Caros leitores e leitoras, 2011 passou a correr, pelo menos para nós. Mesmo no contexto económico complicado em que todos estamos metidos, resta-nos desejar um bom 2012 a todos, com saúde e sucesso quanto baste!
O Contas continua em 2012, na promessa de continuarmos com olhar crítico ao que se passa na economia portuguesa e mundial, sem perder de vista todos aqueles que nos mentem e que nos confundem só para que o seu poder perdure por mais um dia.
Acreditamos que será um ano cheio de surpresas e de dificuldades. Não queremos perder pitada porque acreditamos que estamos a viver um momento único da nossa história.
Tiago Mestre
31 de dezembro de 2011
28 de dezembro de 2011
O Planeamento centralizado já estravazou para o maior cartel do mundo: OPEP
Caros leitores e leitoras, sem grande alarido e mediatização, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiu a 18 Dezembro, "sem consultar o mundo", o seguinte:
A OPEP não excederá uma produção diária de 30 milhões de barris de petróleo.
Este valor é já hoje o que estes países produzem, e portanto os mercados não reagiram grande coisa, à excepção de que o petróleo mantêm-se teimosamente acima dos 100 dólares, mesmo com um arrefecimento grande das economias a ser já hoje uma evidência.
Talvez as tensões entre o Irão e vizinhos, nomeadamente a 5ª Frota Naval Norte-Americana, estacionada bem perto do estreito de Ormuz onde a força naval iraniana anda a realizar "testes" com duração de 10 dias, esteja também a contribuir para esta manutenção elevada dos preços do petróleo.
Já toda a gente percebeu que preços altos do petróleo significam arrefecimento ou mesmo recessão nos países mais desenvolvidos. A recessão está a chegar, as economias crescem umas décimas acima de zero e, em condições normais, os preços deveriam estar já a descer, mas... o consumo mundial continua teimosamente perto dos 90 milhões de barris diários, provocado sobretudo pela sede de petróleo dos países emergentes e também dos países que produzem mas que consumem cada vez mais, baixando a quantidade disponível para exportação.
Mas esta declaração da OPEP é muito interessante, a saber:
1. Estabelecer um tecto de 30 milhões, igualando a produção actual, permite a certos países da OPEP referir que baixaram a sua produção, não por quebra da produção, mas por "razões" da própria OPEP. Bela maneira de enganar o mundo!;
2. Quase todos os países da OPEP estagnaram a sua produção mas consomem cada vez mais, deixando cada vez menos petróleo disponível para os mercados internacionais. Manter a produção e entregar menos petróleo ao mercado internacional significa quebra na oferta;
3. A Agência Internacional de Energia estimava até há muito pouco tempo que o aumento do consumo mundial seria suportado quase em exclusivo pelos países da OPEP. Oops, tal premissa já não vale, e portanto terão que arranjar outro fornecedor (Marte) ou então aceitar a realidade de que o mundo não poderá consumir 95, 100, 105, 110 milhões diários de barris nas próximas décadas porque simplesmente ele não existe;
4. A corrida ao petróleo já começou há muitos anos, mas esta decisão da OPEC revela um novo passo: "Deixa-me guardar o que ainda tenho para ver se não me falta no futuro. Os outros que se lixem."
5. Países como a Arábia Saudita precisam do preço do petróleo elevado (acima dos 80 dólares) para cobrir as despesas adicionais que prometeram aos seus súbditos. Limitar a sua produção e consequente exportação significa preços mais elevados num contexto em que o consumo mundial "quer" continuar a aumentar.
6. Numa eventual escalada do conflito entre Irão e EUA/ Israel, a corrida ao petróleo originará picos de preço, na medida em que os fornecedores que poderiam "compensar" a quebra do Irão (4 milhões por dia), nomeadamente os colegas da OPEP, poderão não conseguir escoar a produção em tempo útil devido ao conflito na região.
7. Cada vez mais assistimos a estas decisões de governantes que, eleitos ou não eleitos, manipulam mercados e tomam decisões unilateralmente, sabendo que tais decisões afectam o planeta como um todo. A OPEP representa quase 40% da produção mundial de petróleo !! É este "salve-se quem puder" que começa a ganhar forma e rosto em todo o planeta.
Tiago Mestre
A OPEP não excederá uma produção diária de 30 milhões de barris de petróleo.
Este valor é já hoje o que estes países produzem, e portanto os mercados não reagiram grande coisa, à excepção de que o petróleo mantêm-se teimosamente acima dos 100 dólares, mesmo com um arrefecimento grande das economias a ser já hoje uma evidência.
Talvez as tensões entre o Irão e vizinhos, nomeadamente a 5ª Frota Naval Norte-Americana, estacionada bem perto do estreito de Ormuz onde a força naval iraniana anda a realizar "testes" com duração de 10 dias, esteja também a contribuir para esta manutenção elevada dos preços do petróleo.
Já toda a gente percebeu que preços altos do petróleo significam arrefecimento ou mesmo recessão nos países mais desenvolvidos. A recessão está a chegar, as economias crescem umas décimas acima de zero e, em condições normais, os preços deveriam estar já a descer, mas... o consumo mundial continua teimosamente perto dos 90 milhões de barris diários, provocado sobretudo pela sede de petróleo dos países emergentes e também dos países que produzem mas que consumem cada vez mais, baixando a quantidade disponível para exportação.
Mas esta declaração da OPEP é muito interessante, a saber:
1. Estabelecer um tecto de 30 milhões, igualando a produção actual, permite a certos países da OPEP referir que baixaram a sua produção, não por quebra da produção, mas por "razões" da própria OPEP. Bela maneira de enganar o mundo!;
2. Quase todos os países da OPEP estagnaram a sua produção mas consomem cada vez mais, deixando cada vez menos petróleo disponível para os mercados internacionais. Manter a produção e entregar menos petróleo ao mercado internacional significa quebra na oferta;
3. A Agência Internacional de Energia estimava até há muito pouco tempo que o aumento do consumo mundial seria suportado quase em exclusivo pelos países da OPEP. Oops, tal premissa já não vale, e portanto terão que arranjar outro fornecedor (Marte) ou então aceitar a realidade de que o mundo não poderá consumir 95, 100, 105, 110 milhões diários de barris nas próximas décadas porque simplesmente ele não existe;
4. A corrida ao petróleo já começou há muitos anos, mas esta decisão da OPEC revela um novo passo: "Deixa-me guardar o que ainda tenho para ver se não me falta no futuro. Os outros que se lixem."
5. Países como a Arábia Saudita precisam do preço do petróleo elevado (acima dos 80 dólares) para cobrir as despesas adicionais que prometeram aos seus súbditos. Limitar a sua produção e consequente exportação significa preços mais elevados num contexto em que o consumo mundial "quer" continuar a aumentar.
6. Numa eventual escalada do conflito entre Irão e EUA/ Israel, a corrida ao petróleo originará picos de preço, na medida em que os fornecedores que poderiam "compensar" a quebra do Irão (4 milhões por dia), nomeadamente os colegas da OPEP, poderão não conseguir escoar a produção em tempo útil devido ao conflito na região.
7. Cada vez mais assistimos a estas decisões de governantes que, eleitos ou não eleitos, manipulam mercados e tomam decisões unilateralmente, sabendo que tais decisões afectam o planeta como um todo. A OPEP representa quase 40% da produção mundial de petróleo !! É este "salve-se quem puder" que começa a ganhar forma e rosto em todo o planeta.
Tiago Mestre
BCE - Banco "mãos largas", mas com "bolsos vazios" (Parte 6)
Caros leitores e leitoras, assistimos no final da semana passada a um fenómeno curioso na esquisita relação relação entre BCE e os bancos privados.
Na semana passada o BCE emprestou a módica quantia de 490 mil milhões de euros a 523 bancos a uma taxa de juro de 1% com maturidade a 3 anos. Este programa de financiamento, denominado LTRO (Long Term Refination Operation) teve grande adesão por parte dos bancos já que a maturidade passou de 1 ano para 3 anos, tornando o produto financeiro muito mais apelativo.
Para os bancos se "candidatarem" a este financiamento precisavam de mostrar ao BCE que possuíam no seu portfolio obrigações soberanas de países aflitos, tal como a Itália e a Espanha. Com esta restrição os bancos são obrigados a possuir obrigações soberanas para obterem o dinheiro, e é isso que o BCE pretende, que estes não as vendam ao desbarato mas que as mantenham no seu portfolio.
Adicionalmente, o BCE quer que o dinheiro emprestado seja aplicado pelos bancos em mais obrigações soberanas, ajudando assim a baixar as taxas de juro insustentáveis com que se depara a Itália, sobretudo. Infelizmente apenas conseguiram baixar as taxas de juro das obrigações até 3 anos (claro, é a maturidade do empréstimo que o BCE concedeu), tendo as obrigações com maior maturidade (5 e 10 anos) sofrido pouca alteração, ou seja, a dívida da Itália a 10 anos mantêm-se bem acima dos 6%.
Paralelamente, o BCE não quer aumentar a circulação de moeda euro, com receio de inflação, e arranjou outro mecanismo para evitar tal cenário: propõe de tempos a tempos uma taxa de juro de 0,25% a quem deposite dinheiro no próprio BCE. Desta forma tenta neutralizar o excesso de dinheiro que colocou no mercado na semana anterior.
Tal operação foi realizada após a execução do LTRO e parece que quase todo o dinheiro que os bancos pediram anteriormente foi novamente depositado no BCE, mas a uma taxa de juro 75 pontos percentuais mais baixa (pediram o dinheiro a 1% e depositaram dias depois a 0,25%)
Pergunta: E porque é que os bancos fizeram tal coisa, sendo que estão a perder dinheiro com esta operação?
Resposta: Suspeitamos que o fizeram porque preferem financiar-se já a 1% junto do BCE e parquear o dinheiro novamente no BCE, para que quando precisem dele o utilizem onde bem lhes convier. Pelos vistos, não lhes convêm aplicá-lo nem obrigações soberanas nem... em nada. Está tudo a ver como correm as coisas. Aliás, preferem perder dinheiro do que arriscar a investir em alguma coisa, e obrigações soberanas não é certamente um "activo" desejável neste momento.
No fundo o BCE queria o melhor dos dois mundos:
- Imprimir dinheiro emprestando-o aos bancos sem criar inflação;
- "Guiar" os bancos para que invistam em obrigações soberanas e na economia europeia.
Meus senhores, não nos parece que tal quimera seja possível, e por muito que Draghi e Constâncio queiram que o céu seja o limite, há outros limites bem mais terrenos, como por exemplo a confiança entre indivíduos. Não havendo confiança, dificilmente conseguimos levar os outros para onde nós queremos.
Estas operações de financiamento e de depósito são esquemas, aldrabices financeiras, que tentam levar a manada para onde se quer. Mas a manada (o mercado) tem muita força, e se quiser mudar de direcção nada a impedirá.
Poderá dar-se o caso no futuro de os banqueiros não quererem nem depositar no BCE nem investir em obrigações, e investir em petróleo ou em metais, e aí sim, temos o cenário montado para que a inflação chegue em força à população. É com estes mecanismos aldrabados que lentamente se vai montando o cenário da inflação, a pouco e pouco. Neste momento o BCE já cedeu parte do seu poder a terceiros no controlo da inflação, ou seja, já cedeu uma parte do poder às decisões discricionárias de centenas de banqueiros espalhados pela Europa e pelo mundo, que apenas decidem em função dos seus interesses, e que por acaso tem coincidido com os interesses do BCE em evitar a escalada da inflação. Quando os interesses não coincidirem, "apertem o sinto de segurança".
