciam e as penalizações não seriam tão graves como se especula. Qualquer investidor prefere saber o terreno que está pisar, mesmo que seja um lamaçal, do que andar a ser enganado de que tudo é estrada e estar permanentemente a apalpar terreno na esperança de não se atolar.

Tiago Mestre

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