A notícia é do ZeroHedge, que cita o Vox Populi.
Escrevi mais do que uma vez sobre este fenómeno quase ridículo de recessão somada a inflação que está a acontecer na Grécia e cá em Portugal. Post de 01 Março, Post de 14 Março, Post de 15 Março, Post de 14 Maio, Post 16 Agosto e mais recentemente a 13 de Outubro
É que mesmo com os salários e as pensões a perderem valor todos os anos, a inflação teima em continuar.
Só podemos atribuir este fenómeno a duas grandes realidades:
1. A quantidade de dinheiro emprestado (dado) que inunda o país a fim de:
Manter os bancos a salvo da insolvência,
Permitir às empresas manterem as suas operações no dia-a-dia,
E o Estado continuar a garantir o pagamento de salários e pensões.
2. E a suspensão do fornecimento de bens transacionáveis das prateleiras dos supermercados pelas empresas produtoras/revendedoras.
E o que é que acontece quando temos mais dinheiro a perseguir menos produtos?
INFLAÇÃO num país em recessão, ou em inglês "Stagflation"
Numa situação "normal", a recessão induz deflação, porque havendo menos dinheiro a perseguir os mesmos bens, é natural que o preço destes acabe por cair.
Mas também se pode dar o caso de os bens estarem a desaparecer mais depressa do que o poder de compra, e com isso haver inflação mesmo em clima recessivo.
Nos casos português e grego, parece-me que a inflação surge por haver excesso de dinheiro importado e em algumas situações, escassez de bens para serem transacionados. Não nos podemos esquecer que muitos dos produtores, quer domésticos, quer internacionais, estão a fazer contas de cabeça, e caso não haja a rentabilidade pretendida em Portugal, tiram os seus produtos de cá e tentam vendê-los noutro sítio.
Mas na Grécia, em que o poder de compra encolheu sucessivamente desde 2007 e o PIB já roça os 20% de redução, alguém se lembrou desta ideia para tentar corrigir o problema do aumento de preços mesmo em contexto recessivo:
Permitir a venda de produtos com prazo de validade já expirado por mais alguns dias, com a exigência de que o seu preço baixe.
Enfim, nem sei bem por onde começar, mas aqui vai:
Como irá o governo grego controlar a redução de preços?
E como irá controlar o "novo" prazo de validade?
Pode a UE permitir tal risco alimentar?
E se houver casos graves de saúde em que se comprova que as pessoas ingeriram comida fora de validade?
O povo ficará divido em dois: aqueles que comem produtos dentro da validade, e os outros, os mais pobres ou mais necessitados, que irão comer fora da validade.
Esta medida revela a incapacidade do governo em controlar a inflação pelos mecanismos à sua disposição.
E ainda segundo o Vox Populi, de Agosto de 2011 para Agosto de 2012, o açúcar subiu 15%, ovos 6,8%, manteiga 3,2% e café 5,9%.
Com níveis de desemprego tão elevados e tanta falta de poder de compra, a inflação no preço dos bens essenciais (comida e energia) é mais uma machadada nas condições de vida do povo. E o governo grego julga que com medidas desta natureza, que não são mais do que um controlo de preços à boa maneira do planeamento centralizado, consegue reduzir a inflação?
In your dreams
Tanto quanto sabemos, o dinheiro continuará a chegar em barda via BCE, e as empresas produtoras/revendedoras que operam na Grécia fogem tão depressa quanto possível daquele terreno para não terem dissabores mais à frente.
Todos aqueles que pedem mais crédito e menos austeridade, se vissem mais do que um palmo à frente da cara perceberiam que lá mais à frente este problema irá colocar-se, mas enfim, como o objetivo dos keynesianos é salvar o dia, que se lixe o amanhã, e já agora, que se lixe a troika.
Os níveis de inflação que temos assistido em Portugal desde 2010 não são de um país em recessão, mas sim de um país que deveria estar a crescer 3 ou 4% ao ano.
Infelizmente não é esse o caso, e já todos sabemos como combater a inflação:
Produzir mais, e se possível, consumir menos.
O que está a acontecer na Grécia já ocorre de certa maneira em Portugal, mas como os holofotes ainda não estão para aí virados, o pessoal nem se apercebe do roubo a que está a ser sujeito.
Tiago Mestre
1 comentário:
A inflação deve-se ao aumento da massa monetária levado a cabo pelo BCE, como se sabe esta não atinge todos os preços ao mesmo tempo e de igual forma.
O que está a passar na Grécia e em Portugal é que como a produção de bens de primeira necessidade é fraca e são importados, se o preço aumenta no mercado internacional ou se o Euro perde valor o preço exigido nestes países aumenta.
Em Portugal já é normal baixar os preços em produtos em "fim de vida", mas existem produtos que não existe qualquer problema em passar o prazo de validade, por exemplo o exército americano, geralmente quando os medicamentos chegam ao fim do prazo reenvia para os laboratórios onde testam e se estiver ok metem outro prazo e siga para consumo.
Muitas empresas são muito conservadoras no prazo de validade.
Mas não resolverá nenhum problema, mas existe outra situação é a economia paralela, pode ser que essa diminuição do poder de compra não seja tão real, a economia paralela funciona como o melhor Estabilizador automático.
Mas veremos o que virá no futuro
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