6 de maio de 2012

COM ESTA EUROPA, EIS UMA SUGESTÃO PARA A ALEMANHA

Caros leitores e leitoras, em menos de 1 ano passámos da política alemã de imposição de austeridade ao continente europeu para a necessidade premente de gastar para "promover" crescimento. Já discutimos aqui e aqui esta questão da austeridade vs crescimento, pelo que não vamos tão cedo refrescar os argumentos.

O que é importante é esta nova vaga de relutância política às ideias alemãs e como reagirá a Alemanha em função desta nova realidade.

Então vejamos:

- Romano Prodi sugere a criação de um eixo francês, italiano e espanhol para combater a austeridade alemã.

- François Hollande sugere políticas expansionistas e uma certa renúncia velada à austeridade.

- Mario Monti sugere em Itália que todo o endividamento que serve para pagar dívida já existente e novo investimento não deve ser contabilizado no cálculo da dívida pública.

- Mariano Rajoy sugere em Espanha que os ativos tóxicos dos bancos espanhóis sejam canalizados para um banco "mau", limpando o balanço dos bancos e entregando à sorte desse banco "mau" a necessidade de financiar todos esses ativos que são acima de tudo um grande, grande passivo. Sobrará para o BCE e/ou para os cidadãos espanhóis o financiamento deste banco "mau", resultado de todas as asneiras que a banca e o setor privado imobiliário promoveram durante anos.

- Na Grécia, 60% dos deputados eleitos pertencem a partidos que estão contra o pacote de austeridade que a Alemanha exigiu para assinar mais uma livrança de 130 mil milhões de euros.

Basicamente, está tudo a querer aldrabar as regras "à força toda".
A verdade há muito que foi enterrada e hoje luta-se pela sobrevivência, custe o que custar, pisando o que for preciso e quebrando relações de confiança e lealdade para salvar o já.

A moralidade nas relações, bem, essa então já nem se fala, e será precisamente a falta de moralidade associada a um declínio económico generalizado que trará ao de cima os mais degradantes comportamentos políticos e as grandes fissuras do edifício União Europeia.

A super-lógica organizadora alemã não compreenderá estes comportamentos titubeantes e absolutamente incompatíveis com o que foi acordado e assinado ao longo das várias cimeiras europeias dos últimos 2 anos. Eles irão reagir e ameaçarão com a saída do Euro. A Europa tremerá perante tal cenário, e voltará atrás no minuto seguinte, mas o processo continuará a degradar-se até à podridão final.

À Alemanha sugerimos o seguinte:

QUE SAIA JÁ HOJE DO PROJETO DA UE,
BASEANDO-SE NA RENÚNCIA QUE OS OUTROS PAÍSES ESTÃO A QUERER COMETER PARA COM A POLÍTICA DE AUSTERIDADE !!

Os alemães não conseguirão por um lado aguentar por muito mais tempo esta falta de lógica e de compromisso, e por outro, continuar a passar as livranças bancárias para que, políticos de outros países, ganhem eleições dizendo que não concordam com a austeridade proposta pelos alemães.

É demasiado surreal, e impossível de compreender para as suas mentes estreitas por natureza.

O divórcio só é doloroso até se consumar, depois disso, uma nova vida se abre no horizonte.
QUE NÃO SEJA TARDE DEMAIS!

Bastaria a Alemanha sair do Euro para que o fantasma da hiper-inflação se tornasse uma realidade insofismável. Ninguém no mundo quererá ter Euros na sua posse se a Alemanha sair do projeto.
Os 3 triliões de euros impressos pelo BCE nos últimos 2 anos, que em nada consubstanciam a atividade económica europeia, entrariam no mercado de um dia para o outro.

Como isto nos faz lembrar as políticas expansionistas da Alemanha na década de 20 do século passado:
Também eles achavam que a impressão de dinheiro serviria os interesses da Alemanha, tornando o marco alemão mais fraco face à libra e ao dólar, e com isso o potentado industrial alemão, glória da economia, exportaria máquinas e tudo quanto mexe para os EUA, Inglaterra e resto do mundo.
Infelizmente, a realidade prolongou a recessão nos EUA e na Inglaterra um pouco mais do que se esperaria, e lá se foi o sonho alemão. Marcos e máquinas ficaram todinhos em solo alemão sem escoamento à vista. O resto é história:



Tiago Mestre

3 comentários:

Filipe Silva disse...

Boas Tiago

Vou confidenciar, estou com algum receio do futuro, tenho a perspectiva que o Euro irá implodir e a UE se desagregar.
Mas a grande maioria das pessoas diz que sou maluco.

Desliguei me de ver TV dado que é 99% do tempo a falar em crescimento e da forma de lá chegar, mais do mesmo, mais divida, mais estado , mais regulamentação, menos liberdade.

Estava a ficar mais alterado do que normalmente,é que isto de se ver um acidente e não se poder fazer nada para o evitar é complicado.

Mas a Alemanha vista como o grande demónio (não está livre de culpa, porque não permite a falência dos bancos) e os amantes do crescimento os paladinos da salvação já chateia.

Tiago Mestre disse...

Filipe, como eu te compreendo.
Acho que estás a passar por aquela fase psicológica em que a "vertigem" se nos apodera. Já percebemos a grande mentira, vemos o comboio a ganhar velocidade e... nada! Todos a fingir que está tudo bem.
Esse é o preço a pagar por já teres distinguido a verdade da mentira.

Já passei por essa fase e o que é preciso é ... tempo!

A fase seguinte tornar-te-á alguém emocionalmente esclarecido e que já relativiza os acontecimentos.

Deixas de ter receio em aceitar o cenário político mais radical, aquele que trará mais dor à sociedade no imediato, mas que permite terminar esta farsa.

Em certa medida até desejas que se concretize asap.

Perdoa-me a ousadia, mas julgo saber do que estou a falar...

Isto é o que acontece àqueles que não conseguem viver numa mentirocracia.

Vivendi disse...

A Alemanha só está à espera de ver quem perde a cabeça primeiro.

Mas vai acontecer.

Hollande que tome conta da Grécia com as suas ideias.