22 de maio de 2012

Tergiversações portuguesas...

Se há 1 ano a trajetória era insustentável, e o endividamento irresponsável a causa de todos os males, desde aí que já fomos e viemos à austeridade, estando nós agora na fase da necessidade de crescimento e de emprego, que por outras palavras também se pode dizer "endividamento irresponsável".

Há 1 ano a dívida era o tumor, o alvo a abater, e porquê? Porque era a consequência de muita irresponsabilidade, muita asneira, muita gordura que não servia para nada e que confiscava os contribuintes.

Ok, então vamos lá cortar no que está mal para ver se o défice cai e se a dívida pára de crescer.
Ganhou o PSD e a festa começou. Percebeu-se que gorduras e rendas chorudas era coisa que pelos vistos não existia em quantidade suficiente para baixar o défice. Foi necessário cortar aonde? Nos salários, pensões e subsídios.

Com estes cortes o inevitável aconteceu: a procura interna baixou, o consumo diminuiu, o PIB entrou em recessão e o desemprego, essa calamidade social, galopou. Todos os economistas que eram fervorosos adeptos dos cortes nas gorduras e do abaixamento do défice perceberam as reais consequências dessa política e entretanto "tiveram" que mudar de opinião:
Até querem que se cumpra o programa da troika para que venha o dinheirinho, mas agora também querem que a troika saiba que eles também querem crescimento. Desesperamos por crescimento económico.

Com este pequeno resumo percebemos a qualidade, não só técnica, mas também moral, dos economistas da nossa praça. É ao sabor do vento que as suas opiniões voam. As palavras são de circunstância e as ideias trocam-se consoante os dados económicos disponíveis.

É preciso malhar em alguém dizendo que algo está mal. Sócrates foi um perfeito bode expiatório pela sua irresponsabilidade. A Troika substituiu Sócrates e é agora acusada de ser demasiado responsável, ou seja, quer cumprir a austeridade que assumiu.

Mas já toda a gente quer aliviar as metas da troika. Por favor, não nos atirem com mais austeridade que agente não aguenta. Vejam lá o crescimento, por amor de Deus!

Com esta incoerência percebe-se quão difícil é arranjar gente que nos ilumine e que nos esclareça. A opinião pública e os portugueses perdem muito com estas variações mensais de opinião e como ninguém sabe o que nos espera, passámos a ser umas "baratas tontas". Ninguém sabe se o que está a fazer é bem ou mal feito. Sobrevive-se na esperança de conquistar mais um dia com vida sem perceber as reais consequências dos atos, tanto em nós como nos outros.

De opinião em opinião enterramo-nos um pouquinho mais.

Como é urgente preparar as pessoas para o que aí vem.

Tiago Mestre

1 comentário:

Vivendi disse...

Foram anos e anos de brincadeira.

O estrondo foi grande.

Agora choram.

E ainda pedem uma democracia participativa. Mais democracia.

Um povo que não tem um mínimo de bases para entender como as coisas são.