Tiago Mestre
Na semana passada o BCE emprestou a módica quantia de 490 mil milhões de euros a 523 bancos a uma taxa de juro de 1% com maturidade a 3 anos. Este programa de financiamento, denominado LTRO (Long Term Refination Operation) teve grande adesão por parte dos bancos já que a maturidade passou de 1 ano para 3 anos, tornando o produto financeiro muito mais apelativo.
Para os bancos se "candidatarem" a este financiamento precisavam de mostrar ao BCE que possuíam no seu portfolio obrigações soberanas de países aflitos, tal como a Itália e a Espanha. Com esta restrição os bancos são obrigados a possuir obrigações soberanas para obterem o dinheiro, e é isso que o BCE pretende, que estes não as vendam ao desbarato mas que as mantenham no seu portfolio.
Adicionalmente, o BCE quer que o dinheiro emprestado seja aplicado pelos bancos em mais obrigações soberanas, ajudando assim a baixar as taxas de juro insustentáveis com que se depara a Itália, sobretudo. Infelizmente apenas conseguiram baixar as taxas de juro das obrigações até 3 anos (claro, é a maturidade do empréstimo que o BCE concedeu), tendo as obrigações com maior maturidade (5 e 10 anos) sofrido pouca alteração, ou seja, a dívida da Itália a 10 anos mantêm-se bem acima dos 6%.
Paralelamente, o BCE não quer aumentar a circulação de moeda euro, com receio de inflação, e arranjou outro mecanismo para evitar tal cenário: propõe de tempos a tempos uma taxa de juro de 0,25% a quem deposite dinheiro no próprio BCE. Desta forma tenta neutralizar o excesso de dinheiro que colocou no mercado na semana anterior.
Tal operação foi realizada após a execução do LTRO e parece que quase todo o dinheiro que os bancos pediram anteriormente foi novamente depositado no BCE, mas a uma taxa de juro 75 pontos percentuais mais baixa (pediram o dinheiro a 1% e depositaram dias depois a 0,25%)
Pergunta: E porque é que os bancos fizeram tal coisa, sendo que estão a perder dinheiro com esta operação?
Resposta: Suspeitamos que o fizeram porque preferem financiar-se já a 1% junto do BCE e parquear o dinheiro novamente no BCE, para que quando precisem dele o utilizem onde bem lhes convier. Pelos vistos, não lhes convêm aplicá-lo nem obrigações soberanas nem... em nada. Está tudo a ver como correm as coisas. Aliás, preferem perder dinheiro do que arriscar a investir em alguma coisa, e obrigações soberanas não é certamente um "activo" desejável neste momento.
No fundo o BCE queria o melhor dos dois mundos:
- Imprimir dinheiro emprestando-o aos bancos sem criar inflação;
- "Guiar" os bancos para que invistam em obrigações soberanas e na economia europeia.
Meus senhores, não nos parece que tal quimera seja possível, e por muito que Draghi e Constâncio queiram que o céu seja o limite, há outros limites bem mais terrenos, como por exemplo a confiança entre indivíduos. Não havendo confiança, dificilmente conseguimos levar os outros para onde nós queremos.
Estas operações de financiamento e de depósito são esquemas, aldrabices financeiras, que tentam levar a manada para onde se quer. Mas a manada (o mercado) tem muita força, e se quiser mudar de direcção nada a impedirá.
Poderá dar-se o caso no futuro de os banqueiros não quererem nem depositar no BCE nem investir em obrigações, e investir em petróleo ou em metais, e aí sim, temos o cenário montado para que a inflação chegue em força à população. É com estes mecanismos aldrabados que lentamente se vai montando o cenário da inflação, a pouco e pouco. Neste momento o BCE já cedeu parte do seu poder a terceiros no controlo da inflação, ou seja, já cedeu uma parte do poder às decisões discricionárias de centenas de banqueiros espalhados pela Europa e pelo mundo, que apenas decidem em função dos seus interesses, e que por acaso tem coincidido com os interesses do BCE em evitar a escalada da inflação. Quando os interesses não coincidirem, "apertem o sinto de segurança".
Tiago Mestre
24 de dezembro de 2011
Queremos gestores talentosos na indústria e na agricultura, e não nos serviços
Na edição do Expresso desta semana o suplemento da Economia traz a história de 5 rapazes e 3 raparigas que foram entrevistados em 2007, rondando todos os 30 anos e formados em gestão e engenharia, supostamente gestores com grande talento e uma carreira de sucesso à sua frente. Volvidos 4 anos verifica-se que o Expresso não se enganou nestas apostas, e realmente as carreiras progrediram.
Contudo, verifica-se que o seu sucesso como gestores é na área dos... serviços e na banca. Oops, e onde fica a indústria e a agricultura neste processo? Não fica.
Lamentamos informar mas Portugal e a sua débil economia não precisa de gestores talentosos no sector dos serviços, mas sim na indústria e na agricultura. Gerir serviços é bem diferente (mais fácil) do que gerir indústria ou agricultura.
Quanto mais o nosso PIB assenta nos serviços, mais negro é o nosso futuro. O sector terciário que hoje temos em Portugal é profundamente dependente de financiamento externo, pouco ou nada exporta e apenas acrescenta maior défice na nossa balança comercial. Nos serviços nada se produz, consome-se apenas.
Quem aprende na escola que o sector terciário permite o desenvolvimento dos países está a ser literalmente enganado, e quando faz eco destes ensinamentos aos outros promove a difusão de ideias erradas e que não se adequam à realidade do país.
Só o turismo no sector terciário é que ajuda a economia do país porque capta divisas estrangeiras, equivalendo às exportações, e promove o consumo de produtos nacionais, valorizando a produção do que é nosso, do que é tipicamente português e que não se encontra em mais lado nenhum no planeta.
Tiago Mestre
Contudo, verifica-se que o seu sucesso como gestores é na área dos... serviços e na banca. Oops, e onde fica a indústria e a agricultura neste processo? Não fica.
Lamentamos informar mas Portugal e a sua débil economia não precisa de gestores talentosos no sector dos serviços, mas sim na indústria e na agricultura. Gerir serviços é bem diferente (mais fácil) do que gerir indústria ou agricultura.
Quanto mais o nosso PIB assenta nos serviços, mais negro é o nosso futuro. O sector terciário que hoje temos em Portugal é profundamente dependente de financiamento externo, pouco ou nada exporta e apenas acrescenta maior défice na nossa balança comercial. Nos serviços nada se produz, consome-se apenas.
Quem aprende na escola que o sector terciário permite o desenvolvimento dos países está a ser literalmente enganado, e quando faz eco destes ensinamentos aos outros promove a difusão de ideias erradas e que não se adequam à realidade do país.
Só o turismo no sector terciário é que ajuda a economia do país porque capta divisas estrangeiras, equivalendo às exportações, e promove o consumo de produtos nacionais, valorizando a produção do que é nosso, do que é tipicamente português e que não se encontra em mais lado nenhum no planeta.
Tiago Mestre
23 de dezembro de 2011
Mais um ilustre a querer imprimir euros como se não houvesse amanhã !
Caros leitores e leitoras, mesmo em quadra natalícia, período de maior reflexão e reserva no que se deve dizer e no que se deve fazer, fomos presenteados com as afirmações de alguém, que, sendo desconhecido para nós, ainda é membro do painel do Banco Central Europeu. Este personagem chama-se Lorenzo Bini Smaghi e teve a ousadia de referir na comunicação social que o BCE deverá agir como a Reserva Federal Norte americana, e que estranha as "declarações quase religiosas a propósito da impressão de dinheiro". A notícia foi avançada pela edição online do Diário Económico.
Sobre a impressão de dinheiro já várias vezes abordámos aqui no Contas as consequências nefastas de tais operações.
Sobre aqueles que não querem imprimir dinheiro posicionarem-se num patamar "quase religioso", talvez o senhor Smaghi se deva recordar do Artigo 123º do Tratado de Lisboa e os deveres do BCE, onde nada refere que se deve imprimir dinheiro para liquidar as dívidas dos banqueiros e dos políticos irresponsáveis e indisciplinados à custa do cidadão comum, que vê o dinheiro perder valor devido à inflação que tais operações acarretam.
Mais, considera que tudo se deve fazer para evitar deflação !!!! Evitar deflação? Então nos últimos anos fomos brindados com inflação bem acima dos 2-3%, que é o valor de referência do BCE, e ainda nos fala do risco de deflação?? Este é o argumento típico de quem quer "preparar o cenário" para fazer valer as suas ideias, ou seja, usa a deflação como desculpa para sugerir políticas que têm como objectivo outra coisa, que é salvar os banqueiros em apuros.
Mas não acaba aqui, porque para este senhor, a deflação é uma coisa má. E perguntamos nós: É má porquê? A resposta "oficial" é que se os preços baixam então os consumidores deixam de consumir à espera que venha uma melhor oportunidade, e a economia sofre com esta suposta espera.
Este argumento é tão falacioso que até arrepia, então vejamos:
Algum de vós alguma vez esperou que o preço das televisões baixasse para a comprar? Ou quem comprou o iPhone 1 esperou que este baixasse de preço? ou ainda quem comprou um computador portátil esperou que este baixasse também de preço? A resposta esmagadora será: NÃO. Ou seja, temos assistido a deflação nos preços de bens de consumo electrónicos deste há décadas e O QUE ACONTECE É EXACTAMENTE O OPOSTO: MAIS GENTE COMPRA E MAIS A ECONOMIA BENEFICIA COM ISSO, SOBRETUDO QUEM PRODUZ.
É vêem estas "aves raras"dizer estas barbaridades para a comunicação social. Repudiamos tão veementemente quanto possível declarações falaciosas de gente que ocupa lugares cimeiros na instituição que gere a moeda Euro.
Gente desta a dizer (e a querer fazer) estas coisas é um perigo para cada um de nós, e não admira o lamaçal financeiro em que a Europa está medida. Os banqueiros quando ouvem esta malta dizer que está disposta a imprimir o dinheiro que for preciso para os salvar, não haja dúvida que mais apostas arriscadas farão com o dinheiro dos outros na tentativa de obter mais lucro, e caso corra mal, no problem, o BCE compra-nos os "activos tóxicos". E assim ficámos com bancos gigantescos, sem capitais próprios suficientes para cobrir as más apostas, e prontos a ruir a qualquer brisa que passe.
A má moral entrou no sangue das instituições europeias tal e qual como um vírus, que se espalha a uma velocidade exponencial rebentando com tudo à sua passagem.
Tiago Mestre
Sobre a impressão de dinheiro já várias vezes abordámos aqui no Contas as consequências nefastas de tais operações.
Sobre aqueles que não querem imprimir dinheiro posicionarem-se num patamar "quase religioso", talvez o senhor Smaghi se deva recordar do Artigo 123º do Tratado de Lisboa e os deveres do BCE, onde nada refere que se deve imprimir dinheiro para liquidar as dívidas dos banqueiros e dos políticos irresponsáveis e indisciplinados à custa do cidadão comum, que vê o dinheiro perder valor devido à inflação que tais operações acarretam.
