Espanha já não terá que cumprir 4,4% de défice público para 2012, conforme estava acordado. Rajoy "pediu" à UE que concedesse uma folga para que o défice seja de 5,8%. A UE percebeu a situação mas "pediu" à Espanha que afinal baixasse para 5,3%.
Ou seja, passa de 4,4% para 5,3%: uma diferença de 0,9% do PIB, ou aproximadamente 9 mil milhões de euros de diferença.
Este tipo de decisões são uma constante na UE. Nesta insane vontade de manter a coesão a tudo o custo, tem que ceder e declarar exceções para tudo e para todos.
Salva-se o dia de hoje, mas prejudica o dia de manhã. Sem argumentos para o futuro, a UE terá que autorizar aos outros países (caso o queiram) aquilo que autorizou a Espanha. E assim os desequilíbrios adensam-se, a moralidade perde-se e a autoridade passa a ser uma anedota. Aliás, a UE só conseguiu exercer alguma autoridade quando os países ficaram sem financiamento, na medida em que violaram sistematicamente os acordos de Maastricht e as regras básicas de responsabilidade orçamental, não tendo outra alternativa senão estenderem a mão à UE e à Alemanha.
Esta é a verdade da política da UE: gente que comete erros na conceção, sem coragem para reformar nem para defender princípios morais e éticos, persistindo em "resolver" erros com mais erros e trazendo cada vez mais incerteza às populações e ao regime democrático. MORAL HAZARD, meus caros.
Tiago Mestre
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