15 de março de 2012

Eurostat confirma a nossa convicção de deflação nos salários em Portugal !

Caros leitores e leitoras, temos dado ênfase nas últimas semanas à ocorrência de um curioso duplo fenómeno:

Inflação bem acima dos 3% no preço dos bens e;
Deflação no preço do trabalho (salários)

Parece paradoxal que num país onde há menos dinheiro no bolso de cada cidadão, os preços dos bens não param de subir!

As razões para tal fenómeno já foram exploradas aqui, e para reforçar as nossas ideias temos o serviço de estatística europeia (Eurostat) a confirmar matematicamente este duplo cenário:

A 29 de Fevereiro publicou uma inflação para Portugal de Janeiro de 2012 face a Janeiro de 2011 de 3,4%;

A 15 de Março publicou os custos laborais. Em 2011, Portugal viu as contribuições salariais reduzirem 1,7%.

Cada português e cada portuguesa viram em 2011 uma redução estimada do poder de compra de 3,4% + 1,7% = 5,1%


Sobre os custos salariais terem descido, pouco há a fazer, na medida em que é uma consequência direta da economia que temos: mais pessoas a competir por menos emprego tem que resvalar em redução de salários e/ou aumento de desemprego - não há volta a dar!

Mas a inflação é outra história, na medida em que esta foi fortemente influenciada pelo aumento de impostos, uma decisão unilateral do governo para se desenrascar com a troika; e pela impressão de dinheiro à pressa e sem critério pelo BCE, que o entregou de bandeja aos banqueiros, tendo ido parar algum dele aos mercados reais e aos mercados de derivados onde se especula transacciona petróleo e outros bens essenciais à população.
O tuga que se aguente!

Tiago Mestre

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