Mais, considera que tudo se deve fazer para evitar deflação !!!! Evitar deflação? Então nos últimos anos fomos brindados com inflação bem acima dos 2-3%, que é o valor de referência do BCE, e ainda nos fala do risco de deflação?? Este é o argumento típico de quem quer "preparar o cenário" para fazer valer as suas ideias, ou seja, usa a deflação como desculpa para sugerir políticas que têm como objectivo outra coisa, que é salvar os banqueiros em apuros.
Mas não acaba aqui, porque para este senhor, a deflação é uma coisa má. E perguntamos nós: É má porquê? A resposta "oficial" é que se os preços baixam então os consumidores deixam de consumir à espera que venha uma melhor oportunidade, e a economia sofre com esta suposta espera.
Este argumento é tão falacioso que até arrepia, então vejamos:
Algum de vós alguma vez esperou que o preço das televisões baixasse para a comprar? Ou quem comprou o iPhone 1 esperou que este baixasse de preço? ou ainda quem comprou um computador portátil esperou que este baixasse também de preço? A resposta esmagadora será: NÃO. Ou seja, temos assistido a deflação nos preços de bens de consumo electrónicos deste há décadas e O QUE ACONTECE É EXACTAMENTE O OPOSTO: MAIS GENTE COMPRA E MAIS A ECONOMIA BENEFICIA COM ISSO, SOBRETUDO QUEM PRODUZ.
É vêem estas "aves raras"dizer estas barbaridades para a comunicação social. Repudiamos tão veementemente quanto possível declarações falaciosas de gente que ocupa lugares cimeiros na instituição que gere a moeda Euro.
Gente desta a dizer (e a querer fazer) estas coisas é um perigo para cada um de nós, e não admira o lamaçal financeiro em que a Europa está medida. Os banqueiros quando ouvem esta malta dizer que está disposta a imprimir o dinheiro que for preciso para os salvar, não haja dúvida que mais apostas arriscadas farão com o dinheiro dos outros na tentativa de obter mais lucro, e caso corra mal, no problem, o BCE compra-nos os "activos tóxicos". E assim ficámos com bancos gigantescos, sem capitais próprios suficientes para cobrir as más apostas, e prontos a ruir a qualquer brisa que passe.
A má moral entrou no sangue das instituições europeias tal e qual como um vírus, que se espalha a uma velocidade exponencial rebentando com tudo à sua passagem.
Tiago Mestre
22 de dezembro de 2011
EDP - Electricidade de ...
Energia Eléctrica Portuguesa (EDP), mas ... chinesa, até nem nos faz grande diferença.
A energia continuará a ser produzida cá, e a ser consumida cá também. Não é negócio que dê para desindustrializar em Portugal e industrializar em Guangzhou.
As renováveis da EDP que estão espalhadas por Portugal, EUA e outros países seguem a mesma linha de raciocínio.
Mas ao vender, o Estado deixa de receber dinheiro como accionista sobre futuros lucros da EDP, e tal quebra de receita deveria ser referida para percebermos a dimensão do negócio.
Mas o que nos preocupa mais é o motivo da venda:
O Estado não tem dinheiro... nem para mandar cantar um cego, e não restando mais nenhuma receita extraordinária para tapar buracos na despesa, vende-se o património, o bom património. O mau continua por cá sem comprador algum.
E com esta preocupação surge outra preocupação: quando se vende à pressa é muito provável que se venda mal, porque não se pensou o tempo suficiente nos pequenos detalhes que poderão fazer a diferença no futuro.
Não nos preocupa os chineses comprarem 20% da EDP, preocupa-nos mais os portugueses venderem 20% da EDP em total desespero financeiro.
Tiago Mestre
A energia continuará a ser produzida cá, e a ser consumida cá também. Não é negócio que dê para desindustrializar em Portugal e industrializar em Guangzhou.
As renováveis da EDP que estão espalhadas por Portugal, EUA e outros países seguem a mesma linha de raciocínio.
Mas ao vender, o Estado deixa de receber dinheiro como accionista sobre futuros lucros da EDP, e tal quebra de receita deveria ser referida para percebermos a dimensão do negócio.
Mas o que nos preocupa mais é o motivo da venda:
O Estado não tem dinheiro... nem para mandar cantar um cego, e não restando mais nenhuma receita extraordinária para tapar buracos na despesa, vende-se o património, o bom património. O mau continua por cá sem comprador algum.
E com esta preocupação surge outra preocupação: quando se vende à pressa é muito provável que se venda mal, porque não se pensou o tempo suficiente nos pequenos detalhes que poderão fazer a diferença no futuro.
Não nos preocupa os chineses comprarem 20% da EDP, preocupa-nos mais os portugueses venderem 20% da EDP em total desespero financeiro.
Tiago Mestre
O Contas faz 1 ano de idade
Caros leitores e leitoras, o contas caseiras acabou mesmo agora de fazer 1 ano de idade!
Agradecemos a quem nos tem acompanhado todo este tempo e oxalá que os nossos esforços em revelar informações que não são "costume" aparecer nas notícias vos tenham ajudado a perceber melhor o mundo em que vivemos e qual o nosso papel na sociedade actual.
Tiago Mestre
Agradecemos a quem nos tem acompanhado todo este tempo e oxalá que os nossos esforços em revelar informações que não são "costume" aparecer nas notícias vos tenham ajudado a perceber melhor o mundo em que vivemos e qual o nosso papel na sociedade actual.
Tiago Mestre
21 de dezembro de 2011
Peter Schiff em mais uma grande palestra
Tudo o que precisam de saber sobre a relação entre dinheiro, capital, força laboral, inflação. Está lá tudo. Imperdível.
Tiago Mestre
Tiago Mestre
20 de dezembro de 2011
Aguardamos pela classe política para decidir se compramos... ou se vendemos ainda mais acções (Parte4)
Caros leitores e leitoras, parece que já entrámos no período natalício, apesar de ainda faltar quase uma semana.
Parece que iremos ter um período de acalmia nestas próximas semanas, a não ser que algum fenómeno estranho ocorra. A última medida do BCE, a alteração do LTRO de 1 ano para 3 anos, ganhou algum momentum e parece que por agora os investidores saíram do modo pânico. Só as ameaças das agências de notação financeira em quererem baixar a avaliação de alguns países europeus é que ainda colocam um certo peso na mente dos investidores.
Pelo nosso Portugal, acreditamos que o povo já percebeu que caímos num buraco de que não será possível sair tão cedo. Já existe hoje uma consciência generalizada de que os tempos estão muito difíceis e de que nos próximos anos estaremos muito mais expostos a ameaças do que a oportunidades. Esta mudança nas populações induz na sua maioria (ou talvez ainda não) uma vontade ou necessidade de mudança de hábitos, no sentido de evitar gastos desnecessários e repensar os custos fixos que cada um possui.
Esta consciencialização incorporará novos comportamentos na sociedade, já que a nossa vontade ilimitada de querermos consumir tudo o que desejamos está sendo lentamente travada. "Pensar duas vezes antes de comprar" será uma campaínha que muita gente terá na cabeça.
A economia do consumo começa a entrar numa situação problemática, e não havendo uma economia da produção para contrabalançar esta queda no consumo, resta-nos pouca economia no país para prosperar.
É imperativo que nos tornemos mais produtores e menos consumidores, e esse "papel" será da responsabilidade de cada um, não só para a "salvação" do país, como para a salvação de si próprio.
Tiago Mestre
Parece que iremos ter um período de acalmia nestas próximas semanas, a não ser que algum fenómeno estranho ocorra. A última medida do BCE, a alteração do LTRO de 1 ano para 3 anos, ganhou algum momentum e parece que por agora os investidores saíram do modo pânico. Só as ameaças das agências de notação financeira em quererem baixar a avaliação de alguns países europeus é que ainda colocam um certo peso na mente dos investidores.
Pelo nosso Portugal, acreditamos que o povo já percebeu que caímos num buraco de que não será possível sair tão cedo. Já existe hoje uma consciência generalizada de que os tempos estão muito difíceis e de que nos próximos anos estaremos muito mais expostos a ameaças do que a oportunidades. Esta mudança nas populações induz na sua maioria (ou talvez ainda não) uma vontade ou necessidade de mudança de hábitos, no sentido de evitar gastos desnecessários e repensar os custos fixos que cada um possui.
Esta consciencialização incorporará novos comportamentos na sociedade, já que a nossa vontade ilimitada de querermos consumir tudo o que desejamos está sendo lentamente travada. "Pensar duas vezes antes de comprar" será uma campaínha que muita gente terá na cabeça.
A economia do consumo começa a entrar numa situação problemática, e não havendo uma economia da produção para contrabalançar esta queda no consumo, resta-nos pouca economia no país para prosperar.
É imperativo que nos tornemos mais produtores e menos consumidores, e esse "papel" será da responsabilidade de cada um, não só para a "salvação" do país, como para a salvação de si próprio.
Tiago Mestre
19 de dezembro de 2011
Aguardamos pela classe política para decidir se compramos... ou se vendemos ainda mais acções (Parte3)
Caros leitores e leitoras, após a consulta de alguma informação no fim-de-semana, chegámos à conclusão de que o Banco Central Europeu deu realmente uma grande ajuda na concessão de financiamento a entidades bancárias que estariam dispostas a adquirir dívidas soberanas.
O mecanismo financeiro denomina-se LTRO e basicamente a entidade bancária apresenta como garantia obrigações soberanas e em retorno o BCE concede o tal empréstimo bancário para o banco comprar, em princípio, mais dívida soberana. Este mecanismo já existia no passado com uma maturidade de 1 ano, a novidade é que desde a cimeira de 8 de Dezembro a maturidade alongou-se para 3 anos.
Parece que esta alteração trouxe alguma vontade aos investidores para comprar obrigações problemáticas.
Mais uma vez o BCE e Super Mario continuam a imprimir dinheiro pela porta dos fundos já que ainda não têm a autorização para fazê-lo pela porta da frente.
Estamos com curiosidade para ver se este mecanismo é atractivo para investidores ou não. Se for, então a Europa tem mais alguns meses de alívio.
Tiago Mestre
O mecanismo financeiro denomina-se LTRO e basicamente a entidade bancária apresenta como garantia obrigações soberanas e em retorno o BCE concede o tal empréstimo bancário para o banco comprar, em princípio, mais dívida soberana. Este mecanismo já existia no passado com uma maturidade de 1 ano, a novidade é que desde a cimeira de 8 de Dezembro a maturidade alongou-se para 3 anos.
Parece que esta alteração trouxe alguma vontade aos investidores para comprar obrigações problemáticas.
Mais uma vez o BCE e Super Mario continuam a imprimir dinheiro pela porta dos fundos já que ainda não têm a autorização para fazê-lo pela porta da frente.
Estamos com curiosidade para ver se este mecanismo é atractivo para investidores ou não. Se for, então a Europa tem mais alguns meses de alívio.
Tiago Mestre
17 de dezembro de 2011
Aguardamos pela classe política para decidir se compramos... ou se vendemos ainda mais acções (Parte2)
Caros leitores e leitoras, de forma bastante subtil e sem grande alarido, o banco central europeu voltou novamente a dar condições bastante favoráveis aos bancos para estes se endividarem junto do BCE e adquirirem obrigações dos países europeus com dívidas problemáticas. Esta operação foi muito pouco noticiada mas parece-nos cada vez mais que o BCE está a alinhar pelo jogo da Reserva Federal norte-americana.
