13 de outubro de 2012

Meu Querido mês de Outubro

Caros leitores e leitoras, nesta minha ânsia de tentar perceber como se movimenta o mercado de ações, desde Agosto que tento seguir o índice português na sua generalidade e perceber como correm as "coisas".

No post Meu Querido Mês de Agosto de 3 de Setembro de 2012, escrevi o seguinte:

Posso-me enganar, mas parece que o cenário está montado para que as esperanças vãs continuem no ar, e com isso os investidores corram atrás da carruagem de Draghi.

É nossa crença que o Tribunal Constitucional alemão dará parecer favorável ao ESM reforçado, não porque  tal instrumento seja constitucional, mas porque as consequências para os próprios juízes de o rejeitarem serão enormes.
E Draghi, com poder para imprimir notas, continuará a prometer dinheiro caso os países assumam a necessidade de resgate.
Se, se, se, se, e mais se, mas suficiente para fazer os investidores apanharem a boleia.


Acreditamos que o sedativo Draghi/Bernanke continue a fazer efeito por mais algum tempo.


E no post Meu Querido Mês de Setembro de 20 de Setembro, escrevi isto:

Em 17 dias o índice passou de 5050 para 5337, valorizando 5,6%...   Nada mau!

Não acreditamos que este ciclo se mantenha, e porquê?
-  Os estímulos positivos que Draghi, Bernanke e Merkel deram aos mercados durante Agosto e Setembro são tão avassaladores na sua amplitude de impressão de dinheiro que dificilmente poderão apresentar algo ainda mais estimulante daqui para a frente;


Agora que chegámos a Outubro, é já passaram 23 dias desde o último post, parece-nos a altura certa para mais uma sintética análise:




Em 23 dias, o índice passou de 5337 para 5360, valorizando 0,4%...   É muito pouco!

Nestes dias que passaram, a droga Draghi/Bernanke já não teve o efeito desejado, e dificilmente continuará a ter, conforme julgávamos a 20 de Setembro.
Todo o dinheiro disponível na banca portuguesa de investimento e na banca comercial parece-nos estar a ser canalizado em grande parte para as obrigações soberanas portuguesas. Os recentes leilões de dívida têm demonstrado esse regresso da confiança.
E como acreditamos que são os bancos portugueses que estão a comprar em barda, tanto à procura de yield para ganhar umas massas como pela necessidade de mostrar títulos de dívida como colateral ao BCE para adquirir mais e mais dinheiro, o mercado de ações ficou certamente um bocadinho em segundo plano.

O que tem acontecido nestes últimos 15-20 dias é uma espera prolongada acompanhada de um certo otimismo por parte da comunidade internacional de investimento de que o pedido ou não pedido de resgate pela Espanha é apenas uma questão de quando. A UE e o BCE já vieram dizer que estão a postos, e isso é mais do que suficiente para os investidores se anteciparem: buy the rumor sell the news. De certa forma o resgate a Espanha já está priced in, pelo que, quando tal acontecer, não perspetivo grandes mudanças nos mercados de ações, incluindo o de Portugal.

O que está a fazer cada vez mais comichão aos políticos europeus são os indicadores económicos, sobretudo os da Alemanha e de certa forma dos EUA, porque no resto dos países europeus há muito que já se sabia que isto iria descambar mais cedo ou mais tarde.
Mas curiosamente, os mágicos europeus têm conseguido lançar estímulos que têm disfarçado aos olhos dos investidores o descalabro que é a economia ocidental atual, e o que deveria ser, consequentemente, os mercados de ações, que não são mais do que o capital social das empresas aberto à comunidade.

Só mesmo um epifenómeno poderá alterar este estado de coisas, como sugeri no último post com a falência do Morgan Stanley, mas que se não se efetivou.
Talvez os conflitos Israel/Irão, Turquia/Síria ou o abandono do dólar pela China em TODAS as suas transações internacionais.
Resta-nos especular.

Tiago Mestre

Sem comentários: