21 de março de 2012

É POR ISTO QUE OS ECONOMISTAS JÁ NÃO SERVEM PARA EXPLICAR A REALIDADE ECONÓMICA E SOCIAL DE PORTUGAL

Hoje, o estado português endividou-se no mercado em mais 1992 milhões de euros com maturidade a 1 ano.

A taxa de juro desceu de 4,9% na última emissão para 3,6% na emissão de hoje com a mesma maturidade.

A opinião de Filipe Silva, do Banco Carregosa, é peremptória:
“São definitivamente boas notícias para Portugal: as taxas desceram de forma muito significativa o que revela que a percepção do risco sobre Portugal está a reduzir-se e bem”

Os economistas deveriam perceber que quem não aprende com os erros do passado está condenado a repeti-los no futuro. A afirmação não é nossa, mas a sabedoria subjacente à mesma merece o nosso maior apreço.

PORTUGAL ENTROU NESTA ESPIRAL DE ENDIVIDAMENTO PORQUE OS INVESTIDORES ACREDITARAM QUE A NOSSA DÍVIDA ERA SUSTENTÁVEL E PAGÁVEL.
EM 2011 DEIXARAM DE ACREDITAR, MAS COM O PATROCÍNIO DO BCE, DA UE E DA TROIKA, VOLTARAM A ACREDITAR EM 2012!

É isto que políticos e economistas querem ouvir e reafirmar até à náusea! Surreal.

Mas:
A dívida pública "declarada" é já superior à riqueza que Portugal produz num ano inteiro.
O Estado ocupa mais de 50% de toda a economia nacional, quando em 1975 não excedia os 15%.

Que mais é preciso para convencer economistas e políticos que a dívida é insustentável e que pedir dinheiro emprestado é como um veneno que estamos a importar?

Bastará aos investidores "soltar a rédea" para que os políticos e a população em geral tornem logo a endividarem-se sem regra. E é exatamente isto que não pode acontecer. A história portuguesa tem revelado que estas políticas são insustentáveis e que as políticas opostas é que promovem saúde financeira e economia mais próspera.

Tiago Mestre

2 comentários:

Filipe Silva disse...

Boa noite Tiago

Nem todos os Economistas partilham destas opiniões, sendo Eu um licenciado em Economia não partilho do optimismo evidenciado hoje pelos principais analistas.

Não é com estas maturidades que se testa os "mercados", dado que a sua maturidade está dentro do programa de ajuda externa, logo os empréstimos estão assegurados, só com maturidades mais elevadas é que se terá uma verdadeira percepção de como os "mercados" nos encaram.

A dívida actual é insustentável, não criamos riqueza suficiente para sustentar o tipo de sociedade que temos e muito menos para pagar a divida.

Como mencionam e muito bem, o Peso do Estado hoje já é superior a 50%, estamos mais perto de uma economia comunista do que capitalista.

As ideias da corrente dominante em Portugal, só nos levaram há desgraça, o continuo despesismo do estado, o cada vez mais crescente estado de dependência do estado (seja empresas sejam as pessoas)vai levar a uma implosão do País mais cedo ou mais tarde.

O que deveria ser feito em Portugal é simplesmente tornar o país uma verdadeira economia de mercado, acabando com a corrupção e o privilégio dado a determinados grupos económicos, e cortando com a dependência mental da sociedade do Estado, isto é, sempre que acontece uma desgraça, uma empresa fecha, etc... as pessoas Vêm logo a correr à praça clamar por uma intervenção do estado.

Mas sinceramente isto pouco adiantará, o problema de Portugal e do mundo ocidental só se resolverá quando o Sistema monetário internacional for alterado, e retirando o poder aos banqueiros e eliminando a corrupção que existe nos mercados financeiros, o resto é conversa

Tiago Mestre disse...

Filipe, obrigado pela contribuição.

Se os economistas quiserem ter um papel de relevo na condução da economia, das finanças e da opinião pública devem perceber que a nossa cultura é mais propícia a usar o crédito como forma de obter poder de compra e esquecer a dívida que fica para pagar. Talvez o resto do mundo não seja muito diferente, mas com os portugueses é assim, há que reconhecê-lo e desenvolver políticas que evitem cairmos nesta ratoeira. Apenas no período do Estado Novo houve a capacidade de perceber este fenómeno e a resposta foi a liquidação da dívida o mais possível, mesmo com uma guerra para se financiar que durou 13 anos.

Todos sabemos que o hype do momento é a restauração da confiança dos mercados sobre a nossa dívida, e qualquer sinal nesse sentido é bom para Portugal!! É esta sabedoria convencional de salvar o dia de hoje e logo se vê o de amanhã que me impressiona pela negativa e que nos tem levado a bater com a cabeça de parede em parede...

Precisamos de sociólogos, filósofos e historiadores que nos digam o que somos e o que não somos enquanto sociedade e cultura. Só assim conseguiremos evitar a tempo armadilhas que nos são diariamente montadas, nomeadamente vindas de Bruxelas. Descobri esta necessidade de nos conhecermos melhor com os escritos de Agostinho da Silva.

Partilho das tuas preocupações e estou de acordo com a análise que fazes do nosso estado pesado e quase comunista/fascista

Tiago