Assim sendo, há condições para que os investidores voltem a investir em obrigações europeias, não que elas prestem para alguma coisa, mas porque sabem que o BCE estará sempre vigilante, tipo "cão de guarda", a ver se as coisas correm como querem e dispostos a fazer tudo para corrigir quaisquer desvios, nomeadamente a queda do preço das obrigações.
Este é um forte sinal, talvez dos mais fortes nos últimos tempos, de que o BCE se posiciona cada vez mais como o comprador de último recurso. Ontem ocorreu uma grande descida nas taxas de juro das dívidas problemáticas, ou seja, os bancos compraram essas dívidas em força e poucas notícias correram sobre esta operação.
Aqui no Contas estamos cada vez mais convencidos de que a inflação na moeda euro será uma realidade. Os políticos estão a sofrer grandes pressões (de outros políticos e de toda a gente) para que se imprimam euros, custe o que custar, desde que se salve o dia de amanhã.
Este tipo de inflação terá a sua origem sobretudo na subida dos preços de matérias primas, metais, energia, alguns alimentos, mas não será amplificado pela subida de salários, devido ao clima depressivo que se vive. Portanto, presumimos que a inflação que aí vem não terá para já valores muito elevados, mas o que conta para cada um de nós é o nosso poder de compra (o que ganhamos menos o que gastamos), e como já ganhamos menos agora do que há alguns anos atrás, basta os preços subiram um pouco para fazer logo uma grande diferença.
Tiago Mestre
Assim sendo, há condições para que os investidores voltem a investir em obrigações europeias, não que elas prestem para alguma coisa, mas porque sabem que o BCE estará sempre vigilante, tipo "cão de guarda", a ver se as coisas correm como querem e dispostos a fazer tudo para corrigir quaisquer desvios, nomeadamente a queda do preço das obrigações.
Este é um forte sinal, talvez dos mais fortes nos últimos tempos, de que o BCE se posiciona cada vez mais como o comprador de último recurso. Ontem ocorreu uma grande descida nas taxas de juro das dívidas problemáticas, ou seja, os bancos compraram essas dívidas em força e poucas notícias correram sobre esta operação.
Aqui no Contas estamos cada vez mais convencidos de que a inflação na moeda euro será uma realidade. Os políticos estão a sofrer grandes pressões (de outros políticos e de toda a gente) para que se imprimam euros, custe o que custar, desde que se salve o dia de amanhã.
Este tipo de inflação terá a sua origem sobretudo na subida dos preços de matérias primas, metais, energia, alguns alimentos, mas não será amplificado pela subida de salários, devido ao clima depressivo que se vive. Portanto, presumimos que a inflação que aí vem não terá para já valores muito elevados, mas o que conta para cada um de nós é o nosso poder de compra (o que ganhamos menos o que gastamos), e como já ganhamos menos agora do que há alguns anos atrás, basta os preços subiram um pouco para fazer logo uma grande diferença.
Tiago Mestre
16 de dezembro de 2011
14 de dezembro de 2011
Aguardamos pela classe política para decidir se compramos... ou se vendemos ainda mais acções
Com as bolsas europeias a entrarem novamente no Modo Realidade, aguardamos que a elite política europeia comece a injectar no circuito mediático as já esperadas mentiras, falsas esperanças, semi-verdades e especulações.
A banca volta a ser hoje despejada nas bolsas, com bancos portugueses a renovar mínimos históricos e por essa Europa fora o cenário não é muito diferente. Quando o sistema ESTÁ PODRE, os investidores querem fugir do abismo, e só os líderes políticos os conseguem manter agarrados ao ecrã.
Há que manter as bolsas europeias levitadas a todo o custo.
Tiago Mestre
A banca volta a ser hoje despejada nas bolsas, com bancos portugueses a renovar mínimos históricos e por essa Europa fora o cenário não é muito diferente. Quando o sistema ESTÁ PODRE, os investidores querem fugir do abismo, e só os líderes políticos os conseguem manter agarrados ao ecrã.
Há que manter as bolsas europeias levitadas a todo o custo.
Tiago Mestre
13 de dezembro de 2011
Afinal a cimeira (conselho) já não prestou... em que ficamos?
Caros leitores e leitoras, após uma esperança desmesurada por parte dos opinion makers nacionais de que a cimeira (conselho europeu) era finalmente... a definitiva, e com os mercados a subir na sexta-feira após o encerramento da mesma, a informação de que passou é que "bons sinais" vinham de Bruxelas.
Com os jornalistas a ecoar e os opinion makers a corroborar estas "aldrabices" informativas, o povo é que se vai lixando porque é totalmente enganado. Mas como a realidade normalmente volta a instalar-se após alguns dias, vemos outra vez os opinion makers a referir que a cimeira foi um falhanço porque... afinal os mercados não gostaram das soluções.
Lamentamos que o nível de conhecimento da classe jornalística esteja num patamar tão baixo ao ponto de apenas ecoar e amplificar o que "outros" querem que se amplifique, dando "Via Verde" às notícias-relâmpago, às declarações manipuladas das elites políticas, às opiniões que não possuem mais do que 1 dia de validade, etc,etc.
É a vitória da ignorância sobre o conhecimento.
É a vitória dos espertos sobre os metódicos.
É a vitória do fácil perante a chatice do difícil.
Se porventura os mercados financeiros subissem com regularidade durante uma semana, teríamos ao fim do terceiro dia de "excitação" um coro de opinion makers a referir que afinal a cimeira afinal até teve sucesso, mas que os mercados só perceberam isso muitos dias depois. Enfim, arranja-se sempre justificação para explicar o que não se compreende.
Aqui no contas publicámos um post no dia a seguir ao conselho europeu evidenciando as incoerências a que o mesmo ficou ferido de morte quando se soube das conclusões.
É que os líderes europeus tiveram o descaramento e a imprensa correu atrás de especularem durante semanas antes deste conselho que vinha aí o FMI em força, com o BCE a fornecer todo o combustível necessário, as Eurobonds estavam para chegar, etc, etc. Foi tudo "treta" e a imprensa foi "comida de cebolada" com estas especulações e rumores. O povo que fique entregue à sua sorte, ou ao seu azar.
Tiago Mestre
Com os jornalistas a ecoar e os opinion makers a corroborar estas "aldrabices" informativas, o povo é que se vai lixando porque é totalmente enganado. Mas como a realidade normalmente volta a instalar-se após alguns dias, vemos outra vez os opinion makers a referir que a cimeira foi um falhanço porque... afinal os mercados não gostaram das soluções.
Lamentamos que o nível de conhecimento da classe jornalística esteja num patamar tão baixo ao ponto de apenas ecoar e amplificar o que "outros" querem que se amplifique, dando "Via Verde" às notícias-relâmpago, às declarações manipuladas das elites políticas, às opiniões que não possuem mais do que 1 dia de validade, etc,etc.
É a vitória da ignorância sobre o conhecimento.
É a vitória dos espertos sobre os metódicos.
É a vitória do fácil perante a chatice do difícil.
Se porventura os mercados financeiros subissem com regularidade durante uma semana, teríamos ao fim do terceiro dia de "excitação" um coro de opinion makers a referir que afinal a cimeira afinal até teve sucesso, mas que os mercados só perceberam isso muitos dias depois. Enfim, arranja-se sempre justificação para explicar o que não se compreende.
Aqui no contas publicámos um post no dia a seguir ao conselho europeu evidenciando as incoerências a que o mesmo ficou ferido de morte quando se soube das conclusões.
É que os líderes europeus tiveram o descaramento e a imprensa correu atrás de especularem durante semanas antes deste conselho que vinha aí o FMI em força, com o BCE a fornecer todo o combustível necessário, as Eurobonds estavam para chegar, etc, etc. Foi tudo "treta" e a imprensa foi "comida de cebolada" com estas especulações e rumores. O povo que fique entregue à sua sorte, ou ao seu azar.
Tiago Mestre
11 de dezembro de 2011
Porque serão algumas dívidas insustentáveis e outras nem tanto?
Caros leitores e leitoras, muita especulação se tem feito sobre a questão de ser justa ou injusta a queda da avaliação das dívidas públicas pelas agências de notação financeira. Para nós aqui no Contas também tem sido objecto de curiosidade tentar perceber quais os critérios e qual a fronteira que a partir do qual se considera uma dívida soberana como insustentável.
Há um critério que julgo ser para todos nós elementar:
Quando a dívida pública aumenta ano após ano mais do que o PIB. Utilizando este critério percebemos que a maior parte dos países do ocidente está numa trajectória insustentável. Mas como há países que partiram duma base muito baixa, ou seja, com pouco endividamento, este aumento da dívida face ao PIB não é grave desde que seja transitório.
Existe outro critério, mais técnico, que é o mais utilizado pelas agências de notação financeira:
O custo com os juros da dívida não deve ser superior a 10% da totalidade das receitas do Estado
Usando este indicador como "bom", apresentamos abaixo um estudo realizado por nós para o ano de 2010, baseado em dados do Eurostat e do US Debt Clock:
A "Taxa de juro média" é uma aproximação das várias taxas de juro que cada país possui, na medida em que existem dívidas de curto, de médio e de longo prazo, todas elas com taxas de juro diferentes.
Com o primeiro quadro podemos tirar as seguintes conclusões:
1. Portugal, Grécia e Irlanda, financiando-se com taxas de juro a rondar os 5% já se encontram num patamar insustentável. Quando a crise da dívida "rebentou", os custos de financiamento destes 3 países estavam um pouco abaixo dos 5%, o que significa que já estavam na iminência de se tornarem insustentáveis. Bastou as agências de notação baixarem a avaliação destas dívidas para as tornar imediatamente insustentáveis.
2. Itália também já se encontrava numa posição insustentável, mesmo com uma taxa de juro média de 4%.
3. Os Estados Unidos, com uma taxa de juro média baixíssima de 1,8%, também já se encontram numa posição insustentável.
4. A UE17, ou seja, a Euroarea, apresenta um rácio abaixo de 6%, considerado sustentável.
Com o segundo quadro podemos tirar as seguintes conclusões:
1. Recorrendo às taxas de juro que são hoje praticadas no mercado secundário, mesmo dos países que estão ao abrigo do plano da troika, percebemos que o rácio sobe brutalmente para a maioria dos países:
Grécia torna-se um investimento totalmente especulativo;
Portugal Irlanda e Itália agravam fortemente a sua condição;
França com juro de 4% e Espanha com 5,5% ficam no patamar de países com dívidas quase insustentáveis.
2. A Euroarea sobe o seu rácio para 8,4%, aproximando-se perigosamente dos 10%.
Talvez com esta informação fique mais claro porque é que há países que viram as suas notações caírem e outros não.
Tiago Mestre
Há um critério que julgo ser para todos nós elementar:
Quando a dívida pública aumenta ano após ano mais do que o PIB. Utilizando este critério percebemos que a maior parte dos países do ocidente está numa trajectória insustentável. Mas como há países que partiram duma base muito baixa, ou seja, com pouco endividamento, este aumento da dívida face ao PIB não é grave desde que seja transitório.
Existe outro critério, mais técnico, que é o mais utilizado pelas agências de notação financeira:
O custo com os juros da dívida não deve ser superior a 10% da totalidade das receitas do Estado
Usando este indicador como "bom", apresentamos abaixo um estudo realizado por nós para o ano de 2010, baseado em dados do Eurostat e do US Debt Clock:
A "Taxa de juro média" é uma aproximação das várias taxas de juro que cada país possui, na medida em que existem dívidas de curto, de médio e de longo prazo, todas elas com taxas de juro diferentes.
