17 de outubro de 2012

Mamma Mia

Ui, a coisa está feia:



A mentira e a incoerência podem ganhar eleições, mas da mesma forma que as ganham, também as perdem.

A declaração deste coordenador do PSD revela, mais uma vez, a quantidade de mentiras e cobardias políticas a que este gente se sujeitou antes das eleições e já depois delas. Não querem cortar na despesa porque é incómodo e com isso perdem votos, mas sabendo que é isso que deve ser feito. E exigem ao CDS, que também cobardemente se remeteu ao silêncio para não perder votos, que diga onde se deve cortar na despesa para evitar o "enorme aumento de impostos", e as opções que este coordenador do PSD dá são bem simples: ou corta na saúde ou na segurança social. Agora Portas que escolha.

Ninguém se chega à frente porque ninguém se quer queimar. Que pobreza de gente. Dão razão aqueles leitores do Contas que já têm a consciência de que a democracia só perpetua gente que não presta, e que à primeira dificuldade, defendem primeiro o partido e só depois, em último, mas mesmo último caso, o país.

É preciso chegar-se a estes momentos de grande gravidade na vida política nacional para que a verdade dos factos emerja do sono profundo a que os políticos a submetem.

Quantas vezes se escreveu aqui no Contas que a despesa tem que ser cortada em 10 mil milhões só para começar, e que para tal acontecer tem que se ir ao osso, às rúbricas de que toda a gente foge, como o SNS ou a Segurança Social, parafraseando este coordenador do PSD.

Isto faz-me lembrar quando tenho que efetuar desinfestação a equipamentos de cozinha que estão cheio de baratas. Quando aplico o Dum Dum, é vê-las desgovernadas a saltar por ali fora.

É tudo um jogo de espectativas, e da mesma maneira que o povo não gosta de ouvir coisas desagradáveis, é por isso que eles mentem, também não gosta de ser enganado, e é por isso que eles saem.

E parece que já se pede a Cavaco Silva uma resposta enérgica a uma eventual rutura da coligação.
Como? A Cavaco Silva? O homem nem tem coragem para defender ideias quando elas são desagradáveis de ouvir, quanto mais pegar nas mãos a formação de um novo governo nesta fase do campeonato.

Uma crise destas, com o resgate da troika a meio e sem sucesso algum, parece-me que a Grécia está cada vez mais próxima de nós. Daqui de Lisboa até acho que já vejo o Partenon bem lá no alto da Acrópole.

Eu não queria que Portugal chegasse a este ponto, apesar de que era esse o meu "feeling", e sinto-me triste por ter a consciência de que já é tarde demais, outro "feeling" que preferia não ter, mas a matemática e os atos políticos desta gente não me deixam grande alternativa.

Tiago Mestre

1 comentário:

Anónimo disse...

Totalmente de acordo, infelizmente.
Mas, isto tem a ver com a dieta para alguns, apesar de muito pouca, já está a incomodar.