Dando seguimento ao último post que lançámos neste blog, considero fundamental que a população portuguesa ganhe consciência colectiva das dificuldades com que se irá confrontar no futuro, e preparar-se o melhor possível para uma transição que, em função do grau de adaptação da população, será mais ou menos dolorosa.
Enumero abaixo as grandes transições que poderão vir a ocorrer num futuro próximo , sendo que algumas já estarão em marcha:
- Alteração nos hábitos de trabalho, tendo em conta a necessidade de transferir populações para regiões menos habitadas e mais férteis, onde terão que trabalhar de acordo com as vicissitudes locais;
- Alteração nos hábitos alimentares, já que a variedade de produtos será restringida, prevalecendo os de produção local;
- Restrições no acesso a bens e utilidades, na medida em que Portugal perdeu grande parte da sua força produtiva nas últimas décadas, sujeitando-se aos critérios precários da economia global e ao encarecimento do transporte de bens;
- Restrições na mobilidade a nível internacional, devido à subida do preço e escassez dos combustíveis nos mercados mundiais;
- Restrições no acesso a dinheiro e a capital, já que os portugueses terão que primeiro liquidar as dívidas contraídas no passado, não só nos sectores privado e familiar, como também no sector público. Veremos se haverá credores e capital no futuro para emprestar, mesmo que os portugueses se tornem um povo bastante responsável na gestão dos seus dinheiros;
- Restrições no acesso a energia eléctrica, pelo custo em manter a infra-estrutura existente, e o que virá a custar no futuro. Não seremos auto-suficientes em termos energéticos, mesmo com recurso massivo às energias renováveis, e portanto ficaremos dependentes de recursos fósseis e dos seus países de origem;
- Fortalecimento das comunidades locais: mais auto-suficientes e menos dependentes do exterior, com recurso a mais trocas directas de bens em detrimento da moeda como meio de pagamento;
- Alteração na tipologia de profissões: haverá mais trabalho no pequeno comércio, na agricultura e na pequena indústria de apoio à agricultura. Serão extintas muitas profissões que surgiram nos últimos 50 anos baseadas em serviços que não produzem directa ou indirectamente trabalho útil;
- Restrições na prestação de cuidados de saúde por falta de capital financeiro, obrigando a hábitos alimentares e de vida mais regrados;
- Aumento da insegurança nos meios urbanos, por motivo de escassez de dinheiro e de meios de subsistência pela população em geral.
Considero que estas serão as grandes tendências que irão ocorrer no futuro e que a todos nos afectarão, a uns mais do que outros.
Quanto mais cedo as pessoas se mentalizarem e se prepararem para estas novas realidades, mais fácil será a transição, e com maiores probabilidades de abrangência a uma parte significativa da população.
Tiago Mestre
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