Caros leitores, a seca que Portugal atravessa terá efeitos irreversíveis na produção de cereais.
Se a produção diminui, pressupõe-se que o preço irá aumentar, mesmo com um consumo estagnado ou até em recessão. Infelizmente este pressuposto não é verdade, prejudicando duplamente os produtores. Porquê?
Portugal importa grandes quantidades de cereais todos os anos, e portanto uma quebra na produção nacional não é suficiente para alterar a estrutura de preços. Como já dependemos muito do exterior (mais de 70%), uma quebra de 50% na produção nacional equivalerá a uma redução na oferta ao consumidor de 15%. O défice na produção portuguesa será facilmente neutralizado em aquisições adicionais ao estrangeiro. E como esse acréscimo de aquisições ao estrangeiro é irrisório no contexto de produção mundial, os preços manter-se-ão sem oscilações significativas.
Quem fica a perder são os produtores, que ao verem a produção cair, não vêem os custos a cair proporcionalmente, e com o preço de venda a não subir, ficam duplamente penalizados.
Estas não são boas notícias para os produtores de cereais de Verão (milho) e de Inverno (trigo e aveia).
Menos agricultura significa mais importações. Mais importações significam agravamento da balança comercial e maior esforço pedido às exportações. São Pedro não nos está a ajudar!
Tiago Mestre
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