Pelas evidências expostas nos textos que temos vindo a publicar nos últimos 4 meses, é importante ter a capacidade e a liberdade de consciência para fazermos a pergunta a nós próprios:
E agora? Que soluções teremos? Como será o nosso futuro nos próximos 20 anos?
Já não restam muitas dúvidas que este modelo de exploração intensiva mundial dos recursos energéticos, materiais e financeiros está em declínio, e com o que isso implica, a globalização também está ameaçada, ou seja, a troca de bens, serviços e pessoas pelo planeta será fortemente restringida.
A globalização acabou por transformar os países ao longo destas últimas 5 décadas, uns mais do que outros, ou em produtores de bens à escala mundial (com balança comercial positiva – exportam mais do que importam), ou em consumidores (balança comercial negativa).
No plano financeiro a mesma situação, uns países tornaram-se credores, e outros endividaram-se, pedindo emprestado a esses mesmos credores.
Portugal, sob esta perspectiva, ficou na posição mais frágil e dependente: importa muito mais do que exporta e para obter essas mesmas importações (algumas delas são alimentos e bens de primeira necessidade), endivida-se no exterior por incapacidade de gerar capital internamente. Esta espiral de endividamento e dependência externa será, mais cedo ou mais tarde, forçosamente rompida.
É no meio destas movimentações à escala mundial que deveremos questionar: Como será a vida dos portugueses e de Portugal?
Segundo a nossa perspectiva, seremos forçosamente obrigados a obter meios de subsistência locais ou regionais, que até agora têm sido assegurados pela globalização da economia, nomeadamente a alimentação, o vestuário, materiais de construção, energia eléctrica, térmica e a movimentação de bens e pessoas.
Todos estes avanços tecnológicos que permitiram a era da globalização nas últimas cinco décadas proporcionaram uma evolução notável nos países desenvolvidos no século passado e nos países em vias de desenvolvimento mais recentemente. Contudo, é um modelo de desenvolvimento que requer muita energia e barata.
O paradigma da energia barata e abundante já vai sendo coisa do passado, contudo os países requerem cada vez maiores quantidades de energia para que possam crescer economicamente. O que será verdade é que o crescimento económico só já estará reservado a alguns países e num período de tempo finito, sobretudo aqueles que possuem independência energética e alimentar. A maioria das economias mundiais verão o crescimento estagnar ou até mesmo regredir, sem meios para poder voltar a crescer a taxas de 2% ou mais.
O petróleo, matéria prima que permitiu pôr a globalização em marcha no início do século XX, foi descoberto em grandes quantidades, pela última vez, na década de 60. Desde essa altura que estamos a consumir das reservas existentes, exigindo todos os anos mais milhões de barris aos países produtores, com excepção do ano de 2009 em que houve uma recessão generalizada nos países ocidentais. Não se encontraram novas reservas nas últimas 4 décadas, à excepção do Mar de Brent (que já entrou em declínio de produção há muitos anos) e mais recentemente no Brasil, que garantam a substituição das existentes quando estas se esgotarem e que confiram capacidade para o crescimento do consumo no futuro.
O mundo terá que sobreviver com menos petróleo, menos energia, e menos capital financeiro. Isso significará uma redução na complexidade das sociedades avançadas, obrigando-as a redefinirem o seu modelo de desenvolvimento. A produção e o consumo de bens e serviços terão um carácter muito mais local, já que o factor distância irá encarecer o bem.
No próximo post iremos transmitir as nossas ideias acerca das soluções que poderão estar ao nosso alcance para que consigamos ultrapassar o desafio que se nos impõe num futuro próximo.
Equipa editorial "caseira"
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