Com o primeiro quadro podemos tirar as seguintes conclusões:
1. Portugal, Grécia e Irlanda, financiando-se com taxas de juro a rondar os 5% já se encontram num patamar insustentável. Quando a crise da dívida "rebentou", os custos de financiamento destes 3 países estavam um pouco abaixo dos 5%, o que significa que já estavam na iminência de se tornarem insustentáveis. Bastou as agências de notação baixarem a avaliação destas dívidas para as tornar imediatamente insustentáveis.
2. Itália também já se encontrava numa posição insustentável, mesmo com uma taxa de juro média de 4%.
3. Os Estados Unidos, com uma taxa de juro média baixíssima de 1,8%, também já se encontram numa posição insustentável.
4. A UE17, ou seja, a Euroarea, apresenta um rácio abaixo de 6%, considerado sustentável.
Com o segundo quadro podemos tirar as seguintes conclusões:
1. Recorrendo às taxas de juro que são hoje praticadas no mercado secundário, mesmo dos países que estão ao abrigo do plano da troika, percebemos que o rácio sobe brutalmente para a maioria dos países:
Grécia torna-se um investimento totalmente especulativo;
Portugal Irlanda e Itália agravam fortemente a sua condição;
França com juro de 4% e Espanha com 5,5% ficam no patamar de países com dívidas quase insustentáveis.
2. A Euroarea sobe o seu rácio para 8,4%, aproximando-se perigosamente dos 10%.
Talvez com esta informação fique mais claro porque é que há países que viram as suas notações caírem e outros não.
Tiago Mestre
Consumidores portugueses, tornem-se produtores para continuarem a consumir... alguma coisa!
Ainda há tempo para nos tornarmos produtores, consumirmos essa mesma produção e assim reduzir o nosso consumo sobre bens que adquirirmos, sobretudo aqueles que importamos ao estrangeiro.
Sobre os acontecimentos recentes, nomeadamente as conclusões desta última cimeira europeia, parece-nos que a proposta alemã, que foi acordada por (quase) todos os países, exigirá a estes uma morte lenta, ao invés de um colapso rápido e totalmente caótico.
A proposta alemã exige aos países que ajustem as suas despesas públicas às receitas dos impostos, a fim de evitarem endividamentos excessivos. Esta será a receita que os países tentarão seguir, e pelo caminho perceberão que os povos não conseguirão aguentar tal regeneração (morte lenta). Com a redução do Estado na economia, o PIB será reduzido fortemente ano após ano, e assim teremos cada vez menos receitas a entrar nos cofres do Estado. Toda a população dependente do Estado (reformados, desempregados, funcionários públicos, empresas que vendem para o Estado, etc) verá as suas perspectivas de continuidade e progresso no sistema público irreversivelmente abaladas.
Com menos receitas a entrar nos cofres do Estado teremos maiores dificuldades em pagar os juros das enormes dívidas já contraídas no passado e as que estão a ser agora contraídas. O fardo das dívidas será insuportável, com o custo dos juros muito acima dos 10 a 15% das receitas públicas, que é o rácio utilizado pelas agências de notação para definirem uma dívida pública como insustentável. Este factor não permitirá às agências de notação financeira levantarem a notação de países como Portugal, impedindo financiamentos decentes no mercado bancário e agravando a espiral da desgraça.
Esta total incapacidade de movimentos dos países mais frágeis soará alarmes na União Europeia, e quando o FMI não disponibilizar mais empréstimos, acreditamos que os políticos irão bater à última porta que falta: o Banco Central Europeu, que já de si está insolvente, mas como pode imprimir indiscriminadamente, os políticos vão fechando os olhos ao "pormenor" da insolvência da instituição.
Ou seja, faremos a vontade à Alemanha aplicando austeridade, não chegaremos a declarar bancarrota parcial ou total das dívidas (à excepção da Grécia) porque tal cenário e impensável para os líderes europeus, e após alguns anos de esforço constataremos que a solução não resultou para países como Portugal, que já tinham perdido agricultura e muita da indústria que servia de coluna vertebral à capacidade regenerativa do país em caso de crise no sector público. Esta é a grande diferença face aos 2 últimos resgates de Portugal pelo FMI, em 1977 e em 1983.
O país ficará basicamente em farrapos sem saber se há dinheiro para o dia de amanhã. A Alemanha ficará sem argumentos para evitar a entrada em força do BCE, já que a sua solução não resultará. Com o BCE a chegar-se à frente, a Europa voltará a comprar mais algum tempo, mas com os resultados que a economia europeia já hoje apresenta, perspectiva-se que as coisas degradar-se-ão muito mais e o desemprego, barómetro da saúde económica dos países, não parará de atingir novos recordes.
Com o BCE a imprimir dinheiro não teremos outro remédio senão entrar numa espiral inflacionista, e com o resto do mundo a tentar sobreviver para se safar do dia de hoje, a impressão de dinheiro afigurar-se-á como a solução mais rápida para desenrascar/atamancar o problema em todo o planeta. A Reserva Federal há vários anos que imprime dinheiro, o Banco Central do Japão e da Inglaterra também e mais recentemente o Banco Central Suíço. Só quando tivermos muitos bancos centrais a imprimir muito dinheiro é que teremos criadas as condições para o surgimento de inflação em grande escala e de forma irreversível, ou seja, poderá tender para um fenómeno de hiper-inflação.
A Inglaterra excluiu-se deste acordo por que sabe muito bem que não conseguirá implementar a austeridade que a Alemanha exige devido ao enorme défice público que acumula, às dívidas impagáveis que o sector privado e público contraíram e por ter moeda própria e banco central autónomo do BCE, podendo "sempre que quiser", imprimir mais umas libras para liquidar umas dívidas do Estado.
Toda este exercício de prospectiva vai no sentido de concluir que cada um de nós ainda tem tempo (talvez alguns anos) para se tornar mais produtor e menos consumidor de produtos importados, ou seja, a agricultura e o cultivo de bens alimentares em pequena escala é possível mesmo para quem não possua terreno. É possível cultivar em apartamentos, em varandas, em vivendas com pequenos quintais, etc. Basta ter consciência dos problemas que atravessamos (para isso basta ler o site Contas Caseiras !!) e ter a vontade suficiente para fazer algo de diferente.
Tiago Mestre
Sobre os acontecimentos recentes, nomeadamente as conclusões desta última cimeira europeia, parece-nos que a proposta alemã, que foi acordada por (quase) todos os países, exigirá a estes uma morte lenta, ao invés de um colapso rápido e totalmente caótico.
A proposta alemã exige aos países que ajustem as suas despesas públicas às receitas dos impostos, a fim de evitarem endividamentos excessivos. Esta será a receita que os países tentarão seguir, e pelo caminho perceberão que os povos não conseguirão aguentar tal regeneração (morte lenta). Com a redução do Estado na economia, o PIB será reduzido fortemente ano após ano, e assim teremos cada vez menos receitas a entrar nos cofres do Estado. Toda a população dependente do Estado (reformados, desempregados, funcionários públicos, empresas que vendem para o Estado, etc) verá as suas perspectivas de continuidade e progresso no sistema público irreversivelmente abaladas.
Com menos receitas a entrar nos cofres do Estado teremos maiores dificuldades em pagar os juros das enormes dívidas já contraídas no passado e as que estão a ser agora contraídas. O fardo das dívidas será insuportável, com o custo dos juros muito acima dos 10 a 15% das receitas públicas, que é o rácio utilizado pelas agências de notação para definirem uma dívida pública como insustentável. Este factor não permitirá às agências de notação financeira levantarem a notação de países como Portugal, impedindo financiamentos decentes no mercado bancário e agravando a espiral da desgraça.
Esta total incapacidade de movimentos dos países mais frágeis soará alarmes na União Europeia, e quando o FMI não disponibilizar mais empréstimos, acreditamos que os políticos irão bater à última porta que falta: o Banco Central Europeu, que já de si está insolvente, mas como pode imprimir indiscriminadamente, os políticos vão fechando os olhos ao "pormenor" da insolvência da instituição.
Ou seja, faremos a vontade à Alemanha aplicando austeridade, não chegaremos a declarar bancarrota parcial ou total das dívidas (à excepção da Grécia) porque tal cenário e impensável para os líderes europeus, e após alguns anos de esforço constataremos que a solução não resultou para países como Portugal, que já tinham perdido agricultura e muita da indústria que servia de coluna vertebral à capacidade regenerativa do país em caso de crise no sector público. Esta é a grande diferença face aos 2 últimos resgates de Portugal pelo FMI, em 1977 e em 1983.
O país ficará basicamente em farrapos sem saber se há dinheiro para o dia de amanhã. A Alemanha ficará sem argumentos para evitar a entrada em força do BCE, já que a sua solução não resultará. Com o BCE a chegar-se à frente, a Europa voltará a comprar mais algum tempo, mas com os resultados que a economia europeia já hoje apresenta, perspectiva-se que as coisas degradar-se-ão muito mais e o desemprego, barómetro da saúde económica dos países, não parará de atingir novos recordes.
Com o BCE a imprimir dinheiro não teremos outro remédio senão entrar numa espiral inflacionista, e com o resto do mundo a tentar sobreviver para se safar do dia de hoje, a impressão de dinheiro afigurar-se-á como a solução mais rápida para desenrascar/atamancar o problema em todo o planeta. A Reserva Federal há vários anos que imprime dinheiro, o Banco Central do Japão e da Inglaterra também e mais recentemente o Banco Central Suíço. Só quando tivermos muitos bancos centrais a imprimir muito dinheiro é que teremos criadas as condições para o surgimento de inflação em grande escala e de forma irreversível, ou seja, poderá tender para um fenómeno de hiper-inflação.
A Inglaterra excluiu-se deste acordo por que sabe muito bem que não conseguirá implementar a austeridade que a Alemanha exige devido ao enorme défice público que acumula, às dívidas impagáveis que o sector privado e público contraíram e por ter moeda própria e banco central autónomo do BCE, podendo "sempre que quiser", imprimir mais umas libras para liquidar umas dívidas do Estado.
Toda este exercício de prospectiva vai no sentido de concluir que cada um de nós ainda tem tempo (talvez alguns anos) para se tornar mais produtor e menos consumidor de produtos importados, ou seja, a agricultura e o cultivo de bens alimentares em pequena escala é possível mesmo para quem não possua terreno. É possível cultivar em apartamentos, em varandas, em vivendas com pequenos quintais, etc. Basta ter consciência dos problemas que atravessamos (para isso basta ler o site Contas Caseiras !!) e ter a vontade suficiente para fazer algo de diferente.
Tiago Mestre
10 de dezembro de 2011
Mais uma cimeira das cimeiras (aliás, conselho europeu)
Caros leitores e leitoras, sobre as conclusões da cimeira excusamo-nos a referi-las porque a imprensa já foi suficientemente persistente em ecoar os soundbytes que os políticos nos querem transmitir.
