Certo. Nada contra.
Mas PPC esquece-se que não é ele que paga as dívidas do Estado português. São os portugueses. Não é ele o fiador das dívidas, mas sim o povo. É verdade que é o Estado Português que emite dívida, mas este só o faz porque tem 10 milhões de parolos que assinam de cruz e não pedem contas. Aliás, o que pedem é ainda mais dívida, porque a austeridade pela redução da despesa é chata, inconstitucional e mata.
Que PPC se tenha endividado para comprar casa em Massamá é assunto do próprio que realmente não me diz respeito. Se permitiu que a empresa Tecnoforma se endividasse e agora tem que responder na qualidade de administrador por dívidas delinquentes também não me diz respeito.
Mas as dívidas do Estado são de natureza jurídica diferente e de montantes ainda mais distintos.
Pagar 8 mil milhões em juros num valor global de receita que oscila entre os 60 e os 70 mil, dependendo das receitas extraordinárias que há vários anos compõem o ramalhete, representa mais de 12% do que se recebe. Parece-me insustentável.
E se olharmos para o stock de dívida, este ascende já a 200 mil milhões para um PIB de 166 mil milhões. Aqui o caso ainda é pior.
Se liquidássemos em 2013 os juros desse ano e 10% da dívida, teríamos que sacar quase 30 mil milhões aos magros 60 mil milhões de receita ordinária. Representaria 50%. Game Over. O sistema só continua porque veio a troika que nos enterra mais no futuro mas ainda salvaguarda o presente indispensável.
Objetivamente, a dívida não se conseguirá pagar porque não há energia acumulada, nem no privado e muito menos no público, para servir de reserva a este monstro financeiro. Ele cresceu demais e agora já não consegue sair da sala. Terá que lhe ser ministrada uma injeção letal, retalhá-lo aos bocadinhos e levá-lo em caixotes para o lixo.
Não é uma questão de ética ou de respeito pelos credores, que obviamente merecem todo o nosso respeito, bem, se calhar nem todos, mas antes uma análise matemática tão objetiva quanto possível.
A Raça de homens que cumpre os seus compromissos não costuma empilhar dívida, evita-a em primeiro lugar, e só recorre a ela em última instância.
Tiago Mestre
4 comentários:
Ainda gostaria que me explicassem como é possível pagar dívidas num sistema de reservas fracionárias e dinheiro criado a partir do nada.
Simplesmente não é e principalmente nos valores mais altos. Chega sempre a altura do confronto com a economia real.
Estimado Tiago, PPC diz que é homem que paga as dívidas! Eu sei que nós sabemos que PPC sabe que toda a gente sabe que a dívida Portuguesa é impagável. No entanto, responsabilizar PPC por empilhar dívida, não é nem justo, mem intelectualmente correcto. PPC é só o "nosso" Gestor de Insolvência (ou deveria dizer Liquidação). Da forma como isto vai, nem adianta estrebuchar muito!
Parece-me que estás a garantir certos "direitos, liberdades e garantias" ao PPC que são exageradas.
Se PPC é Gestor de Insolvência como sugeres, deve-se comportar como tal, ou seja, analisar o ativo, o passivo, o capital próprio, a hierarquia dos credores e iniciar os leilões. Ainda está longe disso. Para ele, é a raça que conta
Ele está a fazer-nos crer que toda aquela dívida é pagável (é de rir) e que sendo ele hoje o homem do governo, é ele próprio (e não eu) que assume essa responsabilidade de pagar a dívida do Estado que foi empilhada por outros, e daqui a um ano ou dois, também por ele, mas essa parte é o futuro e ainda não quero "entalá-lo".
Eu acho que ele ao dizer aquilo está a dar um autêntico tiro no pé. Não sou eu que o responsabilizo pela dívida empilhada, é ele mesmo que coloca essa carga nas costas e diz que tem que a transportar, custe o que custar, mas tendo os contribuintes parolos a alombar e ele só a dirigir, claro.
Em termos de comunicação e assunção de responsabilidades, o homem parece estar perdido
Compreendo o que dizes, e também sei que ele (PPc) nos anda a enganar... até porque se disser a verdade, cai o Governo na semana seguinte(são os custos da democracia)! Como exemplo, lembremos-nos do que aconteceu a Durão Barroso, quando num debate da Assembleia da República, se descaíu e disse que Portugal estava de tanga (que aliás, se veio a comprovar que era verdade)... o seu governo ficou fragilizado, e acabou por fugir para a Comissão Europeia, abrindo caminho a que Sócrates tivesse maioria absoluta nas eleições seguintes!
É preciso ter cuidado com o que se deseja... o bom é inimigo do óptimo. E para pior,...
No entanto, e comparando PPC e a sua trupe não com o ideal mas, com a alternativa que se afigura (muito provavelmente um Governo minoritário PS liderado por AJ Seguro), prefiro que fique como está.
PPC está neste momento (assim como Rajoy, Holande Monti e Samaras) à espera dos poderes ocultos dos abastados da Europa, para que resolvam o Problema, se necessário por artes mágicas!
Como sabes, já pouco se decide em Portugal. nos corredores de bruxelas, os Constancios e Barrosos da Europa - esses seres competentissímos que tivemos o previlégio de ter em Portugal- estão já sem saber o que fazer! As taxas de juro, abaixo de zero... quantitive easing a todo o vapor... não têm mais cartas na manga!
É tambem preciso notar que, muita da dívida que PPC anda a empilhar, é consequência dos compromissos assumidos por Governos anteriores. A máquina do Estado é gigantesca, e não para de aumentar. Como a máquina está aos trambolhoes pela ravina abaixo, não será PPC a travar o desastre. As despesas de todos nós - contribuintes líquidos do Orçamento de Estado são as receitas de muitos (e não me refiro só às PPP's), e o corte não pode ser protagonizado por um governo deste tipo!
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