Quando François Hollande convenceu a esquerda inteira de que Sarkozy estava a abusar na austeridade, acabou por comprar milhares, senão mesmo milhões de votos. Deveria ter equacionado que tanto voto comprado exige contra-partidas, e estas eram bem claras:
AUSTERIDADE? JAMAIS
É por isso que agora enfrenta o seu primeiro teste de coerência no parlamento, e como é de prever, já chumbou.
Convencer os seus próprios deputados a assinar a tal regra dourada que Merkel impôs há uns tempos, exigindo que as contas públicas tendam para 0% de défice não é fácil.
Este é o princípio do fim da carreira política de François Hollande porque os cortes na despesa terão que ser inevitáveis no futuro próximo.
Agradar hoje na obrigação de ser incoerente amanhã não conquista votos, apenas os compra.
Até já se fala sobre o fiasco da consolidação das contas públicas portuguesas em Paris apenas para justificar o logro que é tentar equilibrar o orçamento público.
Notícia aqui
Para aprenderem, estes franceses precisavam de um John Law a cada 50 anos. Talvez assim não se esquecessem tão rapidamente de que são as decisões difíceis que valem a pena, porque as outras, as fáceis, só adiam o inevitável.
Tiago Mestre
3 comentários:
Socialism does not work...
Começo a perceber porque a Alemanha consegue ser o país que é.
Lendo Mises (nunca tinha lido nenhum livro escrito por ele, apenas passagens, artigos avulso), fico espantado com a qualidade do individuo, interessante é que põem em cheque muito do que é leccionado nas universidades e fala sobre coisas que não são leccionadas e deviam, como a teoria do valor.
Quando mete em cheque os grandes clássicos anglo sáxonicos como Smith e Ricardo fantástico, ficou a perder por escrever em alemão, estou a ler um tradução de 1953 do livro que escreveu em 1912 The Theory of money and credit, complexo mas super interessante.
A escola austríaca é sem duvida fantástica.
É pena ninguém com capacidade de poder, seguir esta escola e insistirem no keynesianismo e monetarismo, que não são mais que limitadoras da liberdade e planeamento central.
Pode ser que seja desta forma que nos livramos do Estado Social
Nietzche dizia algo como não há nada mais inhumano, egoísta e maldoso que os moralistas.
É certo que nos apresentem belos princípios; é necessário cuidar dos pobres, os fortes têm de ser solidários com os fracos, não é bem enriquecer à custa dos outros, a miséria tem os seus lados bons etc.
Assim montam-se sistemas de apoio aos fracos e obriga-se os fortes a pagar por eles. Mas a prazo os fracos já não querem erreguerem-se pelas suas próprias forças porque como são apoiados não é necessário, os fortes constatando isso e vendo que pagam cada vez mais a cada crise que passa (pois a cada crise há mais fracos por proteger, e os que já eram não saiem de certeza da sua má sorte nesses momentos) vão se embora porque estão fartos de pagar pelos outros sem ter nada em troca.
Enquanto isto os moralistas fustigam mais ainda os fortes por o país se ter tornado mais desigual, os fracos convencem-se disso e tornam-se ainda mais ociosos e reclamam mais mas os fortes acabam por desaparecer por causa desse cíclo vicioso.
A sociedade empobrecem cada vez mais e torna-se cada vez mais desigual. Mas desta vez o fosso não está entre os fracos e os fortes, mas sim entre os moralistas e os fracos. Os moralistas conseguiram assim o exacto inverso do que os seus princípios queriam obter. Os novos fortes são eles, só que ao contrário de antigamente em que era possível a um fraco virar forte ao ser "brutal", agora em impossível ou muito difícil porque os moralistas não vivem de rendimentos próprios mas de aqueles que o sistema lhes oferece. Ora como o sistema já está esprimido o que resta vai para aqueles que já estavam instalados.
(Enquanto escrevo isso já se sabe que a execução orçamental portuguesa é minável e deve tudo aos impostos, que o Governo espanhol prepara um orçamento que aumenta a despesa pública, a Grécia está a tentar obter um contrato para ter um circuito de F1, e o Tribunal de Contas italiano insurge-se com uma redução do défice feito a 70% pelo lado da receita)
Esta do Hollande foi tão previsivel.
Penso que com o tamanho e visibilidade que a França tem, foi o ultimo socialista a apregoar mundos cor de rosa e ganhar as eleições.
Ficará para a história.
O pai de um amigo meu Francês dizia em 2008 0ou 2009 que estava preocupado com o nível de divida de França - ia nos 60 e tal %.
Como estará ele agora!
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