Sobre as não conclusões:
Eurobonds ?? não se ouviu falar delas
Reforço do fundo EFSF para ter 4 a 5 vezes mais potência financeira ?? Nada
Mega-financiamento do FMI aos países com problemas de dívida soberana? Nada
BCE entrar em força na compra directa da dívida soberana dos países europeus? Nada
Se estiveram atentos aos mercados financeiros, as coisas só não descambaram mais nas últimas semanas porque os rumores sucessivos na imprensa e as declarações ambíguas dos governantes europeus e americanos foram sempre levitando o optimismo dos investidores, e portanto podemos afirmar que a classe politica mais uma vez teve sucesso na manipulação dos mercados financeiros. Talvez por acharem que têm jeito "prá coisa" ainda querem ter mais poder de manipulação, mais planeamento central, mais BCE a intervir nos mercados.
Os rumores e as falsas notícias estiveram sempre relacionados com estes supostos financiamentos que vinham aí a caminho para salvar a Europa e os países mais aflitos. Ou seja, consegue-se manipular mercados a nível mundial com uma facilidade inacreditável, recorrendo à mentira e à plantação de notícias.
A prova de que todos estes esquemas foram invenções de "alguém" foi a total ausência destes assuntos em cima da mesa das negociações neste conselho europeu de 8 e 9 de Dezembro.
Pode ser difícil de acreditar, mas começamos a achar que tudo isto é mesmo verdade, por mais bizarro que possa parecer. Urge salvar o euro, custe o que custar, manipule-se o que se manipular, porque amanhã ele tem que continuar a servir de moeda ao povo europeu.
Mas os investidores dos mercados da dívida soberana não ficaram satisfeitos com as paupérrimas conclusões da cimeira. Sentiram-se enganados porque mantiveram-se levitados durante as últimas semanas na esperança que da cimeira saísse alguma salvação para os seus investimentos. Não admira que a taxa de juro das obrigações italianas no mercado secundário tenha fechado ontem nos 6,5%, quando dois dias antes estava pelos 5,9%, tal era a "esperança" que a Europa os salvasse.
Os mercados de obrigações chegaram assim ao ridículo de estarem à espera do que aparece nas notícias para decidirem se vendem ou se compram. Que pobreza franciscana.
Tiago Mestre
Sobre as não conclusões:
Eurobonds ?? não se ouviu falar delas
Reforço do fundo EFSF para ter 4 a 5 vezes mais potência financeira ?? Nada
Mega-financiamento do FMI aos países com problemas de dívida soberana? Nada
BCE entrar em força na compra directa da dívida soberana dos países europeus? Nada
Se estiveram atentos aos mercados financeiros, as coisas só não descambaram mais nas últimas semanas porque os rumores sucessivos na imprensa e as declarações ambíguas dos governantes europeus e americanos foram sempre levitando o optimismo dos investidores, e portanto podemos afirmar que a classe politica mais uma vez teve sucesso na manipulação dos mercados financeiros. Talvez por acharem que têm jeito "prá coisa" ainda querem ter mais poder de manipulação, mais planeamento central, mais BCE a intervir nos mercados.
Os rumores e as falsas notícias estiveram sempre relacionados com estes supostos financiamentos que vinham aí a caminho para salvar a Europa e os países mais aflitos. Ou seja, consegue-se manipular mercados a nível mundial com uma facilidade inacreditável, recorrendo à mentira e à plantação de notícias.
A prova de que todos estes esquemas foram invenções de "alguém" foi a total ausência destes assuntos em cima da mesa das negociações neste conselho europeu de 8 e 9 de Dezembro.
Pode ser difícil de acreditar, mas começamos a achar que tudo isto é mesmo verdade, por mais bizarro que possa parecer. Urge salvar o euro, custe o que custar, manipule-se o que se manipular, porque amanhã ele tem que continuar a servir de moeda ao povo europeu.
Mas os investidores dos mercados da dívida soberana não ficaram satisfeitos com as paupérrimas conclusões da cimeira. Sentiram-se enganados porque mantiveram-se levitados durante as últimas semanas na esperança que da cimeira saísse alguma salvação para os seus investimentos. Não admira que a taxa de juro das obrigações italianas no mercado secundário tenha fechado ontem nos 6,5%, quando dois dias antes estava pelos 5,9%, tal era a "esperança" que a Europa os salvasse.
Os mercados de obrigações chegaram assim ao ridículo de estarem à espera do que aparece nas notícias para decidirem se vendem ou se compram. Que pobreza franciscana.
Tiago Mestre
9 de dezembro de 2011
Más notícias primeiro, sff
Caros leitores e leitoras, com a desordem a reinar a cimeira de ontem à noite (já nada disso nos surpreende), provavelmente a agência de notação S&P já tem o e-mail pronto para enviar para os seus clientes a relatar a descida de avaliação de muitos países europeus com nota triplo A.
Já hoje de manhã a agência Moody's baixou um nível a avaliação dos 3 maiores bancos franceses, antecipando-se a qualquer outra agência e sem sequer deixar terminar a cimeira. Todas as agências querem baixar as avaliações da Europa, mas nenhuma pretende ficar para o último minuto e ter que carregar a "ira" dos líderes europeus.
Ainda Sarkozy, Merkel e Juncker estão dormindo e já as más notícias se preparam na copa do hotel para serem servidas ao pequeno-almoço. Boa sorte para a Europa
Tiago Mestre
Já hoje de manhã a agência Moody's baixou um nível a avaliação dos 3 maiores bancos franceses, antecipando-se a qualquer outra agência e sem sequer deixar terminar a cimeira. Todas as agências querem baixar as avaliações da Europa, mas nenhuma pretende ficar para o último minuto e ter que carregar a "ira" dos líderes europeus.
Ainda Sarkozy, Merkel e Juncker estão dormindo e já as más notícias se preparam na copa do hotel para serem servidas ao pequeno-almoço. Boa sorte para a Europa
Tiago Mestre
6 de dezembro de 2011
O Pai de todos os rumores
Não, não é possível. De acordo com uma notícia do site Zerohedge, a edição online do Financial Times acaba de lançar cá pra fora o pai de todos os rumores:
- EU OFFICIALS WEIGH RUNNING TWO RESCUE FUNDS TOGETHER, FT SAYS
- EU WEIGHS RUNNING TWO RESCUE FUNDS, MORE IMF SUPPORT: FT
- EU WEIGHS GIVING ESM ACCESS TO ECB FUNDING, FT SAYS
Se tudo o que está para trás falhou, inclusivé o reforçado EFSF, as Eurobonds e mais recentemente a "parceria" FMI - BCE, como é possível haver o descaramento político de se lançar para os meios de comunicação social tamanhas mentiras e aldrabices. O céu tornou-se o limite e o descaramento a atitude politicamente correcta. Quanto desespero.
Parece que é desta vez, mais uma vez, que se irá jogar o futuro da Europa, na "enésima" cimeira europeia. O teatro está montado e os actores já entraram em cena ainda antes da peça ter sequer começado. É tudo uma anedota.
Como opina o próprio autor do artigo no ZeroHedge, isto significa o princípio do fim.
Tiago Mestre
Europa - aproximação em câmara lenta para a tirania
Caros leitores e leitoras, já todos sabemos que em Itália saltámos uma etapa democrática e depôs-se um líder eleito por outro não-eleito. Na Grécia a história é semelhante. Na nova "ordem" europeia, o directório Merkozy quer impor novas regras à Europa alterando para tal os tratados, e como? Alterando o Tratado de Lisboa sem sequer consultar as populações. Acreditamos mesmo que conseguirão arranjar um "alçapão" no Tratado de Lisboa para que as alterações passem ao lado das assembleias nacionais. Enfim, é uma jorrada de asneiras umas atrás das outras na tentativa de "estabilizar" a União Europeia e "protegê-la" da especulação dos mercados financeiros.
Sem a classe política se aperceber, quanto mais esta quer controlar tudo, escondendo informação do público, retirando a legitimidade democrática do povo e difamar todos aqueles que se protegem contra as asneiras da Europa, na tentativa de reduzir a volatilidade e favorecer a estabilidade, acabam por obter o resultado exactamente oposto.
Para mal dos nossos políticos e de todos nós, suprimir a volatilidade através da planificação central não favorece a estabilidade, apenas contribui para uma ainda maior desconfiança dos mercados e a respectiva especulação que daí decorre.
Para quem estuda os movimentos dos mercados financeiros, é hoje notória a movimentação dos investidores em função do que esperam que os políticos digam, do que efectivamente dizem, fazem ou não fazem. Hoje, a planificação central é um factor que influencia mais as descidas e subidas dos mercados financeiros do que a a saúde da própria economia. Isto é o que designamos de especulação privada por via da manipulação política.
Mal vai o capitalismo quando o sector privado está em grande parte "pendurado" ou até refém das acções dos actores políticos.
Se ainda não repararam, os mercados estão todos à espera que a Europa decida se deve imprimir ou não mais euros. Se a impressora trabalhar, significa que as instituições bancárias estão salvas por agora, e então toca a comprar acções. Se não imprimir, nenhum banco grande europeu se salva e ninguém quererá ficar com produtos financeiros que daqui a poucos dias poderá não valer 1 cêntimo. É esta derrocada nos produtos financeiros que os políticos querem evitar a todo o custo. Abdicam se necessário da soberania, da democracia e da liberdade dos povos para evitar uma correcção que o capitalismo e os mercados exigem à Europa pelos erros monstruosos que cometeu e que colocou as dívidas soberanas todas elas num caminho totalmente insustentável.
Quanto mais se suprime a volatilidade e o livre movimento de informação, bens, dinheiro e pessoas, menor estabilidade teremos no longo prazo.
Conseguem-se acalmar os ânimos durante uns tempos, mas a revolta silenciosa cresce, sem se ver, e quando explode é tarde demais já que nenhum regime se prepara para algo que desconhece e que sempre tentou silenciar. Um exemplo recente é a revolta árabe, com particular incidência no Egipto e na Líbia, onde regimes silenciaram durante décadas a livre expressão e a liberdade de decisão pelo povo de quem quer ver no poder. Um exemplo português foi o regime do Estado Novo em Portugal que governou em regime de ditadura entre 1928 e 1974.
A tirania não funciona porque é previsível e não dá espaço à sociedade para ir descarregando com pequenas explosões, obrigando à contenção dos espíritos mais vivos até ao absurdo. Quando estes não aguentam mais, explode tudo de uma vez só, estilhaçando tudo à sua volta.
Este será o preço a pagar caso a elite europeia continue a achar que maior integração europeia e menor soberania é a "solução" para os nossos problemas.
Tiago Mestre
Sem a classe política se aperceber, quanto mais esta quer controlar tudo, escondendo informação do público, retirando a legitimidade democrática do povo e difamar todos aqueles que se protegem contra as asneiras da Europa, na tentativa de reduzir a volatilidade e favorecer a estabilidade, acabam por obter o resultado exactamente oposto.
Para mal dos nossos políticos e de todos nós, suprimir a volatilidade através da planificação central não favorece a estabilidade, apenas contribui para uma ainda maior desconfiança dos mercados e a respectiva especulação que daí decorre.
Para quem estuda os movimentos dos mercados financeiros, é hoje notória a movimentação dos investidores em função do que esperam que os políticos digam, do que efectivamente dizem, fazem ou não fazem. Hoje, a planificação central é um factor que influencia mais as descidas e subidas dos mercados financeiros do que a a saúde da própria economia. Isto é o que designamos de especulação privada por via da manipulação política.
Mal vai o capitalismo quando o sector privado está em grande parte "pendurado" ou até refém das acções dos actores políticos.
