21 de outubro de 2011

Os novos funcionários públicos portugueses

Caros leitores e leitoras, é caso para dizer que aquilo que nos espera no futuro merece uma análise cuidada no presente. Existe um balão de ensaio, que se chama Grécia. Descontando para já os confrontos, que o Contas tem dificuldade em perceber em que é que isso se reflecte na sociedade e na democracia gregas, os cortes que a Parlamento grego tem feito sucessivamente nos salários dos gregos é uma antecâmara do que nos irá acontecer num futuro breve. Aliás todos os leitores do Contas que estejam casados ou juntos com outro funcionário público, alertamos o seguinte:

Os recentes cortes nos subsídios que foram anunciados pelo governo, mas que estão a ser muito criticados pelas elites deste país, não serão de carácter temporário, como foi anunciado. Estes cortes em 2013 serão substituídos, ou por despedimentos em massa ou por redução dos salários. Paralelamente, e porque as contas públicas não atingirão um equilíbrio tão cedo, mais cortes na máquina pública se antevêem. Novos aumentos de impostos não trarão a receita desejada porque, como já explicámos no Contas várias vezes, esta retenção na fonte anulará futuras receitas, e portanto a eficácia tenderá para zero. O problema terá que ser novamente equacionado mais à frente. O corte nas despesas é a única via, e os custos com pessoal, pensionistas e subsídios à população são a grande fatia que terá que ser reduzida para que o Estado consiga verdadeiramente encolher. 

Se hoje uma família com 2 funcionários públicos possui um rendimento médio anual de 30 mil euros, por exemplo, para o ano terá uma redução líquida de 4300 euros. Se tiver filhos e despesas com estes, as deduções em IRS também serão reduzidas, e deverá contar com mais uma redução de 1000 euros, pelo menos (neste caso não fizemos contas pelo nosso desconhecimento das novas regras de deduções).
Para 2014, ou até talvez já em 2013 poderão contar com novos cortes nos salários, eventualmente mais 20%, depende sempre da classe política e dos acordos firmados. Uma redução de mais 20% retirará mais 5 mil euros ao rendimento anual, que fora em 2010 de 30 mil euros e será em 2014 de 20 mil euros, uma redução de 10 mil euros num espaço de 3 anos.
Do lado dos impostos, todos os bens e serviços indispensáveis à população, alimentação e energia, crescerão muitíssimo acima da inflação, e poderemos antever mais um corte de várias centenas de euros por ano no poder de compra das populações. A própria inflação não baixará devido às políticas do BCE e da Reserva Federal de expansão monetária, e portanto o poder de compra mais encolhido estará. O futuro continuará a trazer surpresas muito desagradáveis e o cenário piorará muito mais quando os mecanismos que a UE tem utilizado para manter os países levitados deixar de ser credível pelos investidores internacionais. Para quem já está lúcido o suficiente para aceitar estes cortes, deve-se preparar imediatamente, reduzindo todas as despesas mensais em pelo menos 40% a 50%, e se não for possível (o que é mais do que natural) angariar toda a receita que conseguir e investir em terreno, em metais preciosos, em bens essenciais e iniciar uma alteração de estilo de vida, menos dependente das manobras e manipulações a que continuaremos a ser alvo no futuro próximo. Sempre que produzirmos bens de agricultura e outros para benefício próprio estamos a importar menos, ajudando no crescimento do PIB e na balança comercial de Portugal com o exterior.



Tiago Mestre

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