Se ainda não repararam, os mercados estão todos à espera que a Europa decida se deve imprimir ou não mais euros. Se a impressora trabalhar, significa que as instituições bancárias estão salvas por agora, e então toca a comprar acções. Se não imprimir, nenhum banco grande europeu se salva e ninguém quererá ficar com produtos financeiros que daqui a poucos dias poderá não valer 1 cêntimo. É esta derrocada nos produtos financeiros que os políticos querem evitar a todo o custo. Abdicam se necessário da soberania, da democracia e da liberdade dos povos para evitar uma correcção que o capitalismo e os mercados exigem à Europa pelos erros monstruosos que cometeu e que colocou as dívidas soberanas todas elas num caminho totalmente insustentável.
Quanto mais se suprime a volatilidade e o livre movimento de informação, bens, dinheiro e pessoas, menor estabilidade teremos no longo prazo.
Conseguem-se acalmar os ânimos durante uns tempos, mas a revolta silenciosa cresce, sem se ver, e quando explode é tarde demais já que nenhum regime se prepara para algo que desconhece e que sempre tentou silenciar. Um exemplo recente é a revolta árabe, com particular incidência no Egipto e na Líbia, onde regimes silenciaram durante décadas a livre expressão e a liberdade de decisão pelo povo de quem quer ver no poder. Um exemplo português foi o regime do Estado Novo em Portugal que governou em regime de ditadura entre 1928 e 1974.
A tirania não funciona porque é previsível e não dá espaço à sociedade para ir descarregando com pequenas explosões, obrigando à contenção dos espíritos mais vivos até ao absurdo. Quando estes não aguentam mais, explode tudo de uma vez só, estilhaçando tudo à sua volta.
Este será o preço a pagar caso a elite europeia continue a achar que maior integração europeia e menor soberania é a "solução" para os nossos problemas.
Tiago Mestre
5 de dezembro de 2011
Merkozy - mais uma mão cheia de nada
Caros leitores e leitoras, após uma reunião entre o directório europeu, percebe-se a inutilidade e os custos associados a estes encontros, que não são mais do que para "mercados verem".
Da reunião surgem um conjunto de intenções que não trazem nada de novo, nomeadamente penalizações aos países com défices excessivos. Se bem nos lembramos, tentou-se há 8-9 anos imprimir penalizações a quem fomentou défices acima dos valores exigidos pelo Tratado de Maastricht. Tudo se desvaneceu no atoleiro da realidade e todos esses "mecanismos" revelaram-se inúteis no contexto da União Europeia.
O directório sugeriu também que haja cimeiras europeias todos os meses enquanto durar a crise. Desconhecíamos que um aumento na frequência de reuniões aumentava a taxa de resolução de problemas!
A pobreza destes encontros é tal que já duvidamos da pertinência da inscrição destas notícias no nosso blog.
Tiago Mestre
Da reunião surgem um conjunto de intenções que não trazem nada de novo, nomeadamente penalizações aos países com défices excessivos. Se bem nos lembramos, tentou-se há 8-9 anos imprimir penalizações a quem fomentou défices acima dos valores exigidos pelo Tratado de Maastricht. Tudo se desvaneceu no atoleiro da realidade e todos esses "mecanismos" revelaram-se inúteis no contexto da União Europeia.
O directório sugeriu também que haja cimeiras europeias todos os meses enquanto durar a crise. Desconhecíamos que um aumento na frequência de reuniões aumentava a taxa de resolução de problemas!
A pobreza destes encontros é tal que já duvidamos da pertinência da inscrição destas notícias no nosso blog.
Tiago Mestre
GAME OVER (Parte2)
Caros leitores e leitoras, a agência de notação financeira Standard&Poors colocou os 17 países que partilham a União Monetária Europeia em outlook negativo. Ou seja, aguardamos pelo dia em que os países "ricos" da Europa verão o seu triplo AAA cair pelo cano de esgoto abaixo.
O castelo de cartas europeu irá perder mais uma carta, veremos se será esta que obrigará à derrocada de todo o sistema. Será que ainda há gente que acredita que a Europa arranjará "soluções" para os seus "problemas"?
Tiago Mestre
O castelo de cartas europeu irá perder mais uma carta, veremos se será esta que obrigará à derrocada de todo o sistema. Será que ainda há gente que acredita que a Europa arranjará "soluções" para os seus "problemas"?
Tiago Mestre
Quanto mais volatilidade, mais estabilidade - paradoxo, ou não?
Caros leitores e leitoras, disponibilizamos em anexo o endereço electrónico para lerem de um documento disponibilizado em Maio de 2011 pela revista americana Foreign Affairs.
O documento foi escrito por Nassim Taleb, professor universitário e comentador habitual nas cadeias televisivas norte-americanas, e revela que os sistemas complexos necessitam de volatilidade para serem estáveis, ou seja, a tentativa de suprimir volatilidade resulta num enfraquecimento do próprio sistema, tornando-o incapaz de superar uma grande adversidade.
Um exemplo que ilustra os defeitos da supressão da volatilidade:
Manter uma pessoa num ambiente esterilizado durante 10 anos e depois colocá-la numa carruagem do Metropolitano.
Moral da história: quando ouvirem os opinion makers da nossa praça referirem que os Estados e os Bancos Centrais devem intervir mais para reduzir a volatilidade e trazer estabilidade aos mercados, não lhes dêem importância, porque sem saberem, o que estão a sugerir que se faça terá o resultado oposto ao que esperam...
Tiago Mestre
Kyle Bass - mais uma entrevista de excelência
Caros leitores e leitoras, é com prazer que vos disponibilizamos mais uma entrevista do investidor norte-americano Kyle Bass.
Uma grande entrevista, só aqui na excelência de conteúdos que é... o Contas Caseiras!
http://www.youtube.com/watch?v=5V3kpKzd-Yw
Tiago Mestre
Uma grande entrevista, só aqui na excelência de conteúdos que é... o Contas Caseiras!
http://www.youtube.com/watch?v=5V3kpKzd-Yw
Tiago Mestre
Império Romano - um caso de estudo para percebermos a realidade de hoje
Caros leitores e leitoras, abaixo apresentamos uma palestra realizada por Dr. Joseph Tainter há alguns anos.
O assunto refere-se à forma como as sociedades se desenvolveram e se tornaram mais complexas.
Como exemplo histórico, o orador refere o caso do Império romano, e de como já naquela altura os governantes da época manipularam (desvalorizaram) a moeda para tentarem "resolver" os problemas financeiros do Império. Os paralelismos com a actualidade são muitos e dessa forma pode bem servir de caso de estudo e assim evitar-se a asneira que se está prestes a cometer a nível mundial.
Tiago Mestre
O assunto refere-se à forma como as sociedades se desenvolveram e se tornaram mais complexas.
Como exemplo histórico, o orador refere o caso do Império romano, e de como já naquela altura os governantes da época manipularam (desvalorizaram) a moeda para tentarem "resolver" os problemas financeiros do Império. Os paralelismos com a actualidade são muitos e dessa forma pode bem servir de caso de estudo e assim evitar-se a asneira que se está prestes a cometer a nível mundial.
Tiago Mestre
4 de dezembro de 2011
Um certo olhar... sobre a recente transferência de fundos de pensões para o Estado
Caros leitores e leitoras, soubemos na passada sexta-feira de que o governo concluiu o "negócio" da transferência de fundos de pensões, neste caso do sector bancário, para a Segurança social. Este "esquema" já foi aqui por nós explicado em Outubro e portanto remetemos a explicação para esse post.
O diário britânico Telegraph publicou uma notícia na sua edição online sobre esta operação financeira, e posteriormente foi o site Zerohedge a reverberar a mesma notícia.
No Zerohedge a acção efectuada pelo governo português é comparada ao que Jon Corzine, ex-CEO da MF Global, agora falida, fez com os seus clientes. Usou o dinheiro das contas para pagar prejuízos e outras despesas da própria MF Global. Quando esta faliu, o dinheiro já tinha desaparecido e foram os clientes que ficaram a perder.
Compreendemos o termo comparativo, apesar de simplista, mas a essência é a mesma: usamos o fundo de pensões para pagar despesas de 2011 e logo se vê como iremos arranjar o dinheiro para pagar as pensões destas pessoas que descontaram durante anos do seu salário para a criação deste fundo. O dinheiro é delas e foi agora transferido para pagar despesas do Estado... é mais uma grande "aldrabice" com a conivência das instituições europeias. Oxalá o Eurostat proibisse estes esquemas financeiros.
É assim que vamos ganhando a "tal" credibilidade junto dos investidores estrangeiros, ao ponto de nos compararem com os maiores corruptos na finança mundial.
Tiago Mestre
O diário britânico Telegraph publicou uma notícia na sua edição online sobre esta operação financeira, e posteriormente foi o site Zerohedge a reverberar a mesma notícia.
No Zerohedge a acção efectuada pelo governo português é comparada ao que Jon Corzine, ex-CEO da MF Global, agora falida, fez com os seus clientes. Usou o dinheiro das contas para pagar prejuízos e outras despesas da própria MF Global. Quando esta faliu, o dinheiro já tinha desaparecido e foram os clientes que ficaram a perder.
Compreendemos o termo comparativo, apesar de simplista, mas a essência é a mesma: usamos o fundo de pensões para pagar despesas de 2011 e logo se vê como iremos arranjar o dinheiro para pagar as pensões destas pessoas que descontaram durante anos do seu salário para a criação deste fundo. O dinheiro é delas e foi agora transferido para pagar despesas do Estado... é mais uma grande "aldrabice" com a conivência das instituições europeias. Oxalá o Eurostat proibisse estes esquemas financeiros.
É assim que vamos ganhando a "tal" credibilidade junto dos investidores estrangeiros, ao ponto de nos compararem com os maiores corruptos na finança mundial.
Tiago Mestre
2 de dezembro de 2011
FMI prepara uma mega-ajuda à Itália (Parte 4)
Caros leitores e leitoras, notícia do site Zero Hedge:
Senador republicano Tom Coburn
Senador republicano Jim deMint
Senadora republicana Cathy McMorris Rodgers
Estes membros do Senado norte-americano e a ala republicana em geral, tanto no Senado como no Congresso, opõem-se firmemente ao resgate que foi discutido às suas escondidas ao longo desta semana entre Obama, Geithner e líderes europeus, usando o FMI como veículo financeiro.
Inclusivamente estão a preparar legislação no sentido de bloquear qualquer tentativa que obrigue os Estados Unidos a assumir ainda mais responsabilidades com os países insolventes da Europa.
Oops, lá se vai o "grande plano do FMI" pelo cano de esgoto abaixo. Como já várias vezes aqui afirmámos no Contas, a política económica ocidental está dominada por rumores, mentiras, insinuações, informação plantada e tergiversações sempre com o intuito de perpetuar a paz podre. E são estes mesmos actores políticos que "exigem" ao BCE para que imprima tantos euros quantos forem necessários para resgatar tudo e todos. É tudo gente sem coluna vertebral e sem vontade de encarar os problemas tal e qual como a realidade os quer mostrar. Basicamente usam a sua inteligência para desenvolver cenários que tentam explicar a realidade da maneira que consideram mais vantajosa para corroborar as suas teorias e políticas.
Até quando continuará esta farsa?
Tiago Mestre
Senador republicano Tom Coburn
Senador republicano Jim deMint
Senadora republicana Cathy McMorris Rodgers
Estes membros do Senado norte-americano e a ala republicana em geral, tanto no Senado como no Congresso, opõem-se firmemente ao resgate que foi discutido às suas escondidas ao longo desta semana entre Obama, Geithner e líderes europeus, usando o FMI como veículo financeiro.
Inclusivamente estão a preparar legislação no sentido de bloquear qualquer tentativa que obrigue os Estados Unidos a assumir ainda mais responsabilidades com os países insolventes da Europa.
Oops, lá se vai o "grande plano do FMI" pelo cano de esgoto abaixo. Como já várias vezes aqui afirmámos no Contas, a política económica ocidental está dominada por rumores, mentiras, insinuações, informação plantada e tergiversações sempre com o intuito de perpetuar a paz podre. E são estes mesmos actores políticos que "exigem" ao BCE para que imprima tantos euros quantos forem necessários para resgatar tudo e todos. É tudo gente sem coluna vertebral e sem vontade de encarar os problemas tal e qual como a realidade os quer mostrar. Basicamente usam a sua inteligência para desenvolver cenários que tentam explicar a realidade da maneira que consideram mais vantajosa para corroborar as suas teorias e políticas.
Até quando continuará esta farsa?
Tiago Mestre
FMI - O novo "intermediário" das asneiras da Europa
Caros leitores e leitoras, na senda da impressão planetária de dinheiro parece que os líderes europeus encontraram um novo "parceiro" para a ilegalidade que estão prestes a cometer: o FMI.
Tanto quanto pudemos apurar na imprensa de hoje, alguém se lembrou que o BCE podia emprestar dinheiro ao Fundo Monetário Internacional para que este empreste a países europeus com problemas de dívida. Com a introdução deste "intermediário", o BCE deixa de se preocupar com o artigo 123º do Tratado de Lisboa. Todo o "trabalho sujo" fica para o FMI.
Este tipo de "parceiros no crime" não é coisa nova. Nos Estados Unidos temos a Reserva Federal e o Departamento do Tesouro a dançarem o tango há muitos anos.
Na Europa tal parceria não é ainda possível porque a Alemanha como potência dominadora não aceita este nível de promiscuidade. E como tal, foi necessário encontrar outra solução que ultrapassasse o Tratado de Lisboa e a própria Alemanha, daí a negociata com o FMI.
A imoralidade em todo este processo é cada vez mais evidente. A razão pelo qual o Tratado proíbe a emissão de moeda para salvar dívidas de países tem a ver, por um lado, com a tentativa de disciplinar os políticos nos seus orçamentos, e por outro evitar as consequências nefastas que ocorrem na economia quando se imprime moeda para liquidar dívidas.
Todos sabemos que os políticos não cumpriram o primeiro objectivo (orçamentos equilibrados), e resta saber quanto mais tempo irão demorar até não cumprir o segundo objectivo (não imprimir moeda). Não fosse a "teimosia" da Alemanha e o segundo objectivo há muitos meses que já estaria também no caixote do lixo. E para apimentar todo este processo, são praticamente os mesmos políticos que aprovaram o Tratado de Lisboa e que falharam o primeiro e o segundo objectivos.
É ridículo ver todo este teatro em volta do BCE percebendo que os prevaricadores e os que se tentam salvar são exactamente os mesmos indivíduos. Políticas erradas acumulam com novas políticas erradas. Não havendo capacidade de executar reformas que corrijam erros do passado perpetuamos o ciclo de asneiras até eclodir uma nova guerra que limpe todo o sistema. Agora já vamos percebendo porque é que as grandes guerras ocorrem entre países de tempos a tempos.
Este tipo de esquemas não resultam porque os problemas não irão desaparecer por magia, estas pseudo-soluções apenas compram algum tempo, e no entretanto as dívidas de todos os países vão-se agravando a cada minuto que passa.
E para confirmar que tudo isto não passa de um gigante tigre de papel, segundo uma notícia da edição online do Jornal de Negócios, hoje de madrugada os grandes bancos europeus viram o seu financiamento travado, refugiando-se nos empréstimos do BCE.
Talvez tenha sido esta nova seca de liquidez no mercado interbancário nocturno que exigiu aos "plantadores" de notícias elaborarem mais umanotícia fábula em que o FMI é a salvação da Europa com o alto patrocínio do BCE. Se repararem no ridículo da situação, ainda na quarta-feira (há 2 dias) foi anunciado um mega pacote de ajuda aos bancos europeus pelos grandes bancos centrais mundiais. Esta notícia apenas teve um efeito analgésico de 1 dia. De ontem para hoje os credores voltaram a entrar no modo pânico.
Numa semana assistimos a 2 "plantações" de notícias e 1 notícia real pelo meio com intervalos de 2 dias. No Domingo o diário italiano La Stampa dava o mote: o FMI será o salvador da Europa, sem revelar as suas fontes e sem revelar como é que os EUA aprovariam tal operação!!; na quarta-feira os grandes bancos centrais mundiais juntam-se para facilitar a concessão de empréstimos em dólares a instituições sedentas dessa moeda; e hoje temos a 2ª "plantação" com o BCE a contornar o flanco do Tratado de Lisboa, usando o FMI para dançar o tango.
Adjectivos para quê?
Tiago Mestre
Tanto quanto pudemos apurar na imprensa de hoje, alguém se lembrou que o BCE podia emprestar dinheiro ao Fundo Monetário Internacional para que este empreste a países europeus com problemas de dívida. Com a introdução deste "intermediário", o BCE deixa de se preocupar com o artigo 123º do Tratado de Lisboa. Todo o "trabalho sujo" fica para o FMI.
Este tipo de "parceiros no crime" não é coisa nova. Nos Estados Unidos temos a Reserva Federal e o Departamento do Tesouro a dançarem o tango há muitos anos.
Na Europa tal parceria não é ainda possível porque a Alemanha como potência dominadora não aceita este nível de promiscuidade. E como tal, foi necessário encontrar outra solução que ultrapassasse o Tratado de Lisboa e a própria Alemanha, daí a negociata com o FMI.
A imoralidade em todo este processo é cada vez mais evidente. A razão pelo qual o Tratado proíbe a emissão de moeda para salvar dívidas de países tem a ver, por um lado, com a tentativa de disciplinar os políticos nos seus orçamentos, e por outro evitar as consequências nefastas que ocorrem na economia quando se imprime moeda para liquidar dívidas.
Todos sabemos que os políticos não cumpriram o primeiro objectivo (orçamentos equilibrados), e resta saber quanto mais tempo irão demorar até não cumprir o segundo objectivo (não imprimir moeda). Não fosse a "teimosia" da Alemanha e o segundo objectivo há muitos meses que já estaria também no caixote do lixo. E para apimentar todo este processo, são praticamente os mesmos políticos que aprovaram o Tratado de Lisboa e que falharam o primeiro e o segundo objectivos.
É ridículo ver todo este teatro em volta do BCE percebendo que os prevaricadores e os que se tentam salvar são exactamente os mesmos indivíduos. Políticas erradas acumulam com novas políticas erradas. Não havendo capacidade de executar reformas que corrijam erros do passado perpetuamos o ciclo de asneiras até eclodir uma nova guerra que limpe todo o sistema. Agora já vamos percebendo porque é que as grandes guerras ocorrem entre países de tempos a tempos.
Este tipo de esquemas não resultam porque os problemas não irão desaparecer por magia, estas pseudo-soluções apenas compram algum tempo, e no entretanto as dívidas de todos os países vão-se agravando a cada minuto que passa.
E para confirmar que tudo isto não passa de um gigante tigre de papel, segundo uma notícia da edição online do Jornal de Negócios, hoje de madrugada os grandes bancos europeus viram o seu financiamento travado, refugiando-se nos empréstimos do BCE.
Talvez tenha sido esta nova seca de liquidez no mercado interbancário nocturno que exigiu aos "plantadores" de notícias elaborarem mais uma
Numa semana assistimos a 2 "plantações" de notícias e 1 notícia real pelo meio com intervalos de 2 dias. No Domingo o diário italiano La Stampa dava o mote: o FMI será o salvador da Europa, sem revelar as suas fontes e sem revelar como é que os EUA aprovariam tal operação!!; na quarta-feira os grandes bancos centrais mundiais juntam-se para facilitar a concessão de empréstimos em dólares a instituições sedentas dessa moeda; e hoje temos a 2ª "plantação" com o BCE a contornar o flanco do Tratado de Lisboa, usando o FMI para dançar o tango.
Adjectivos para quê?
Tiago Mestre
1 de dezembro de 2011
Mais um documento importante sobre um investidor de referência: Kyle Bass
Caros leitores e leitoras, ainda há gente da alta finança que tenta perceber o cenário macroeconómico e no fundo tenta compreender como as coisas se desenvolverão daqui para a frente. Kyle Bass é um investidor que tem ultimamente sido objecto de alguma atenção mediática, na medida em que os seus estudos sobre os mercados financeiros revelaram-se certeiros e por isso mesmo goza hoje de uma respeitabilidade fora do normal.
Publicámos aqui no Contas há uns dias uma entrevista que Kyle Bass concedeu ao programa "Hardtalk" do canal britânico BBC World News.
A sua análise sobre os mercados das dívidas soberanas é para nós aqui no Contas já hoje uma referência e também um barómetro do grau de severidade de algumas dívidas soberanas que ainda não foram despejadas pelos investidores, mas que estão na iminência de o ser.
Em jeito de síntese, Kyle Bass refere alguns indicadores que podem servir de referência para o grau de severidade da dívida soberana de um país, a saber:
1. Quando o Estado gasta mais de 10% das suas receitas em juros da dívida;
2. Quando o Estado acumula uma dívida que é 5 vezes superior às suas receitas
Portugal não cumpre o primeiro indicador mas salva-se do segundo indicador:
Publicámos aqui no Contas há uns dias uma entrevista que Kyle Bass concedeu ao programa "Hardtalk" do canal britânico BBC World News.
A sua análise sobre os mercados das dívidas soberanas é para nós aqui no Contas já hoje uma referência e também um barómetro do grau de severidade de algumas dívidas soberanas que ainda não foram despejadas pelos investidores, mas que estão na iminência de o ser.
Em jeito de síntese, Kyle Bass refere alguns indicadores que podem servir de referência para o grau de severidade da dívida soberana de um país, a saber:
1. Quando o Estado gasta mais de 10% das suas receitas em juros da dívida;
2. Quando o Estado acumula uma dívida que é 5 vezes superior às suas receitas
Portugal não cumpre o primeiro indicador mas salva-se do segundo indicador:
Tem receitas de 65 mil milhões euros, gasta 8,5 mil milhões em juros da dívida e tem uma dívida acumulada de 170 mil milhões.
No documento também se refere ao falhado EFSF europeu, ao recente rumor que o FMI tem um pacote preparado para ajudar a Itália e a outros assuntos também essenciais para se compreender o atoleiro em que estamos metidos.
http://pt.scribd.com/doc/74335711/Hayman-Nov2011
Tiago Mestre
No documento também se refere ao falhado EFSF europeu, ao recente rumor que o FMI tem um pacote preparado para ajudar a Itália e a outros assuntos também essenciais para se compreender o atoleiro em que estamos metidos.
http://pt.scribd.com/doc/74335711/Hayman-Nov2011
Tiago Mestre
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